Cap.17- Minha pequena

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Conheci uma menina devido a minha mãe ser amiga da mãe dela, por isso com frequência visitavam nossa casa.
   Ella como era chamada por todos, era uma garota que exalava energia, era radiante como o sol, muito comunicativa falava sobre tudo que vinha em mente, sua ingenuidade era talvez uma das piores coisas, pois constantemente era passada para trás, passavamos horas sentadas falando sobre tudo, confesso que sempre tive um amor incondicional por essa garota,mas minha desordem interna e minha timidez nunca me deixou  falar o que sentia, achava que ela se afastaria ou sei lá, então fiquei por muito tempo lutando contra isso, até por que também ela era 4 anos mais nova que eu.
  Lembro das vezes que eu saia para comprar algo no mercado perto de minha casa e eu dava uma volta no quarteirão, somente para ver se ela estava por perto, era algo que não conseguia me conter, se aquilo era paixão, amor ou outra coisa eu não sei dizer, mas as pequenas loucuras faziam desses momentos só nossos, quando eu encontrava ela, ela sempre estava sorrindo e começava a perguntar mil coisas, caia a noite e a gente ali e mesmo caladas a sintonia era grande, sentia que ela me ligava em algo e pelo visto ela também sentia.
  Certo dia me enchi de coragem, estava animada o dia estava lindo, sim! Aquele era o dia perfeito para dizer o quanto eu gostava dela e era isso mesmo que iria fazer, afinal um não eu já tinha, iria com certeza atrás do sim e talvez isso seria a coisa mais corajosa que iria fazer em toda minha vida, claro valia muito a pena, tomei meu banho cantarolando e preparando um texto até por que não é todos os dias que isso acontece, então tinha que ser tudo perfeito e nos mínimos detalhes.
  -Luna... vem almoçar e liga essa televisão  já começou o jornal.
Disse minha mãe, que era a louca dos noticiários.
  Estava sintonizando a Tv, quando finalmente deu certo dei de ombros, minha mãe estava entrando na sala quando o apresentador diz...
-um acidente gravíssimo deixou uma pessoa morta e outra ferida ....
Andei em direção a cozinha, me servi e voltei para sala, estava eufórica pensando em tudo, olhei para a Tv vendo o noticiário mas com a cabeça lá longe, então a foto da Ella aparece bem grande, não conseguia saber o que estava acontecendo, meu coração acelerou e uma lágrima caiu juntamente com os gritos aterrorizados de minha mãe, eu estava em choque, fiquei ali parada sem rumo de minha vida, a minha Ella havia falecido em um trágico acidente, ocasionado pela altíssima velocidade da motocicleta na qual ela era passageira, o condutor da motocicleta não viu uma lombada, ele havia também ingerido bebida alcoólica, ella morreu na hora pois sua única segurança era o capacete no qual estava com defeito na tira, saindo assim de sua cabeça facilmente,no momento do acidente sua cabeça bateu violentamente no solo, ocasionado sua morte. O condutor nada sofreu além de uma luxação no braço direito.
  Fiquei em desespero, corri para meu refúgio, uma árvore na qual todas vezes subia no alto para pensar, pois era o único lugar que ninguém sabia, não queria que ninguém me olhassem naquele momento, logo subi rapidamente e ali chorei como nunca antes, não sabia o que fazer, mas desejei com todas as forças que pude sumir dali. Era uma dor imensa,que não queria pra ninguém, não tive coragem de ir em seu velório, sei que não suportaria ver aquele rosto pela última vez, não suportaria ver aqueles lindos olhos fechados que um dia imagine dormir e acordar olhando fixamente para eles...ah! Aqueles olhos lindos.
   Foram anos dolorosos, com esse eterno peso de não ter falado o quanto eu amava aquela garota, do quanto ela era especial, era a minha essência mais pura, eu sei que Ella sabe de onde estiver o quanto eu a amei, do quanto fui feliz ao seu lado, mas fui fraca deixei ela ir sem dizer sobre meu amor, mas meu pequeno anjo agora descansava em paz.
    O condutor nunca pagou, arrancou um pedaço de mim e ficou por isso mesmo.
Gabriella era seu nome, seu apelido Ella, morava a um quarteirão de minha casa, porém não existe distância para quem sempre morou aqui dentro do meu coração e assim será eternamente. E foi assim que me fechei para o mundo, e para quem viesse um dia se arriscar a me amar.

AdotadaOnde histórias criam vida. Descubra agora