30. Epilepsy

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Dallas:

Olhei incrédulo para Madson que estava na minha frente, ela não poderia ter falado isso

— Você está brincando né?

— Não — Ela sorriu divertida, olhando para a tela do celular com desdém

— Madson, você sabe que isso é uma aposta né? — Falei olhando para um garoto que tinha caído no chão ali perto

— Cameron querido, nós dois sabemos que isso não é mais uma aposta. A única coisa que eu quero é que você me leve ao baile, nem é tanto assim — Ela implorou, me fazendo revirar os olhos — Eu poderia pedir ou fazer coisas piores, você sabe

— Madson, presta atenção — Cheguei perto dela, colocando seus cabelos atrás da orelha — Ele é uma aposta, eu tenho que leva-lo ao baile porque eu quero muito essas tatuagens, mas depois... — Sorri pra ela, fazendo ela me olhar maliciosamente — Depois eu te fodo até você virar ao contrário

— Algumas tatuagens são mais importantes que eu? — Ela fez um biquinho, mas eu já sabia que ela iria concordar

— Claro que não, babe — Queria revirar os olhos, mas apenas tentei dar um sorriso que não parecesse falso. E ela pareceu satisfeita — Vamos voltar lá pra dentro?

— Não, eu já consegui o que eu queria — Ela sorriu e saiu de perto de mim, e eu suspirei aliviado, voltando pra dentro da casa, encontrando Matt do lado de Nash

— Está melhor? — Ouvi Nash murmurar pra ele, passando a mão em seu rosto. Revirei os olhos, me sentando ao seu lado, ignorando os dois e analisando as pessoas que ainda estavam na pista de dança

Respirei fundo, pensando nas palavras de Madson, eu sei que não deveria estar fazendo isso. Ela é uma vadia e fala muita bosta, mas eu não poderia não pensar sobre isso agora. Bufei irritado, socando o estofado, ela tinha razão

Nash e Matt me olharam assustados, mas eu não poderia me importar menos

— Me empresta seu carro? — Pedi

— Pra onde você vai? — Ele perguntou

— Embora

Ele acenou com a cabeça e me deu a chave. Fui em direção ao carro respirando pesadamente e batendo os pés no chão irritado. Entrei dentro dele e bati a porta com força, segurando o volante com mais força ainda, tentando não pisar forte no acelerador e matar algumas pessoas, se bem que não faria diferença alguns drogados a menos em Toronto

Não tive coragem de colocar uma música, o clima estava tão tenso que eu acho que não quebraria nem com alguma música animada da Taylor Swift

Estacionei o carro na porta de casa vendo que a porta estava aberta. Tentei fecha-la mas ela não fechou. Ela estava arrombada

Olhei pra sala e apenas avistei uma figura no chão, corri em sua direção, vendo minha mãe deitada lá inconsciente. Ergui meu olhar para ver se entendia o que estava acontecendo, mas não tinha nada fora do lugar, apenas ele. Ele estava ali

— O que você fez com ela? — Perguntei já com os olhos cheios de lágrimas

— Nada filho. Apenas tivemos uma discussão e ela teve uma crise

— E você não fez nada? Ela teve a porra de uma convulsão na sua frente e você ficou só olhando? Você tem o que? Droga na cabeça?

— O que foi? A culpa não é minha, eu achei engraçado

— Se ela morrer a culpa vai ser sua!

— Ela não é a única coisa que você precisa se preocupar agora Cameron, aquele seu namoradinho está pior — Encarei o rosto dele, pra checar se ali tinha qualquer sinal de que ele estava me zoando, mas não, ele apenas tinha um sorrisinho sarcástico no rosto

— Seu filho da puta! — Queria quebrar a cara dele ali mesmo, e quem sabe matá-lo, mas aí me lembrei de minha mãe no chão. A peguei no colo e levei em direção ao carro, a colocando delicadamente no bando de trás

— Isso não acabou, Cameron — Ele sorriu pra mim — Eu voltei filho, o papai voltou

~.~

Entrei no hospital as pressas com minha mãe nos braços, alguns enfermeiros me ajudaram a levar ela até a emergência

— O que ela teve?

— Convulsão

— Ela tem epilepsia?

— Sim — Meus olhos encheram de lágrimas novamente — E-Ela teve uma convulsão quando eu não estava em casa, aí quando eu cheguei ela estava jogada no chão inconsciente

— Entendo, entendo. Ela tem convulsões frequentes? — Ele disse e eu concordei com a cabeça enquanto preenchia a fixa — Numa escala de 5 a 10, sendo que cinco é uma vez no mês e 10 mais três vezes na semana, qual é a escala?

— 7 — Revirei os olhos para aquela pergunta idiota, ele só pode estar me zoando

— Okay. Qual o nome da paciente e do médico?

— Gina Dallas, o médico é o doutor Scott... — Bati na minha testa tentando me lembrar — Scott Lucas

— Okay, ela será encaminhada até a emergência e chamaremos o doutor Lucas, você só precisa ir na recepção e preencher uma ficha

— Eu posso preencher depois? Agora eu tenho outra emergência

— Desculpe senhor, mas precisa ser agora — Ele me encaminhou até a recepção onde a moça me entregou alguns papéis e eu preenchi escrevendo qualquer coisa

— Agora você só precisa assinar aqui neste asterisco e está liberado — A moça me entregou um último papel, e eu preenchi o campo em branco — Te ligaremos assim que ela estiver acordada — A moça da recepção sorriu e eu fui correndo em direção ao carro

O caminho inteiro eu fui criando teorias na minha cabeça do quê ele deve ter feito com o Shawn... E se ele o esfaqueou ou deu um tiro e ele não estiver mais vivo por perder muito sangue? Ou se ele raptou ele e levou pra outro lugar e isso é apenas uma armadilha

Estacionei na frente da casa dos Mendes e respirei fundo, checando as horas, 5:12. Subi na mesma árvore que tinha subido horas antes e fiz o mesmo trajeto até a sua janela

Abri cuidadosamente, entrando em seu quarto, que estava da mesma forma em que eu deixei. Tirando a parte em que Shawn não estava na cama. Ela estava vazia

Me desesperei e comecei a procurar ele debaixo da cama e dentro do armário, já com lágrimas nos olhos. Nada. Me sentei na cama, apoiando minhas mãos no rosto tentando prender o choro e tentar me acalmar pra pensar onde Bob pode ter o levado

— Cam? — Shawn perguntou da porta do quarto, fazendo eu levantar minha cabeça rapidamente, dando de cara com o castanho de seus olhos. Uma lágrima de felicidade escapou do meu olho, ele estava inteiro, vivo — Porque você está chorando?

— Meu pai não veio aqui?

— Seu pai? — Ele franziu as sobrancelhas — Não. Era pra ele ter vindo aqui?

Sorri e abracei ele com toda a força que podia

— Não, não era — Ele estava confuso, mas eu não me importava mais, Bob estava me testando

— Shh, para de chorar — Ele passou os dedos suavemente pelo meu rosto

— Eu pensei que ele tinha vindo aqui, e tivesse te matado, ou coisa assim — Ele franziu as sobrancelhas

— Por que ele faria isso?

— Ele quer me ver cair, igual ele caiu

— Você não pode deixar ele te atingir desse jeito, Cam. Ele está apenas te provocando, e você está deixando

Abaixei minha cabeça, eu estava fraco

— Fica comigo hoje? — Perguntei, ele ergueu minha cabeça, olhando nos meus olhos — Eu preciso de você

Eu vejo uma maratona vindo por aí...

O Filho do Pastor • Shameron VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora