A tempestade estava cada vez mais próxima, porem, ambos estavam protegidos dentro da tenda no fundo do vale, o homem uniformizado estava sentado num tapete rodado por algumas almofadas enquanto degustava algumas frutas que estavam na bandeja ao lado.
_ Essa ajuda que está nos dando é muito importante para podermos eliminar os inimigos que se aproveitam de nossas nascentes de água. Agradeceu o patriarca.
_ Nós também não nos esquecemos de nossos aliados, passagem livre pelo deserto é o que precisamos, não estamos interessando em seus recursos, como enfatizo nas cartas, passagem livre é nosso único termo.
_ Se dependesse apenas de nós vocês já teriam isso, mas com todas essas armas e equipamentos, não vai sobrar mais ninguém para nos impedir de ajuda-los.
O almirante levanta e vai até a porta da tenda. Começa a contemplar o movimento dos federalistas e dos romenos carregando caixas de um lado para outro, ele olha para cima e vê a poeira passando por cima das paredes de pedra em alta velocidade, sendo levada pelos fortes ventos para o sul.
_ Nós íamos apenas passar por aqui e voltar para a capital, mas com essa tempestade, vamos ter que ficar aqui até o tempo melhorar, espero que esteja tudo bem pra você. Observou o general.
_ Não há problema algum, vocês são sempre bem vindos em nossas tendas...
De repente ouve-se uma explosão, o impacto foi tão estrondoso que fez com que o oficial caísse no chão desorientado por alguns segundos.
_ O que está acontecendo aqui? Perguntou o visitante sacando sua pistola, correndo para fora da tenda, cambaleando de um lado para outro e com um zumbido infernal em seus ouvidos.
O navio que estava atracado em cima do acampamento é atingido por uma moto que veio da ponta do despenhadeiro, causando varias explosões. A nave balançava de para os lados, dois homens que estavam no elevador de madeira que ajudava no transporte dos explosivos do navio até o chão, se seguravam nas cordas para não caírem no meio do percurso.
O fogo se espalhou por toda estrutura de madeira em questão de segundos, com o convés completamente em chamas, homens desesperados saltam em para fora em direção à morte, por causa do fogo as cordas do elevador de madeira se partem fazendo com que os dois passageiros desçam em queda livre. O almirante acompanha toda a cena pasmo e ainda desorientado.
Homens correm de um lado para outro, alguns com baldes d'agua para apagar as chamas que haviam atingido algumas tendas, outros queriam salvar os cavalos que estavam abaixo dos navios que desciam lentamente até o solo. O militar correu para dentro da tenda onde estava para salvar o líder religioso da tribo, ao entrar lá, percebe que o velho ainda está sem entender o que está acontecendo.
_ Temos que sair daqui, um dos navios explodiu bem perto de outro e está caindo bem em cima de nós! O oficial segura o braço do ancião e o puxa em direção à saída.
Dois passos antes de chegarem ao lado de fora, ambos são surpreendidos por um uma coluna de madeira flamejante que cai bem na frente da tenda, atrapalhando a passagem e começando um novo incêndio, dessa vez no abrigo feito de tecido no qual estavam abrigados.
_ Mas que merda! Exclamou o almirante.
Sem pestanejar, ele se arma com sua baioneta e segue em direção oposta à saída até chegar ao outro lado, enfiando a lamina afiada no pano ele, abre uma fenda, por onde consegue juntamente com o ancião, escapar ileso.
Ao pisar fora da tenda, ambos constatam que a situação está mais caótica do que poderia se imaginar. O navio que estava caindo em pedaços colide em outro fazendo este também se incendiar e logo após explodir em algumas partes, fazendo com que pedaços de madeira em chamas voassem por todo arraial.
_ Mas pelas Entidades do céu, o que está acontecendo?! Questionou o religioso ao ver o desespero de seus conterrâneos correndo com baldes cheios com água do rio para apagar o fogo no estábulo e tentar salvar os cavalos, outros corriam armados na direção oposta.
O ancião passa pelo almirante e olha tudo à sua volta, o teto de palha que cobria o estabulo incendiou-se como se fosse feito de querosene, homens jogavam água desesperadamente com os seus baldes, mas sem sucesso. Então, eles abrem o protão para que os animais saiam e não sejam carbonizados, todos saem em disparada, e alguns, com seu corpo em chamas, correm desenfreados pelo acampamento.
_ Vamos sair daqui, não é seguro para nenhum de nós! Aconselhou o oficial.
_ Não! Eu vou ajudar meus irmãos a apagarem as chamas! Respondeu o ancião.
_ Não vai adiantar, vamos para perto do rio ou morreremos!
_ Se você quiser ir fique a vontade! O velho se afasta do almirante e dá alguns passos de costas antes de se virar e começar a correr.
Alguns metros a sua frente havia uma cortina densa de fumaça que não lhe permitia enxergar o que havia por trás dela, ele para de correr e se aproxima aos poucos do enorme muro cinzento. De repente a parede de fumaça se abre, dando visão para uma tropa de cavalos desgovernados, alguns deles com seu corpo em camas, não houve tempo para reação. O velho é pisoteado violentamente pelos animais desesperados e morre ali mesmo.
Ao observar aquilo, o almirante corre para não ser atropelado pelos animais, porém, acaba tropeçando em uma pedra e cai desacordado.
_ Ele está vivo. Tragam água para ele, rápido! Ordenou um dos membros da tribo ao ver que o almirante estava recobrando a consciência.
O oficial recupera totalmente os sentidos, percebe que e está em outra tenda, dessa vez bem mais ampla, ele senta na maca improvisada e olha em volta. À sua esquerda no fundo da tenda está um outro oficial de costas para ele e posicionado de frente à outra maca o almirante o reconhece e vai até ele.
_ General, que bom que não está ferido, achei que estivesse no navio que se incendiou.
_ Eu estava, mas desci minutos antes do incidente para ver onde os carregadores estavam guardando as bombas. Parece que as Entidades decidiram que não era minha hora. Já, sobre esse aqui, eles não pensaram mesmo, porém, ele ficou vivo tempo o suficiente para me contar o que aconteceu. Apontou o homem grisalho para o cadáver em sua frente.
_ Quem era ele?
_ Membro da guarda da tribo, antes de morrer por causa dos buracos de bala ele me contou que junto com sua equipe surpreendeu dois espiões tirando fotografias, assim que o grupo se distraiu com as explosões um deles sacou um revolver pequeno, segundo ele, um Sedgley, e matou dois dos seus, e a outra o empurrou pra cima de um dos seus subordinados, que em um ato de desespero descarregou a metralhadora em suas costas antes de ser morto pela mulher, então foram embora correndo.
_ Apenas dois? Assim, no meio do deserto?
_ São do leste, agentes de Dom Henrique. Com certeza, não é de hoje que ele tem soldados enfiados em buracos nessas areias, e são os únicos filhos da puta com treinamento bom o suficiente para escapar de um esquadrão da forma que esse infeliz descreveu. Sem sombra de dúvidas que foram eles que nos sabotaram, nos fizeram perder dois navios e dezenas de homens, tanto soldados como aliados da tribo. Isso não vai ficar barato, assim que invadirmos o leste, Don Henrique vai ser o primeiro a cair.
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A Odisseia de Erik
AventuraUm jovem acorda num lugar do qual não faz ideia de como foi parar lá, em meio a busca pela descoberta sobre seu passado recente, o protagonista se vê em uma posição decisiva numa guerra que está prestes a começar.