Seu amor diferente

Ele

Estava preste a gritar, mas aí eu vi ela, seu grande cabelo e seus olhos castanhos preocupados. Já não estava mais raciocinando, consegui falar apenas o que estava sendo repetido várias vezes em minha cabeça, "eu não vou conseguir", mas ela foi mais rápida que minha mente e fez com que eu me sentisse um pouco mais forte para encarar aquilo, ela estava lá para me dar apoio e me ajudou espantar o medo de explodir. Estou com minha cabeça a milhão, aqueles zumbidos, cheiros e toques inesperados ainda me assombra. Quero conversar sobre o que se passa na minha cabeça com a Sam, ela talvez entenda, mesmo que ela seja "normal", eu sei que ela vai entender um pouco...

—Hm... Oliver? - Levo um susto por ela ter me chamado pelo meu primeiro nome, ela geralmente me chama de Thor, olho finalmente para ela, e ela está sorrindo para mim:
— O que foi? Tem algo errado?
— Sim, você pisou em um cocô de cachorro - Ela diz isso e depois solta uma gargalhada. Não consigo conter a risada, pois a risada da Samanta é contagiante. Depois de um boa dose de risadas, ela me ajuda a limpar a sujeira, coisa que qualquer outra pessoa trataria como nojento. Continuamos caminhando, agora um pouco mais rápido por conta do horário, Sam me lembra sobre o sonho que tive e começo a contar sobre ele, e como eu imaginei ela riu muito. Chegamos à escola e o alarme já tinha tocado. Fomos conversando sobre a minha série favorita até a sala de aula e quando entrei acabei me sentindo mal com o barulho e a luz forte, ainda mais com o ocorrido pouco tempo atrás, mas Samanta estava lá... Ela sempre estava lá e nunca me pediu nada em troca, sempre sorrindo e achando uma solução para tudo... A brócolis realmente era uma pessoa boa e que eu gostaria de levar para vida inteira.

Na hora do intervalo eu tentava socializar com outras pessoas, conhecia uns garotos de outras turmas e conversava com eles coisas fúteis que eu estava totalmente por fora, como o tema principal da roda, que era "garotas". Eu já namorei 3 vezes, mas nas 3 vezes eu estraguei tudo, por isso nesse ano eu evitei qualquer envolvimento com garotas. Meu último namoro foi com uma garota chamada Felícia, ela era muito bonita, mas não tinha tanto conteúdo, era um verdadeira Barbie, toda bonita e perfeita mas sem cérebro. No começo nôs dávamos muito bem, ela realmente estava me deixando bem, mas ela começou a exigir muito de mim, mudava de humor constantemente e eu não conseguia distinguir quando ela estava triste, feliz ou zangada. Acabou depois de 4 meses, ela me traiu com um primo meu, e ainda jogou na minha cara que eu nunca conseguiria casar porque eu era doente e lerdo o suficiente para entender que ela queria fazer sexo comigo. Tive uma recaída durante as férias escolares, foi o pior Natal que passei da minha vida. Hoje eu simplesmente corro quando dizem a palavra "amor". Eu acho que nunca tive um "amor verdadeiro", nunca consegui falar um "Eu te amo" para nenhuma garota, e sinto que talvez nunca consiga.