Assim que Dave retorna com meu carro e refeição ele percebe a minha inquietude, sem saber o que fazer ou agir e nem poderia fazer nada mesmo.
Ao refletir sobre os últimos acontecimentos e os mistérios em volta do Matt que me seduziram a tal ponto de não o tirar dos meus pensamentos. É isso: Matt! Ele era a razão desta inquietude e eu precisava vê-lo, o encontrar, mas como?
Mal toquei no meu almoço, porém, a minha melhor amiga tinha apetite por nós duas e por um instante achei que não teria alimento suficiente no planeta para saciá-la.
— Posso? – Anne olha para meu prato e eu já o empurro em sua direção aliviada.
— Por favor, é todo seu! – Em poucos instantes ela devorou tudo o que pôde.
Dave a olha e oferece um pouco da sua massa, "espaguete a carbonara". Anne termina a mastigação já em andamento, leva o guardanapo à boca antes de fitá-lo.
— Este prato é o seu preferido?
David balança a cabeça de forma afirmativa.
— Bom saber. Dispenso, obrigada. A propósito, nunca mais colocarei massa alguma em minha boca depois desta informação.
Solto um riso despretensioso e ao olhar a expressão de David noto que ele jamais vai tirar onda das coisas que a Anne fala e com isso ele só alimenta as "tiradas" dela. Lamento, mas nem tanto, pois elas me divertem de certo modo.
David contrai a musculatura do rosto, concentra-se no copo de suco de laranja à sua frente e o toma vagarosamente ignorando a cena.
Anne percebe que continua sendo o centro da nossa atenção por motivos diferentes é claro!
Fiquei imaginando para onde iria toda aquela comida diante da magreza em pessoa na minha frente.
— Que é? Estou ansiosa – diz alternando os olhares entre mim e David quando enfim fixa em mim.
— Imagino que você esteja da mesma forma, só que nossos organismos reagem diferente, Lynn. – Rebate ela e claro, condenando o David na sequência por não ter incluído uma sobremesa o que desviou um pouco a indagação sobre a minha ansiedade e respiro em alívio, contudo precipadamente.
Na defensiva, a alegação dele foi que não havíamos solicitado sobremesa e eu não conseguia opinar sobre isso, quando por fim David me encara e por um momento fiquei apreensiva me acomodando melhor ao assento achando que ele percebera o meu ferimento "desfeito", e minha reação foi ajeitar o cabelo para cobrir mais minha testa porque como explicar aquilo se nem eu entendia o que estava acontecendo?
— Sobre o que falavam na minha ausência que elevou o seu grau de ansiedade, Lynn?
Anne então engasga, levanta-se e despede-se com certa urgência sob a alegação de que estava "sobrando" e que tínhamos muito o que conversar saindo numa velocidade jamais vista a ponto de nem dar tempo de me despedir.
— Vai me responder, ou não? – David me soa insensível e retribuo apenas o olhando com certa indiferença.
Realmente, tinha muito o que falar sobre os últimos acontecimentos, entretanto não com ele, pensei, não sabia a melhor forma de dizer isso a ele ainda.
Diante do meu estado de espírito nunca quis tanto que David me deixasse sozinha. Não queria a sua companhia e ele sentiu isso de certa forma. Assim espero!
— Estou exausta, preciso descansar com certa reclusão, se é que você me entende. Podemos nos falar amanhã?
— O que houve? Antes de eu sair estava tudo bem, não estava?
Eu me levanto e saio da copa em direção a sala e ele se movimenta em minha direção.
— Podemos falar sobre isso depois? Estou exausta– Imploro.
Sua expressão era de pânico diante da minha frieza e dispersão.
Hesitante em me deixar ele então revela seus planos para manhã seguinte, dia de retorno às aulas na faculdade, inclusive.
— Não irei à aula amanhã, porém faço questão de deixá-la na faculdade. Passo aqui às 06:30 AM pontualmente, tudo bem?
Ainda em silêncio, meus pensamentos estão a todo vapor. Na verdade, foi muito oportuno o seu compromisso porque eu também tinha planos para o dia seguinte: Encontrar o Matt a qualquer custo. E que ele me dê o espaço que necessito para esta conversa.
— Não precisa. Resolva o que precisar resolver e nos falamos a noite.
— Não vai me perguntar por quê? Antes de dispensar minha companhia?
— Não.
— Posso saber, por que o desinteresse? – Ele então tenta ficar frente a frente novamente para uma aproximação maior e eu me esquivo dele.
— Simples, se eu te perguntar você não vai me responder com sinceridade, como aliás evitou muitas respostas pela manhã, então é perda de tempo.
— Já entendi Lynn, vou te dar a privacidade exigida, senão essa conversa poderá tomar rumos desastrosos.
O meu silêncio dá a concordância que ele esperava e sai sem insistir, entretanto, o agradeço mentalmente por isso.
Precisava falar com o Matt a qualquer custo para obter respostas para perguntas que me exauriam e que iriam além da minha compreensão.
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Q1
RomanceA alma-gêmea de Matthew Heighs está perdida. Ele viajará por entre as dimensões até reencontrá-la, pois simplesmente esperar não é uma opção. Ele a reencontra em Seattle, e é surpreendido pelo inesperado, no entanto, nada irá detê-lo de tê-la novam...