CAPÍTULO 29

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QUATRO ANOS DEPOIS...


   Bryan

Caminho impaciente de um lado para o outro no escritório. Eu estava com o aparelho celular no ouvido e, mais uma vez, recebia um sermão da minha mãe. O que me deixava ainda mais chateado era saber que ela tinha razão em tudo o que dizia.

São mais de quatro anos sem vir à Londres, Bryan. — esbraveja do outro lado da linha. — Se não tivéssemos indo até você... eu nem mesmo conseguia me lembrar dos detalhes da última vez que te vi. É isso que mereço? Tentar lembrar do meu filho? Acha que toda esta situação é fácil para mim? — percebi o seu tom mudar para triste.

Me lembro muito bem a última vez que ela e o papai vieram me visitar, há pouco mais de um ano atrás, eu estava atolado em trabalho e mal tive tempo para eles. Admito que me senti culpado por isso, mas ouvir essas palavras, que ela precisou se esforçar para lembrar de um filho que, mesmo vivo, não está presente dói tanto que chego a me arrepender de tudo o que fiz.

Eu sei, mãe, mas...porque eu insistia em rebater quando sabia que estava errado. Ficar longe deles por todos esses anos já não foi suficiente o bastante? Ainda quer continuar fugindo? Me pergunto.

Não ouse tentar arrumar explicações de novo. — disparou, despertando-me. — Ligações e chamadas de vídeos não bastam, como sua mãe, eu exijo que volte.

Não é bem assim, eu ainda tenho um tempo de contrato e...

Você nos abandonou. — cortou-me, o tom dramático. — Eu perdi o meu filho há anos atrás, não o reconheço mais.

Você não me perdeu, mãe. Eu estou aqui, ainda sou eu. — é a única coisa que consigo dizer.

Eu realmente queria que isso fosse verdade. — ela faz uma pausa que parece durar uma eternidade e, quando torna a falar, o seu tom é decepcionado. — Viu o que você fez? Afastou todos de si, acho... acho que conseguiu o que tanto queria.

Sei que errei em tudo que fiz. — admito. — Mas eu não posso voltar atrás, é impossível recuperar o tempo perdido e corrigir os meus erros. Eu só peço que me perdoe. — as últimas palavras são quase inaudíveis.

Afastar-se de todos parecia a melhor coisa para mim naquele tempo, e foi, até eu me sentir perdido e não encontrar mais o caminho de volta. Mesmo que eu desejasse voltar ao menos para vê-los por um breve momento, não sabia como. Então, apenas manti-me entretido no meu trabalho.

Você pode corrigir sim. Queremos te ver, sentimos sua falta. Venha para casa, filho. Por favor.implorou.

Fiquei em silêncio. Tudo passando como um filme pela a minha cabeça, o meu egoísmo, o tempo perdido, o futebol sempre acima até daqueles que amo e a minha mãe implorando para que eu volte para casa. Quero abraçá-la, poder me redimir como a mesma disse que eu podia, quero reconciliar-me com a minha irmã, ver o meu pai me contradizendo porque me ama e o meu irmão mais velho.

Pela primeira vez em anos não quero fugir do lugar de onde vim ou usar o meu trabalho como desculpa, desejo voltar e, se ainda quiserem, ser o Bryan amado por aqueles que são os mais importantes na minha vida.

Não tenho arrependimentos sobre ter seguido o meu sonho, mas tenho por ter sido um idiota egoísta e tê-los deixado para trás quando não havia necessidade. Agora que sinto-me realizado, chegou o momento de reconciliar-me com a minha familia.

O que eu mais quero nesse momento faz-me disparar juntando toda a minha coragem:

Estou indo para casa.

Uma Chance [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora