Q1

Conflitos

  O apito diferenciado em meu celular anuncia a mensagem de Dave: "Gata, já estou com Nathan, acabamos de sair de casa. Pode ser que eu me atrase um pouco. Comporte-se até a minha chegada, louco para te ver..."

Aproveito para checar a hora e são 8:30 PM. Respondo prontamente: "Idem" afinal, à tarde já havíamos feito as considerações sobre este encontro.

Estava bem indecisa no que vestir. Optei pelo básico, para não chamar muito a atenção já que chegaria sem o Dave. Escolho uma calça jeans bem justa, jaqueta de couro, ambas as peças pretas, uma camiseta branca que define bem o meu corpo e botas de cano curto e salto alto.

Opto por uma maquiagem natural, por um delineador bem demarcado e gloss.
Demoro mais do que imaginava para esse traje, na esperança de que quando chegasse lá, Dave já estivesse a minha espera.

Estaciono o carro e o local hoje está sabidamente lotado. Primeiro por ser sexta-feira, segundo pelo fato de segunda-feira as férias escolares terminarem, data em que eu e toda a galera retornamos as aulas na faculdade. Alguns não estarão aqui hoje, pois voltarão de viagem no domingo, então pretendo permanecer o suficiente para beber um pouco e curtir a noite com o Dave. Gosto muito de ir ao Strokers Club, um espaço interativo no melhor estilo do rock em toda Seattle.

Confiro meu celular novamente antes de entrar, são 9:20 PM e sem nenhuma notícia de Dave. Decido logo entrar e tomar de cara uma pina colada, para esquentar a noite. Nem precisei formalizar o pedido, e Adri, barman amigo de Dave se antecipa e prevê o mesmo:

— O de sempre, Lynn?
Movimento a cabeça de forma positiva e nesta distração sou laçada num abraço fervoroso e exagerado de Anne, que aos gritos correspondi à mesma sinergia:

— Não esperava te ver aqui hoje, surpresa boa! Por que não me avisou?

— Quis fazer surpresa, e fui eu quem me surpreendi. Dave não é sua sombra hoje? Tô impressionada... – Ela debocha.

— Ah, cala a boca. — Digo, em meio a risos. — Mas é só porque ele me quer por perto, só isso. – Começo a brincar com os dedos, sorrindo levemente.

— Sei sei, o verdadeiro maníaco possessivo. Tudo o que você não gosta... E onde ele está, afinal de contas?

— Nathan. Estão juntos. – Em um tom desdenhado, as palavras saiam. — Precisavam conversar. Tá precisando do amigo.

— Bom, se há uma coisa que precisamos agora é curtir esse espaço. Bora cair na night! – Ela soltava um grito de emoção. — Adriano, manda uma igual a da Lynn, beleza?

Depois de um tempo, na mesa em que estamos, está repleta de drinks dos mais variados tipos, pois estamos em um grupo de dez pessoas. Misturei muita coisa e já estou com os meus reflexos bem lentos. Preciso ir ao banheiro e aproveito para mandar a décima mensagem a Dave. Anne está ao meu lado, totalmente bêbada, aos beijos com Carl Thompson. Preciso registrar esse momento comprometedor, mas isso não é nada fora do comum para Annabeth Evelynn.

Levanto e vou ao toalete que claro, tem fila para entrar.

Meu celular vibra em meu bolso e na ansiedade em ver se é a ligação de Dave ele cai da minha mão direto ao chão. Ao tentar pegá-lo, confesso que manter o equilíbrio foi um desafio.

Dave me envia uma mensagem de voz. Por que não me ligou? "Lynn, meu amor, não fique brava ou preocupada. As coisas com o Nathan se complicaram, nos enrolamos um pouco e não conseguirei ir ao encontro. Já está bem tarde. Me perdoa. Vai pra casa. Amanhã compensarei e ficaremos o dia inteiro juntos. Prometo! Saudades!". E logo respondo: "Dave, deve ter sido algo muito sério ou você não me deixaria aqui sozinha. Como não me preocupar? Isso não me cheira bem. Conversamos amanhã. A Anne vem comigo pra casa. Te amo", mas é claro, me enrolei em algumas partes.