Flashback

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12 horas antes...,

Momentaneamente ter me mudado e me instalado em um hotel na rota das proximidades da Lynn foi o mais acertado embora transitório.

Esta semana mesmo procurarei um flat que me trará mais conforto e privacidade. O fato era que deveria me adaptar a região e rotinas que me aproximasse cada vez mais dela de forma natural e que seja conveniente, confiável para reconquistá-la.

Morar em hotéis é muito impessoal, além de gerar muitas outras indagações quanto a vínculos familiares e outras condutas convencionais.

A caminho do novo hotel paro para abastecer. Destravo o revolver da bomba de combustível que antes de removê-la, após encher o tanque de gasolina aditivada, olho instintivamente pelo retrovisor e eis que David entra em meu campo de visão e ele não está só.

Viro-me com o único objetivo: "vê-la", mesmo que me doa mais um pouquinho se Lynn estivesse em sua companhia e não está.

Fico exultante de certa forma e intrigado ao mesmo tempo ao notar que David está na companhia de um rapaz quase albino, muito magro, um poste de quase dois metros de altura, cabelos loiros, quase brancos em um corte curto e moderno.

Ambos entram na loja de conveniência do posto de combustível e sai muito rapidamente com um terceiro elemento oriental, estatura média, cabelos pretos raspados que de tão curtos, deixa aparente uma cicatriz em sua cabeça do lado direito, e este sim, age de forma muito suspeita, olhando em todas as direções e eu me abstenho para que não seja notado, e tenho êxito.

Os três vão em direção a uma van preta que é aberta pelo oriental e o rapaz albino olha rapidamente uma espécie de carga, dá a volta, e entra na van.

David vai em direção ao seu carro com o intuito de segui-los e o que ambos não percebem além da minha presença é que o rapaz oriental dá um sinal discreto em direção a um carro esportivo preto que sai simultaneamente, porém em sentidos opostos ao deles.

Por segundos cogitei em persegui-los, todavia me retive. Pode ser paranoia da minha parte e sigo para o hotel.

Preciso de um bom banho, colocar a cabeça no lugar para não cruzar a linha da anormalidade. Afinal não sou um stalker.

Demoro no banho mais que o habitual e me permito relaxar um pouco. Pego meu notebook e começo a navegar na internet mapeando as redondezas a procura de um bom lugar para comer algo e ver o movimento local.

Visto minha calça jeans destruída preferida, uma camiseta básica azul marinho e tênis de couro branco, bem casual e confortável. Estou pronto para sair, entretanto não muito convicto em fazê-lo.

Entediado, por ter que encarar mais uma refeição solitário, desisto e decido por pedir o serviço de quarto deste hotel cinco estrelas que deve valer a reclusão e o cardápio não me decepciona.

 Bons mesmo eram os jantares que eu e a Lynn fazíamos. As lembranças me invadem sem pedir licença e já estou consumido por elas. Suspiro profundamente e o ar me parece faltar. Tive a impressão que o ambiente em que estava diminuía acompanhado de uma angústia extrema até que ouço o seu pedido de socorro ecoando em minha cabeça: Lynn estava em perigo!

A energia que ela me enviou foi tão poderosa que de repente eu já estava na cena do conflito. Eu nem precisei me concentrar nela para me teletransportar, ela mesma o fez, me trouxe sem ao menos se dar conta do poder que tem sobre mim.

Ergo a cabeça e a pouco menos de dois metros grito para chamar a atenção do agressor da Lynn que bate sua cabeça contra o veículo, aliás, veículo este que reconheço. Era o mesmo carro esportivo que o oriental acenou no comboio que o David estava inserido de certa forma momentos antes. Que droga, David!

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