9. Work

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Dallas:

— Acorda Cameron — Gina me sacudia freneticamente

— O que você quer? — Perguntei

— Cadê meus remédios? — Ela estava claramente alterada — Você não os guardou pra tomar todos juntos de novo não né?

— Não, Gina — Revirei os olhos — Devem tá dentro da sua gaveta

— Oh, certo. Obrigada

Ela saiu correndo do quarto e eu me levantei. Eram 6:13 da manhã

Minha mãe tomava alguns remédios de memória, alguns antidepressivos e anticoncepcionais. No dia que eu descobri que minha mãe se drogava eu peguei todos os seus remédios e os tomei de uma vez, quase tive uma overdose por misturar substâncias que não poderiam ser misturadas. Se não fosse por Nash, eu estaria morto, literalmente. Mas isso não vem ao caso, me levantei e fiz minha higiene, logo depois liguei pra Nash vir me buscar, após 20 minutos ele já estava na porta de casa, buzinando freneticamente

— Para com isso cara!

— Cadê seu carro? — Nash me ignorou completamente

— Não sei onde minha mãe colocou, e com certeza ela não se lembra, mas tarde eu vou procurar pela cidade

— De novo? Pensei que ela já tinha melhorado da memória

— Minha mãe anda bebendo e fumando muito, então meio que corta os efeitos dos remédios — Expliquei

— Ah, sinto muito bro — Sorri, entrando em seu carro

— Tudo bem, tem algum cigarro aí?

— Sempre — Nash sorriu — Tá dentro do porta-luvas, e vê se abra a janela não quero morrer intoxicado igual da outra vez

— Tá — Sorri colocando o cigarro entre os lábios o acendendo — Eu avancei com o Mendes

— Como assim?

— Ontem a gente saiu, duas vezes

— Sério? — Nash pareceu surpreso

— Sim babe, eu levei ele naquele morro onde a gente ficava

— Wow, estranho ele ter concordado em sair com você

— Ele não concordou — Eu e Nash rimos

— Tem um loirinho aí que eu tô afim também, só que ele também é crente e já é mais velho — Nash revirou os olhos — Quando ele me viu faltou colocar a mão na minha cabeça e expulsar o demônio que ele acha que tem dentro de mim — Eu gargalhei

— Sei como é isso — Sorri

— Chegamos — Nash disse, estacionando em uma vaga livre qualquer na frente da casa de Gabriel, eu saí do carro e apaguei meu cigarro na porta do mesmo

Mendes:

Acordei atrasado naquela manhã, ótimo, mais uma bronca

— Shawn querido, você está atrasado — Minha mãe me olhou preocupada

— Papai já saiu? — Perguntei eufórico

— Não, ele ainda está no escritório, saia antes que ele te veja — Ela sorriu pra mim, abrindo a porta

— Obrigado mamãe — Beijei sua bochecha

— Vai em paz meu filho — Ela falou baixo e fechou a porta

Fui correndo em direção a garagem de casa avistando o motorista de longe. Quando ele me viu voltou a sua posição de trabalho entrando no carro

— Escola? — Ele perguntou, sem me olhar

— Sim

• * • * • * •

Cameron não foi à escola hoje, será que aconteceu algo com ele? Mil teorias sobre o porquê de o garoto ter faltado passaram pela minha cabeça, ele pode ter matado aula, ou até mesmo ter ficado doente. Também tinha as piores: ter sofrido algum acidente, mas eu evitava pensar nisso, pra não ficar eufórico e querer checar se nada aconteceu realmente

— Shawn? — Stanley gritou pra mim enquanto eu andava pelo corredor da escola — O trabalho de hoje... Como vai ser?

— Ah é — Eu havia esquecido totalmente do trabalho — Onde você acha melhor?

— Na minha casa, se seu pai não se importar, claro

— Acho que ele vai se importar — Falo rindo — Pode ser lá em casa também

— Tudo bem então — Lucas concordou com a cabeça, me deixando sozinho no corredor, e então fui correndo pra próximo aula

Depois que o horário de aula acabou Stanley estava me esperando na porta do colégio, como planejado. Nos comprimentamos e ele me seguiu até o carro que já estava me esperando

A viajem até minha casa foi rápida e silenciosa, passei o caminho todo respondendo Niall e suas várias perguntas sobre minha escola nova. Stanley estava pensativo olhando para o vidro escuro do carro. Quando entramos na minha casa eu pude ver claramente os olhos surpresos dele analisando todos os detalhes de fora, e ele pareceu mais surpreso ainda quando entrou na sala. A minha casa era bem grande, pelo fato do meu pai ganhar bastante dinheiro com o que ele faz

— Sente-se aí e vai arrumando as coisas se puder. Vou pedir pra Dorothy preparar algum lanche para nós e pegar meu Notebook — Lucas apenas afirmou com a cabeça e eu me retirei

— Pai? — Perguntei, colocando a cabeça no pequeno espaço da porta já aberta — Trouxe um amigo da escola pra fazer um trabalho, não tem problema né?

— Não filho — Ele encostou-se na cadeira — Apenas fique de olho nele, não sabemos como são essas pessoas

— Tudo bem — Me retirei um pouco incomodado. Pensando em como meu pai pode falar aquilo de Stanley sem ao menos o ver — Dorothy? — A chamei na cozinha, vendo a pequena senhora parar o que estava fazendo para prestar atenção em mim

— Sim?

— Você pode fazer algum lanche pra mim, por favor? Trouxe um amigo da escola pra fazer um trabalho

— Claro — Ela sorriu, mostrando as pequenas rugas que tinha ao redor dos olhos

— Obrigado — Sorri e beijei sua bochecha

— De nada — Ela respondeu, abrindo a geladeira e pegando as coisas necessárias para fazer os sanduíches

• * • * • * •

— Voltei — Sorri para Stanley e o mesmo retribuiu, com seus dentes brancos e alinhados. Ele já havia arrumado tudo, o livro estava aberto na página certa e duas folhas de caderno estavam sobre a mesa, também tinha duas canetas azuis é uma vermelha marcando a página do livro secundário

— Vamos começar então — Lucas sorriu — Você faz o resumo do texto um e eu faço do dois e depois nós grapeamos. Tudo bem pra você?

— Certo — Coloquei a ponta da caneta sobre os lábios, mordendo levemente. Fazendo Stanley engolir em seco, malíciando a cena a sua frente — Precisa colocar o nome inteiro?

— Não, coloca só o sobrenome, e se quiser o número da chamada — Lucas ainda estava encarando os meus lábios que estavam em volta da caneta

Tirei a caneta da boca pra poder começar a escrever, tirando Stanley de seus pensamentos insanos

O Filho do Pastor • Shameron VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora