As Quatro Estações

A Última Pétala

Retomei o fôlego, e por um instante compreendi, não estava atraída por ele, mas sim me sentia sozinha, sozinha naquela capital, onde todos pareciam estar sempre felizes, com suas vidas perfeitas, exalando alegria, e eu me sentindo vazia, em meio a uma falsa esperança de que tudo ficaria bem, mas as coisas não são tão simples assim.

Voltei para o apartamento, e decidi que iria voltar, voltar para a triste realidade, afinal, de nada adiantava fugir dos problemas, cabia a mim enfrentá-los, frente a frente, por mais que me machucasse.
Arrumei a mala, não me despedi de ninguém para não haver possibilidade de ficar, passei na floricultura e deixei minha carta de demissão. Corri para o aeroporto e peguei o primeiro voo disponível, estava feito, não tinha mais volta.

Os minutos passavam naquele avião e minha mente vagava em meio a pensamentos assombrosos. Eu sei que não deveria, mas, tudo apontava para mim, eu era a culpada de todo transtorno, meu noivo, o pintor, o músico. Ah! O músico que eu tanto amava! Ele se fora, e isso foi minha culpa.

Após o desembarque, fui direto para casa, e sem falar com ninguém, corri para o jardim, senti um súbito mal estar ao entrar, o que um dia tanto admirei, hoje só me traz angústias e magoas.

A vida já não era a mesma, sabendo que seu jardineiro havia feito todo aquele mal, já não podia mais entrar naquele jardim, era impossível entrar sem vir a tona todos os pensamentos perturbadores, não conseguira viver com todas essas coisas a rodeando.

Repentinamente, lançou-se sacada a baixo. Não podia viver sabendo que todas aquelas mortes eram por sua culpa, até mesmo pelo jardineiro que lhe causara tanta dor. O desgosto era tamanho, e naqueles breves segundos, antes de alcançar o chão, com todo o vento a rodeando, só conseguiu pensar em uma coisa, iria se encontrar com seu amor, com o seu verdadeiro amor, onde quer que estivesse, e ninguém os atrapalhariam.

Por fim, chegou ao solo, suas últimas pétalas caíram, a bela flor estava morta.