Escrito por: @BiaCout
O rapaz chegou a cidadezinha de manhã cedo. De mochilas nas costas e botas nos pés, tinha sede mas os moradores ainda dormiam, nem o padeiro havia aberto a padaria.
Sentou-se no banco da praça circular que ficava no centro da cidade e esperou, enquanto amarrava o cabelo. Uma semana, ele só tinha uma semana para cumprir o seu objetivo. Uma semana era seu tempo limite.
Ao ouvir a padaria se abrir, levantou-se e chegou nela sentindo o cheiro de pão fresco. Seu José olhou o forasteiro intrigado, mas logo atendeu ao seu pedido simples, um copo de água seguido de mais dois, por fim, José deixou a garrafa de dois litros ao lado do rapaz e foi atender a cliente que entrava.
—Bom dia, seu José – disse a moça de cabelos pretos e pele bronzeada.
—Bom dia, Bela. Madrugou hoje, não foi? - seu José foi atencioso.
—Não, na verdade nem dormi. Luiz teve febre a noite inteira.
—Deve ser uma gripe boba. Logo vai passar. Vou pedir a Marieta para lhe preparar um chá.
—Obrigada! Quero duas bisnagas, por favor – Bela havia notado o rapaz alto, de cabelo preso em um coque desleixado, novo na cidade, bebendo água. Ele tinha muita sede, pôde ver.
—Seu José, três bisnagas branquinhas, por favor – essa era uma vizinha que apesar da cidade pequena e humilde, se vestia bem demais. Era bonita, mas a maquiagem era exagerada.
—Bom dia, Ester. Só um momento que logo te atendo. - José já conhecia a moça, mas o rapaz, que não sabia disso, olhava disfarçadamente toda a ação. Percebeu quando os olhos de Ester voltaram-se para Bela e depois para ele. Quando falo de novo, foi alto para uma manhã.
—Claro. Bela, depois passa lá em casa, tenho uns vestidos para lhe dar. - Bela olhou para seu vestido usado, mas confortável, se envergonhada e negou.
—Não preciso. Obrigada.
—Claro que precisa! Só tem que experimentar, pode ser que fiquem apertados. - Bela ficou mais uma vez sem graça, era gordinha na infância e a fama permaneceu, mesmo depois do mau momento que passara e emagrecera notávelmente.
—Tenho certeza que dará – José interveio na humilhação. - Suas bisnagas, Ester. Melhor ir, já que estará ocupada o dia todo. Depois seu pai me paga. - Bela não se incomodou dele tê-la passado a sua frente, no final até agradeceu.
—Mas eu tenho dinheiro...
—Não se preocupe com isso. - José sabia como falar, na verdade gostaria de ter sido mais arrogante.
A contragosto, Ester saiu da padaria como entrou, de nariz em pé, levando os pães.
—Finalmente, suas bisnagas e o sonho de doce de leite. - José entregou os pacotes piscando para moça.
—Não posso levar, não tenho como pagar, seu José.
—Embrulhe dois. - falou Ângelo que acabara de beber toda a agua da garrafa.
—Desculpa, mas...
—Por favor, veja como um presente de um novo amigo. - que além dos sonhos, lhe presenteou com um belo sorriso.
—Afinal, todo mundo tem o direito de sonhar, não é? - José embrulhou mais um sonho.
—Menos eu – desanimou Bela, chamando atenção de Ângelo. - Obrigada seu José. E obrigada...
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Pequenas Artes
RandomEste livro é a União de escritores e aspirantes de vários estados do Brasil, que usaram sua criatividade e doaram suas obras para o projeto pequenas artes, com o único objetivo em ajudar instituições de caridade. Não podemos ficar parado e a União...