Capítulo 6

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   De manhã enquanto bebia meu cafezinho delicioso, sentei-me na mesa com o diário na mão. Estava prontinha para devorá-lo. Assim que balancei o café quente para esfriá-lo, meu celular começou a tocar e logo pensei na possibilidade de ser minha mãe ou Elisa. E graças ao céus, era minha mãe. Ainda não inventei uma mentira para as meninas não virem...

   "Mãe?"

   "Emily? Tudo bem?" Pergunta preocupada.

   "Tudo sim e com você? Está tudo bem?" Pergunto também preocupada, não sei porque sempre que atendo suas ligações fico assim...

   "Claro, claro" continuou ela, "Só queria saber se tudo estava bem, não tive notícias suas..."

   "Ah sim, desculpe por não ter ligado. Sempre me esqueço..." Com tudo o que anda acontecendo por aqui fica bem difícil de lembrar alguma coisa... Sinto vontade de mencionar isso, mas não saberia como explicar o porquê depois.

   "Tudo bem, só passa a me ligar todos os dias, okay?"

   "Hm, claro..."

   "Como vão as coisas sobre a casa? Digo, sobre a venda e tudo mais?"

   "Estou pensando em colocar o imóvel na internet, já até comprei uma placa de venda. Assim que eu arrumar o jardim vou colocá-la" mal dá para acreditar que só falta o jardim para arrumar... Até que sou bastante ágil.

   "Ai meu Deus, ainda tem que arrumar o jardim!? Não é melhor deixar isso para um jardineiro? Aí você fica livre de mais trabalho, o que é bom porque aposto que deve ser péssima com jardins. Melhor deixar para um profissional do que estragar, não é mesmo?" Rose dispara.

   "É impressionante sua boa fé em mim, mãe. Obrigada." Digo sabendo de sua razão, sou péssima com jardinagem, mas não tenho dúvidas de que está completamente louca para me ver sair de Nova Orleans. Acho que é uma boa hora para questionar isso e ouvir a resposta que tem a respeito, "Por que quer que eu saia de Nova Orleans? O que tem de errado aqui?"

   Rose fica calada por uns instantes, provavelmente surpresa com a inesperada pergunta. "Não tenho nada contra Nova Orleans, querida. Só acho melhor ficar aqui, em Mystic Falls."

   "Sério, mãe?" Suspiro, "Sabe que vou fazer meus 18 anos esse ano, né?" Ela não pode me controlar assim, entendo sua preocupação, mas é a minha decisão. Se eu me ferrar no final ou perceber que estou errada, ela pode até jogar isso na minha cara depois. Mas neste momento, neste exato momento, escolho Nova Orleans. Não como um lar definitivo, mas temporário apenas para descobrir mais coisas com calma.

   Sinto vontade de desabafar isso, não só pelo o que acontece aqui e o modo como me trata —como se eu ainda tivesse meus 10 anos— mas sim de várias coisas que já aconteceram. Lembro-me que na minha primeira festa oficial, onde fiquei por longo tempo, mais ou menos um pouco depois da meia-noite, ela ficou me vigiando a noite toda. Foi um horror! Além de ter passado vergonha na frente de todos, ainda descobri que não fora a primeira vez que havia feito aquilo. Não sei se ela lembra disso, mas me lembro perfeitamente.

   "Eu sei que vai fazer 18 anos, mas sou sua mãe, entenda isso..." Continuou ela, "Se eu digo que pode ser perigoso, é porque é."

   "O que pode haver de perigo aqui?" Pergunto sabendo a resposta, "Todos os lugares são perigosos! E não me diga que Mystic Falls é diferente, porque não é" termino.

   "Você não entende Emily... Por favor volte para casa, deixe que eu faço o resto. Não há necessidade de estar aí"

   "O que eu não entendo?" Espero a resposta do outro lado da linha, mas não sai nada. "Aliás, não há necessidade mesmo, mas ainda assim quero ficar"

A BruxaOnde histórias criam vida. Descubra agora