Hoje está um lindo dia para fazer um piquenique no parque, mas preciso almoçar logo para voltar ao hospital, minha vó não está nada bem depois do fim de semana passado. Reclama de dor o tempo inteiro. Os médicos deram alguns remédios para aliviar as dores, mas não funcionam por muito tempo. Desde que descobri o câncer que vivia dentro dela, não sinto mais a mesma, as coisas ficaram mais difíceis e troco todo o meu tempo por ela. Nunca reclamei em ajudá-la e fazer companhia, Eva é muito importante para mim e quero passar cada hora que lhe resta ao seu lado.Quando ainda morava em Mystic Falls, minha avó esteve muito presente. Ficávamos passeando pelo parque enquanto me contava histórias das quais nem me lembro direito, mas eram os melhores momentos. Uns meses depois de eu completar meus dez anos, ela viajou para Nova Orleans. Minha mãe dissera na época que Eva tinha de voltar para a sua cidade, eu não entendia o porquê, mas depois soube que há muito tempo ela já morava lá.
Vê-la morrendo aos poucos me destrói por dentro, não há nada que vença o câncer, principalmente porque já se alastrou por várias partes de seu corpo. Ontem os médicos foram conversar com minha mãe e eu a vi chorar, já tinha deduzido o que disseram à ela. É meio óbvio pensar assim, que não há mais esperanças, mas ao mesmo tempo parece irreal essa situação. É do tipo que não dá para acreditar que um dia irá acontecer com você, até que simplesmente acontece.
E então minha mãe me chamou para conversar do lado de fora do quarto, para que minha vó não nos escutasse: "Ela tem apenas um mês de vida, mas... pode acontecer um imprevisto e morrer muito antes disso." Seus olhos se esforçavam para conter as lágrimas, mas não aguentou por muito tempo e desabou em meus ombros.
Ela tem apenas um mês de vida..., as palavras sussurravam em minha mente, me perturbando e me deixando sem ar. Apesar de estarem constantemente vagando em minha cabeça, pareciam irreais como aquela situação. Sei que já tinha deduzido algo do tipo, perdido a esperança, mas ouvir o que eu mais temia não foi tranquilizador.
Ainda consigo ver claramente o rosto vermelho de minha mãe, a encarei por tanto tempo que é difícil apagar a imagem dela chorando em meu ombro e as vozes em meus ouvidos. Minha avó poderia morrer a qualquer momento.
Preciso parar de pensar naquela cena de novo. Ela surge em momentos inesperados e incontrolavelmente, me atormentando e deixando um buraco vazio em mim. Não consigo nem mesmo comer e ultimamente isso vem acontecendo bastante, mas me esforço nem que seja um pouquinho.
Olhando através da janela do restaurante, encarando o enorme manto azul que cobre todo o céu, memórias surgem e me esforço para não chorar. Preciso ser forte. Não posso voltar para o hospital com cara de choro, não quero que Eva me veja assim.
Coloco a gorjeta sobre a mesa e me levanto. Fico um minuto parada encarando meu prato quase cheio, comi apenas a metade.
Assim que chego ao hospital, passo por todos aqueles corredores assustadores. Há pessoas por todos os lados, desde de feridos à médicos e enfermeiras, nunca gostei de hospitais. Entro no quarto e encontro Eva dormindo, está toda encubada e numa posição desconfortável. Seu pescoço pesa para o lado e o travesseiro é grande demais, quase posso sentir sua dor nas costas.
Sento-me na cadeira ao lado de sua cama e pela primeira vez não trouxe um livro, não adiantaria já que não vou me concentrar na leitura.
"Emily?" Ela pergunta com uma voz fraca e rouca, quase irreconhecível, bem diferente da voz alegre que eu costumava ouvir.
"Sim, vó?" Levanto rapidamente, sentido todo o meu corpo pesar de volta e vou até ela, olhando para o seu rosto pálido. Preciso parar de pensar que ela vai morrer.
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A Bruxa
FanfictionSegredos que agora foram revelados, atormentam a mente da jovem Emily. Algumas últimas palavras de um ente querido que mudaram sua vida completamente, torna tudo ainda mais difícil. Por mais que o mundo, aos olhos dela, tenha se mostrado ainda mais...