Nota Inicial: Tá aqui, com todo amor.
Epílogo
Minha Querida,
22 de novembro. 24 de março. 19 de maio. 17 de dezembro. 21 de julho. 31 de março. Tantas outras datas especiais que nem nos lembramos de decorar. E hoje. Agradeço por cada um desses números, por cada um desses momentos. Todos eles me fizeram chorar de felicidade, mesmo que não tenha sido sempre na sua frente.
Obrigado por me fazer descobrir que eu amo tomates, por me fazer ir em suas caminhadas matinais, por cobrar o meu descanso, por me dar o melhor presente do mundo que é a nossa filha, por me mostrar que as simplicidades da vida são melhores que as cenas de ação dos filmes que assistimos nos sábados depois do almoço.
Hoje, Sarada está recebendo o que você me deu, disso eu tenho certeza.
Cartas como essas serão mais frequentes, porque estou ficando velho e atitudes piegas já não me constrangem mais.
Com amor, Sasuke.
Aquela dor de garganta que a gente sente quando tenta conter o choro, foi o que senti no exato instante em que me deparei com ela se encarando no espelho. Havia em seus olhos contornados uma expressão assustada e ao mesmo tempo curiosa. Ela observava em seu reflexo a velocidade com que os últimos anos haviam passado e a imprevisibilidade dos próximos. Ela parecia exatamente ela mesma, ela tinha exatamente o mesmo papel de sempre, vê-la naquele momento era algo tão singular que nunca nenhum filme havia exibido algo parecido.
Ela já havia notado minha presença e me olhava pelo espelho, eu apostaria alto no fato de que ela sentia o mesmo incômodo na garganta. E aquele incômodo era causado por um felicidade diferente de todas as que já tive: era contida e serena.
Ela se virou pra mim, se levantou e abriu um sorriso exultante. Fui até ela, com medo de pisar em seu vestido e de estragar o seu cabelo ou sua maquiagem e lhe entreguei o buquê de hortênsias azuis.
Em seguida ela se sentou novamente em uma das poltronas giratórias na frente daquele enorme espelho que ocupava toda a parede daquela sala pálida e tranquila e me apontou a outra em que eu podia sentar.
–Ainda faltam cinco minutos– comentou enquanto ajeitava as pétalas e as folhas do buquê que havia sido feito cuidadosamente pela sua madrinha.
Não pude deixar de me encarar minhas feições pelo menos um minuto. Meus olhos já cercados de algumas poucas rugas só enxergavam com tanta clareza graças a uma cirurgia de correção de grau, meus cabelos estavam bem cortados e minha barba bem feita, ambos com fios pretos, brancos e acinzentados, minha postura um pouco desleixada, provavelmente estaria muito mais se Sakura não me forçasse a ir em suas caminhadas matinais.
–Você está nervosa? – perguntei quando a percebi com um olhar distante.
–Não ao ponto sair daqui correndo e fugir em um carro– ela falou tentando segurar uma gargalhada e eu me surpreendi, corrigindo minha coluna na cadeira e a olhando diretamente nos olhos, com os meus arregalados.
–Saiba que meu carro está a sua disposição, mas você vai ter que dirigir. Já estou muito velho.
Sakura não havia perdido a oportunidade de relatar um dos acontecimentos mais caóticos nossas vidas, mas, com certeza, ela adicionou uma dose de humor para tirar a dramaticidade da história.
–Acho que tivemos que passar por isso para que tudo fosse mais fácil pra vocês dois– disse com convicção. E me lembrei de todas as vezes que as experiências do meu pai me fizeram passar pelas coisas vida uma maneira menos dolorida.
Sakura abriu a porta, sem sequer bater.
–Eu ouvi alguém mencionando alguma fuga?–disse ela, enquanto se aproximava de minha cadeira. Sakura já não pintava os cabelos de rosa desde que havia engravidado de Sarada, fora isso continuava praticamente a mesma só que com trejeitos de mãe.
–Ouviu, Sakura– disse eu, segurando sua mão com a ponta dos meus dedos– mas isso não vai acontecer hoje, eu acho.
Sakura e eu fitamos Sarada por um bom tempo. Poucas pessoas tem a sorte de ser resultado de uma construção tão bonita. Sarada é, sem dúvida, a materialização do amor que tínhamos um pelo outro e a prova de que nossos sentimentos estavam conectados.
Aquela dor na garganta continuava, mas minha vulnerabilidade estava bem expressa na carta que Sakura havia acabado de ler.
–Chochou me chamou pra colocar o véu– disse Sarada, quebrando o silêncio– entramos assim que eu terminar.
Sarada se levantou da cadeira e saiu do camarim.
–Já vou lá pra frente, com Boruto– avisou Sakura, soltando gradativamente minha mão, com um sorriso lindo no rosto.
–Sakura– chamei.
–Oi, querido– ela respondeu meu chamado, antes de abrir a porta.
Lhe devolvi o sorriso.
–Você está linda.
Não era bem isso que eu tinha a dizer, mas foi a única coisa que saiu. Seus olhos ficaram se encheram de lágrimas. Ela sabia que viriam mais cartas, mais cafés da manhã na cama, mais caminhadas matinais. Ela entendia, ela era minha amiga. Principalmente minha amiga.
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O Melhor Amigo da Noiva (Em revisão)
FanfictionEm um dia simples da rotina milimetricamente calculada de Sasuke Uchiha, ele descobre que Sakura, sua melhor amiga, irá casar! Um bom emprego, um apartamento em uma cidade metropolitana, uma beleza ímpar e liberdade já não sossegam mais alma do Uchi...