entre pais e filhos

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O caso estava em aberto, e o mistério era claro, ninguém nunca viu tamanha falta de conexão entre vítimas, em um caso de assassinato em série. E todas as vítimas da mesma forma, como se fosse uma espécie de ritual. Mas nosso querido, e levemente estranho, detetive estava ansioso com esse caso.

Então, começaram a investigar primeiramente os familiares, mais especificamente, os filhos de cada vítima. Os primeiros foram os familiares de Luis Winston, que era casado com Keila, e tinham uma única filha, Jane. Eles moravam em uma casa na cidade, Keila trabalhava todo fim de semana, e Luis de segunda à sexta em uma fábrica de eletrodomésticos.

“Registro 1

Interrogatório;
Nome: Jane Winston 
Idade: 9
Relação: Filha da vítima
Depoimento: 

Detetive_ Seu nome é Jane, certo? Eu vou te fazer perguntas sobre seu pai, tudo bem? 

Jane_ Tá bom… mas isso é só entre nós, né? 

Detetive_ Claro, mas por que a preocupação? 

Jane_ Ele dizia para não contar pra ninguém.

Detetive_ você pode me contar.

Jane_ Bom, toda vez que eu ficava sozinha com ele, ele me batia por qualquer coisa, e estava sempre bebendo, dizia que me odiava, que eu não devia existir. Ele era um homem cruel. Sinceramente, eu fiquei feliz que ele morreu.
(Dizia enquanto amassava a barra do vestido com seus punhos.)

Detetive_ Você acabou ou tem mais alguma coisa que queira me contar?

Jane_ Às vezes ele pedia pra mim ficar sem roupas, e tirava as dele também, dizia que eu tinha que fazer algumas coisas por ele... pra compensar as despesas… Isso é importante? 

Detetive_ Um pouco. Já acabamos.

Relatório: 
É aparente o ódio que ela sente pelo pai, completamente compreensível, ao efeito dos maltratados físicos, mentais e os abusos cometidos por ele. E sem contar a embriaguez notável até para uma criança de 9 anos. 

Álibi: estava na casa da mãe juntamente com a avó fazendo biscoitos na noite do assassinato, o corpo foi encontrado em um beco a duas quadras de seu local de trabalho.”

- Sr.a Winston, posso falar com a senhora um instante? - disse nosso detetive disposto a revelar quem era o verdadeiro falecido. 

- Claro- respondeu ela – Algum problema? – falou chegando para perto dele, e se afastando levemente dos outros presentes.  

- Seu marido batia e abusava da sua filha, se eu fosse você a levaria ao psicólogo, e a um médico, só para garantir. 

Disse sem nenhum tipo de delicadeza, até por que ele estava acostumado com esse tipo de coisa, mas ela ficou sem palavras, completamente sem chão. Tinha dúvidas, se gritava ou chorava.

Não é uma coisa que se espera ouvir sobre alguém tão próximo, principalmente depois de sua morte. 

O Sr Fill não queria perder tempo, então se apressou a ir à casa dos familiares da vítima número 2.

No caminho, fez um comentário a Chris:

- Que bom que você escreve rápido. 

- Ah, obrigado Sr Fill – respondeu meio surpreso com o comentário numa hora tão inoportuna. 

- Então Will, algum palpite sobre o caso?

- Ainda não, até porque você só interrogou uma criança. 

- Ninguém saberia dizer o que aquela criança disse, e você sabe disso. 

- Não foi bem isso que quis dizer.

Então o Sr Fill e o policial Hopp começaram a se encarar de uma forma bem estranha, como se Hopp não quisesse que Fill falasse de certas coisas.

Assim, o silêncio tomou o carro até a chegada. 

A vítima era Natali Prost, era divorciada, mãe de dois meninos e trabalhava de enfermeira no hospital psiquiátrico. O corpo dela foi encontrado em um metrô abandonado perto do hospital. 

"Registro 2"

Interrogatório;
Nomes: Dênis e Yan P Tyler
Idades: 8 e 6
Relação:filhos da vítima
Depoimento:

Detetive_ Então meninos, vocês podem me contar um pouco sobre a mãe de vocês?

Yan_ Ela não gostava da gente...

Dênis_ Não diz isso, ela só... nos castigava quando fazíamos algo de errado, só isso.

Detetive_ Como assim castigava? O que ela fazia?


Dênis_ Bom se fizessemos bagunça, sujasse alguma coisa ou assistisse muita televisão, bom..

Yan_ Ela batia na gente...

Dênis_ Geralmente com a primeira coisa que tinha nas mãos, enquanto xingava a gente. Mas era por causa do estresse do trabalho... Eu sei que não era por mal... (Disse puxando o irmão mais novo pra perto e acariciando o cabelo.)

Detetive_ Entendo, bom, e isso é tudo? Ou ela fazia outra coisa ruim, ou estranha com vocês?

Dênis_ Não.

Detetive_ Bom, já acabamos por aqui.

Relatório:
Os filhos tem uma visão diferenciada da mãe, o mais novo sente que a mãe o odeia, já o mais velho acredita que sua mãe só fazia o que fazia por conta do estresse do trabalho. E é bem notável que a mãe agia com violência física e emocional contra seus filhos.

Álibi: Ambos estavam na casa do pai jantando e vendo televisão no canal de desenho animado"

- Bom, Sr. Tyler, preciso falar com o Sr.

- Claro. Melhor irmos para um lugar privado, não ?- assim se dirigiram ao escritório.

Onde nosso detetive informa,  sem muita delicadeza, o que a ex-esposa havia feito.

A casa estava quase silenciosa, quando os berros de indignação do Sr. Tyler tomaram conta de suas quatro paredes.

- Aquela bruxa, demoníaca dos infernos, como ela pode...

Poucos segundos depois era só sobre isso que se falava naquela casa, todos queriam saber sobre o que se tratava toda aquela gritaria.

Enquanto isso nosso ilustre, e também lunático detetive, saíra discretamente pela porta da frente.

Depois, interrogaram o próximo, o próximo e o próximo, os filhos das três últimas vítimas, deram depoimento similares aos dos primos, agressões, abusos, castigos e todos psicologicamente afetados, como era de se esperar nessas circunstâncias monstruosas. E o outro responsável sempre, pareciam desconhecer a situação, e uma delas sofria do mesmo achando proteger sua prole. No final todos os responsáveis, vivos, se culparam por não ver ou perceber o que estava acontecendo debaixo dos seu olhos.

chega-se a conclusão de que todas as crianças sofriam de algum jeito, e seus agressores agora estão mortos, e essa é a única coisa em comum entre elas, ainda...

Detetive Pétter Fill: Um Caso Das CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora