(Capítulo Revisado)
Enquanto as pessoas conversavam baixo ao meu redor eu fechava meus olhos na esperança de estar vivendo um pesadelo, talvez o pior deles.
O dia estava frio, chuvoso e negro como estava também meu coração. Queria sair dali e voltar no tempo, em dias de sol cujo brilho era radiante no céu azul, nos dias em que a minha vida tinha sentido. Onde poderia sentir outra vez, o toque doce das mãos a me envolver, onde tudo era perfeito.
- Querida! – Um desconhecido tocou em meu ombro me trazendo de volta à realidade – Eu sinto muito, tudo vai ficar bem. – Minha visão estava desfocada pelas lágrimas e eu apenas anui com minha cabeça.
" Não. Nada vai ficar bem. Meu mundo está despedaçado e vocês não sabem como isso dói. " pensei comigo mesma sufocada em minha própria dor.
Eu só queria acordar.
Respirei fundo, olhei a mulher de traços cansados sentada ao meu lado, e percebi que a dor dela era infinitamente maior que a minha porque perder um filho tão jovem, ia contra o percurso normal da vida. Nenhum pai ou mãe deveria enterrar um filho. Ela olhou em meus olhos e como se lesse meus pensamentos segurou firme umas das minhas mãos entre as suas e disse:
- A dor dilacera a nossa alma e parte nossos corações, mas estamos juntas... – Pude ver as lágrimas se formando em seus olhos.
Tentei sorrir para ela.
Instantes depois, meus olhos lentamente se voltaram para o caixão lacrado a minha frente e por um minuto fiquei observando as flores que estavam sobre ele e que ironia: cravos brancos. Sua voz invadiu meus pensamentos juntamente com minhas lembranças:
"- Amor, vou usar um cravo na lapela do meu paletó no dia do casamento só para te irritar!
-Você não faria isso, Bruno! É o nosso casamento e não um funeral! - exclamei irritada enquanto ele ria."
Levantei-me e a passos lentos me aproximei, meus olhos imediatamente foram invadidos pelas lágrimas. Inclinei-me, sobre o caixão encostando minha cabeça sobre a madeira e ali pousei meus lábios deixando um beijo demorado, mas em minha mente eu beijava seus lábios mais uma vez. Uma última vez.
- Não me deixe, amor...por favor. –Sussurrei. – Eu não quero ficar aqui sem você! Eu não posso. Você prometeu, que nunca ia me deixar. Volta para mim. Volta. - disse sendo sacudida pelos soluços de dor em meio as minhas lágrimas - Era para ser nosso casamento, não o seu funeral. Volta, Bruno. Eu te amo...- as ultimas palavras saíram como uma suplica sendo sussurrada.
Então pude ouvir sua voz mais uma vez em meus pensamentos, misturada as lembranças:
"Eu amo você"
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ARMADILHA DO DESTINO
RomancePara Emi, A cidade de São Paulo era o palco em que Vivia uma linda história de amor com Bruno, Porém uma viagem ao litoral muda do tudo. Às vésperas do casamento Bruno sofre um terrível acidente de carro e morre. E o dia do casamento se transforma...