Estamos todos cansados

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 NOTAS INICIAIS:  Sim, eu sei, demorou. Mas é aquele ditado, meninas, não posto nada que eu não me agrada ou que eu não acho que está bom. O capítulo é longo, então aproveitem, já que só faltam dois capítulos (que serão tão longos quanto) ! 

Espero lançar o 23 ainda esse ano! Por favor, tenham paciência, estou me esforçando muito para escrever algo que eu goste e, consequentemente, trazer um conteúdo bom pra vocês.
Espero que gostem desse capítulo!  

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Aquela dor no estômago seria normalmente descrita pelas protagonistas femininas dos livros favoritos de Ino como um dançar de borboletas que despertaram de um coma. Naquele caso, o coma era grave porém compenetrado de respostas a estímulos dolorosos. Aquela dor tinha todos os cinco sentidos. Ela tinha nome.

Mas os estímulos nunca vinham do que a causava. Vinham, por vezes, das músicas que tocavam em um rádio que não era o do meu carro, de uma lanchonete comprimida entre dois prédios cinzentos, de uma piada simplória contada na mesa ao lado da minha na tal lanchonete apertada e de um simples passar de dedos no plástico bolha que rodeava os livros que eu comprava pelos sebos online.

A porta do elevador abriu e eu continuei parado, olhando para o meu reflexo no espelho. Fazia tempo que eu não me observava daquela forma, inclusive, a gravata parecia um pênis e a câmera do meu celular estava para fora do meu bolso, explícita, tornando minha desculpa um argumento tolo para me afastar temporariamente e recobrar os meu sistema sensorial. A sequência da minha respiração era atropelada por outra, sentia meus poros dilatando permitindo a passagem de um suor frio, o típico gosto metálico na boca que vinha em situações como aquela estava presente.

Decidi sair do elevador e dar uma volta pelo estacionamento, para conter o tremor nas pernas. Todas aquelas reações deviam ter ficado na adolescência, no quarto da minha casa em Manhattan, nas madrugadas que me faziam recordar das besteiras que eu havia feito no dia. Em cada coluna havia um espelho, em cada coluna que passava eu desejava mais e mais ter tido a decência de ter cortado cabelo e feito a barba.

–Sasuke? – aquela voz havia ocupado bastante os últimos meses. Havia se tornado fácil conversar com ele.

–Shikamaru– não precisei nem olhar para identificar a quem pertencia aquela voz arrastada. Me virei em sua direção e ele estava com Temari, que estava com Riki no colo e Ino vinha logo atrás, segurando uma pequena bolsa de bebê– Oi, Temari! Oi, Ino!

–Você está bem? – Ino perguntou, tendo clareza que a resposta seria um blefe.

–Sim, estou, na verdade eu estou meio nervosos porque não consigo ajeitar a gravata.

Temari sustentou Riki em um braço só e puxou a ponta da gravata para baixo. Meu nervosismo havia se contido de vergonha, então decidi entrar no elevador com eles e enfrentar o que não fazia a mínima questão de ser enfrentado.

Ino me direcionou um olhar torto através do espelho, ou ela percebia exatamente o que se passava ou ela estava com um raiva da cor da minha gravata ser de uma cor diferente da que combinamos. Dei de ombros porque qualquer repreensão seria insustentável, o que quer que estivesse ocorrendo, estava ocorrendo dentro de mim, era segundo plano.

O elevador parou no local da cerimônia, arquitetado em seus mínimos detalhes pela genialidade espacial de Hinata. Arranjos de flores emaranhados sutilmente aos bancos de madeira envernizada e estofado alvo e um tapete de veludo vermelho cercado por luzes propositalmente fracas.

–No papel isso parecia muito mais simples– comentou Ino, estupefata. Estava simples, de fato, porém de um jeito clássico e elegante.

–Ok, Ino– eu me pus de frente com ela, colocando as mãos em seus antebraços– me ajuda.

O Melhor Amigo da Noiva (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora