The Boss - Shawn Mendes (EM REVISÃO)

46

— Eu não achei que Aaliyah estivesse falando sério quando disse que ia dançar música latina no enterro do seu pai — Falei, enquanto tirava o lenço preto que antes cobria meu pescoço.

— Uma coisa que você precisa saber sobre minha irmã é que não se deve duvidar quando ela jura vingança, se ela prometer, ela cumpre — Shawn respondeu.

— Eu odeio essa coisa toda de velórios e enterros, mas odiei mais ainda as pessoas chorarem só para fazer média quando na verdade, não sentiam exatamente nada por Manuel, além do típico interesse no seu dinheiro.

Se eu não estava enganada, tinha certeza que pelo menos dois homens estranhos, não só por mim, mas que que também não eram conhecidos por ninguém da família Mendes havia entrado ali.

E sem contar a parte em que os familiares da Manuel me olhavam com raiva. A notícia sobre a fortuna de Manuel correu rápido demais, tão rápido que até seus parentes portugueses já estavam a par da fofoca. Eu não esperava ser recebida com flores e cartazes de "Parabéns, você é a milionária do ano" obviamente não, mas com certeza um pouco de compreensão faria bem, afinal, a culpa não era minha se aquela era a escolha de Manuel.

— Ele pode ter sido um homem maravilhoso com pessoas aleatórias, mas para a minha família não, a partida dele acabou sendo um alívio para a maioria de nós.

Shawn tinha razão. Por mais que Manuel tivesse me deixado absolutamente toda a sua herança, aquilo não fazia dele um santo. Karen, Aaliyah e Shawn sofreram muito em suas mãos. Os filhos passaram praticamente infância e adolescência lidando com problemas de família causados por ele, e eu tinha em mente que um bom homem começava sendo bom em casa, com a própria família. Eu passei dias tentando ver Manuel como um homem bom por ter me deixado tudo que tinha, mas realmente não conseguia.

— Sei disso, e não consigo me sentir triste pela morte dele. Ele pode ter me deixado muita coisa, mas não valeu a forma que ele fez para descobrir se eu realmente merecia.

Shawn apenas concordou e sorriu.

— Já que nenhum de nós dois está triste, podemos fazer uma coisa... eu estou sem por cento livre de qualquer coisa que envolva a polícia e você tem alguns dias de folga, podemos passar esses dias em um lugar que eu costumava ir quando era criança, que tal?

Nem pensei duas vezes antes de aceitar. queria fugir daquele bairro e todos os seus dramas, escapar de olhares de câmeras e repórteres curiosos que faziam questão de me culpar pela morte de Manuel mesmo sabendo de suas condições e de que eu nunca poderia controlar a doença dele.

— Qualquer lugar longe desse inferno seria ótimo, principalmente para você.

— Então faça suas malas, iremos para Las Vegas.

Sorri animada. Nunca estive em Las Vegas antes, aquilo poderia ser uma experiência incrível.

— Antes que eu me esqueça, convidei Aaron e Kayla para viajar com a gente, eles trabalharam bastante durante o tempo em que eu fiquei fora, acho que merecem um descanso. Mas não precisa se preocupar, o quarto deles vai ficar bem longe do nosso.

[...]

A viagem foi longa e um pouco cansativa, partimos na manhã seguinte ao velório, escolhemos ir de carro, assim conseguimos conversar sobre assuntos pessoais e não nos preocupamos, pois tínhamos a certeza de que ninguém havia nos escutado.

Tive bastante tempo de deixá-lo a par de todos os acontecimentos e conversamos sobre tudo o que rolou durante as semanas que ele esteve fora, entre esses assuntos estava os detalhes da carta que Manuel havia me deixado.