Chorei por 10 minutos até que minhas lágrimas secaram, não poderia ficar chorando por ter levado um fora... Quem me dera que fosse apenas um fora, ele disse que eu não era suficiente para ele, e se eu não poderia ser suficiente para ele então não seria para mais ninguém. Eu mostrarei para ele que eu posse ser muito mais suficiente do que ele pensa! Seco minhas lágrimas, arrumo meu cabelo, pego meu celular e vou até o banheiro tentar tirar essa cara de choro, jogo água em meu rosto e o seco com toalhas de papel. Me olho no espelho e vejo como estou com um olhar furioso, tento sorrir, mas acabo ficando com uma careta estranha, volto para sala de aula com toda fúria do mundo. Renata estava conversando com Paola e quando me viu entrar com aquela cara interrompeu a conversa na hora e veio tentar conversar comigo, fiz um sinal de pare com as mãos para ela ficar onde estava, ela entendeu e ficou onde estava, ela sabia que eu conversaria com ela depois. Fiquei tentando não explodir durante as 3 aulas restantes do dia. Uma inspetora veio durante a 5ª aula recolher todo o material de Oliver, uma onda de preocupação me bateu. Será que ele estava bem? Mas... e eu? Eu não estava bem e ele talvez não esteja preocupado comigo!
Depois da escola passei no mercado como minha mãe pediu, minha cabeça estava nas nuvens porque esqueci de comprar meu creme de cabelo e de comprar o leite, então voltei até lá. Quando estava me dirigindo para o corredor de produtos de higiene esbarrei em um garoto e quase cai no chão. Droga de garota estabanada!
—Me desculpe.
—Desculpas - falamos ao mesmo tempo. Dei um sorriso de desculpas e fui pegar meu creme favorito. Não tive sorte de encontrar um caixa vazio, depois de alguns minutos na fila consegui pagar os produtos, conferi a lista antes de sair do mercado e depois fui embora.Voltei a pensar em Oliver, aquele medíocre, por mais chateada que eu esteja eu não consigo parar de pensar se ele está bem, talvez eu mande uma mensagem para ele... Não, eu não vou mandar nada! Eu sempre me preocupo com as pessoas e nunca ninguém se preocupa comigo. O barulho de uma freada brusca me assusta, olho para o lado e vejo que quase fui atropelada, fico gelada da cabeça aos pés, eu quase morri atropelada!
Deixo as sacolas caírem e começo a tremer de medo, nervoso e alívio. Vejo um cara se aproximar, quando olho para ver quem quase me matou me vem à lembrança do garoto que eu esbarrei no corredor do mercado, era ele:
— Minha nossa! Você está bem? Está machucada? - Ele estava aflito — Quer que eu te leve para o hospital? - Era muitas perguntas, eu estava em estado de choque para responder todas de uma vez — Como você chama?... Vamos sair do meio da rua!- Ele me leva até a calcada e me coloca sentada em um degrau que dava para a porta de uma casa abandonada. — Vou trazer água para você, não sai daí! - Ele vai até um bar na metade do quarteirão seguinte e volta com uma água, abre a garrafa e me oferece, eu aceito, com a mão trêmula tento beber sem derramar, enquanto isso ele pegava todas minhas sacolas e colocava em seu carro, meu primeiro instinto foi levantar para brigar com ele, mas estava incapaz de raciocinar então deixei com que ele me ajudasse:
— Está melhor? - Aceno com a cabeça — Quer que eu te leve ao hospital? - Nego — Você tem um nome?
— Samanta. - falei com uma voz quase inaudível.
— Onde você mora? Vou te levar até na sua casa!
Passei meu endereço para ele, estava perto porém ele quis me levar até lá. Ele pegou minha bolsa, me ajudou a levantar e a entrar no seu carro, colocou o sinto de segurança em mim, colocou minha bolsa junto com as sacolas e depois ele se sentou no banco do motorista e começou a dirigir:
— Eu fiquei muito assutado quando vi você atravessando a rua, o sinal estava aberto, nunca imaginei que alguém passaria.
— Me desculpa, minha cabeça estava nas nuvens - disse um pouco envergonhada por não ter prestado atenção. Além de estabanada eu era besta!
— Tudo bem, você não tem culpa, acho que todo mundo tem a cabeça nas nuvens, ninguém é realmente perfeito. - Ele já estava chegando até na minha casa, quando parou o carro eu tirei o sinto de segurança e ele veio até a outra porta e abriu para eu sair, parecia ser cavaleiro, me deu minha bolsa e eu peguei as chaves, enquanto ele pegava minhas sacolas eu abria o portão, ele quis levar até lá dentro mas eu recusei educadamente, então ele deixou as compras no chão:
— Posso te passar pelo menos meu telefone? Para no caso de você precisar de alguma coisa? É o mínimo que eu posso fazer por você. - ele ficou me olhando com cara de arrependimento e foi aí que eu percebi que ele tinha vitiligo por todo o corpo, mas não ofuscava em nada sua beleza, que aliás era muita... Uau, ele era muito bonito. Comecei a sorrir sem motivo aparente — Vai aceitar? - Agora ele estava sorrindo também. Oh sim, era claro que eu ia aceitar!
— Hm... Sim. - Dei meu celular para ele colocar seu número, quando ele terminou ele disse:
— Desculpa, nem me apresentei... Meu nome é André, muito prazer.
Dei minha mão a ele, ele pegou e apertou.
— Sou a Samanta, prazer. - Ele soltou minha mão - Érr... Então depois te mando uma mensagem, pode ser? - Ele abriu um sorriso maravilhoso. Caraca, que garoto é esse? Será que não tinha morrido e ido para o céu?
— Claro, ficarei aguardando, foi um prazer te conhecer.
— Igualmente. - Agora eu estava sorrindo igual a uma criança com um doce nas mãos, tentei me recompor, peguei as compras e fiquei olhando ele desaparecer pela rua com seu carro preto.Depois de tudo organizado, tomei um banho para espantar de vez o tremor da adrenalina de quase ter sido atropelada. Fui contar sobre o ocorrido para minha mãe e ela ficou furiosa comigo, como se eu tivesse culpa! Grrr, de vez em quando minha mãe supera todas as expectativas. Me tranquei no meu quarto e fiquei lá até de noite, por volta das 17h eu lembrei de mandar uma mensagem para o André:
Ficamos mais de 2 horas conversando, até que recebo mensagens do ordinário!
Resolvo não responder, ainda não tinha pensado sobre essa possibilidade de arrependimento da parte dele. Volto a conversar com André e acabo perdendo várias horas online.
Por volta das 22h resolvo, com muita pouca vontade, encerrar a conversa, conversamos muito! Descobri que ele só tem um ano a mais que eu, que tem 3 irmãs, que temos várias coisas em comum, como por exemplo o gosto pela leitura e várias outras coisas, sinto que encontrei um novo amigo... talvez amanhã eu converse com ele sobre Oliver. Quando estou pronta para dormir me vem Oliver na cabeça... Ah... não sei mais o que fazer em relação a ele. Amanhã eu pensarei sobre isso... Se eu conseguir dormir.
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Seu amor diferente
Short StoryE se você se apaixonasse por alguém que rejeita o amor, porque tem medo que sua doença machuque a outra pessoa? É, eu acabei me apaixonando por um garoto com uma doença. Foi a melhor coisa que fiz na minha vida... Ok, não tinha esse pensamento antes...