Capítulo 6: Confiável?

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_ Pra mim a noite já deu. Vou embora, até mais.

_ Não vai falar com ela?

_ Ela quem?

_ Ali no canto, veio aqui só pra falar com você.

_ Legal, só que eu não tenho nada pra falar com ela, infelizmente perdeu a viagem.

_ Não precisa ser desse jeito Erik, você não pode ficar a vida toda com essa raiva, deviam conversar sobre o que aconteceu.

_ Algum dia, não hoje e nem amanhã. Bom, eu vou indo, pode levar a guitarra no seu carro? É que eu vim de moto e parece que o Samuel está se divertindo com ela, não queria estragar a diversão dele.

_ Pode deixar. A gente se vê amanhã no ensaio.

_ Então, até lá.

_ Erik! Uma voz feminina grita em meio a um cenário totalmente escuro, são como uma radia novela, apenas sons de vozes e coisas em volta acontecendo.

O jovem franzino acorda assustado, mais um daqueles sonhos que vêm como se fossem gravações de áudio de eventos passados e que se encerram com a mesma voz feminina gritando seu em um tom de desespero.

_ Você ficou acordada? Perguntou Erik ao ver Verônica sentada do outro lado da caverna afiando sua baioneta com uma pedra.

_ George e eu ficamos revezando. Achou mesmo que nós dois dormiríamos na mesma caverna com um desconhecido durante uma tempestade de areia? Eu não sei se isso é parte do disfarce ou só é burro mesmo.

_ Você não confia em mim não é? Mesmo depois de eu salvar suas vidas. Disse Erik.

_ Mas que rapaz observador, vamos deixar de papo e ir embora, a tempestade já passou, e a essa altura Saul já deve estar pensando que você nos levou para alguma armadilha.

Verônica acorda seu companheiro pra que o trio possa seguir viagem. Já era manhã do dia seguinte e a areia tinha obstruído metade do abrigo de pedra, os três desbloquearam o caminho o suficiente para a moto atravessar, após isso, seguiram a rota até o esconderijo, a paisagem mudara completamente, mas não era o suficiente para fazê-los se perderem, Verônica era perita em orientação e não era a primeira vez que tinha que voltar ao seu ponto de origem após uma tempestade de areia.

Eles voltaram pelo mesmo lugar de onde saíram um no dia anterior, uma passagem escondida no cânion, George bate quatro vezes com um intervalo de um segundo entre cada batida e mais quatro vezes com um intervalo de meio segundo entre cada batida e por fim bate mais nove vezes com um intervalo de um terço de segundo entre cada batida. Após isso, porta de metal se abre, havia um agente especificamente designado para essa função atrás dela.

_ Que bom que voltaram, Saul disse que se não retornassem até o meio dia mandaríamo um grupo de busca.

_ A tempestade nos atrasou, entramos na primeira caverna que achamos e esperamos ela passar. Saul se preocupa demais. Explicou George.

_ Onde está ele? Perguntou Verônica.

_ Com o Tony na sala dele.

_Eu ainda entendo o porquê você usa cilindros ao em vez de discos planos, essa coisas não estão ultrapassadas? Questionou Saul ao ver mais uma das adaptações de Tony.

_ Discos planos são o que há de mais moderno em captação de áudio, porém, é bem mais fácil esconder um cilindro em lugares compactos como uma bolsa feminina ou até uma maquina fotográfica, que é o caso desse dispositivo. Parece uma maquina fotográfica comum, mas você aciona o botão que serviria para tirar a foto e ele começa a gravar por cinco minutos. É bem mais fácil fazer eu mesmo fazer um cilindro que caiba aqui do que um disco plano. Entendeu agora? Todo o dispositivo é alimentado por uma bateria, que não dura muito, mas é o suficiente para conseguir alguma coisa. Explicou o rapaz.

_Sabe. às vezes eu dou graças às entidades por você trabalhar para nós e não para os federalistas. Ressaltou Saul enquanto admirava a aparente câmera.

_ Bom saber que já estão aqui, Tony. vou precisar que examine o conteúdo disso aqui.

_ Bom saber que o desconhecido não levou vocês para uma armadilha. Debochou Saul.

_ Na verdade o "desconhecido" salvou nossas peles, e com destreza, eu diria. Revelou Verônica.

_ O que aconteceu?

_ Ele derrubou dois navios usando uma das motos. Disse George assim que entrou.

_ Quer dizer que ele sabe pilotar aquelas coisas?

_ Independente de quem ele seja, nos tirou de uma enrascada, se não fosse por ele, é bem provável que estaríamos sendo torturados por aqueles romenos. Atentou Verônica.

_ E o que conseguiram por lá?

_ Me lembro de quando ouvia rumores de que os federalistas atravessariam o deserto e invadiriam o Leste por terra. Achava que era impossível, algum país ter passagem livre pelo deserto sem entrar em conflito com nenhuma tribo nativa, principalmente usando tropas, porém, depois do que vi hoje, estamos à beira de uma guerra. Relatou George.

Verônica puxou uma cadeira, se assentou e continuou o relato.

_ Eles estão armando os romenos com artilharia de pesada, os romenos tem uma rixa antiga com outras tribos que vivem perto das nascentes de água mais ao leste. Com todo aquele armamento eles não teriam problema em combater qualquer povo que seja. Todos usam no máximo fuzis Mauser e revolveres do século passado, não sabem sem sequer usar armas automáticas. Silvio, líder da corte de juízes do parlamento também estava lá, parecia estar satisfeito com toda a operação.

_ Silvio Koren, de Sidon? Estão comprando os magistrados do parlamento. Conluio Saul.

_ Sim, primeiramente vamos falar com o professor Hemilton, depois vamos até a capital encontrar com Dom Henrique, nesse meio tempo sugiro que devamos revelar o máximo possível dessas fotos e colocar em cada jornal de cada cidade, estampar em cada esquina.

_ Precipitado... Disse George.

_ Como assim? Temos que divulgar isso para o máximo possível de pessoas! Exclamou Verônica.

_ Então, o que você sugere. George? Perguntou Saul.

_ Se lançarmos isso nos jornais eles vão alegar que é falsa propaganda. E não preciso nem lhes lembrar, que, praticamente todo o jornal de grande circulação e emissoras de radio de grande audiência são subsidiados pelo partido ou pertencem a grandes magnatas ligados a eles.

Todos na sala pararam e para pensar e chegaram quase que simultaneamente à conclusão de que George estava certo. Todos ficaram em silencio até que o navegador continuou com o raciocínio.

_ Fora que se eles souberem que sabemos eles vão mudar à tática e lá se vão meses de investigação. Eu sugiro que mostremos as provas na reunião do grande parlamento daqui a seis meses, eles não vão saber como se defenderem e serão desmascarados na frente de todos os outros lideres, vai ser como um tiro na cabeça, sem chance para reação.

_ Parece ser interessante, mas Dom Henrique me recomendou que fosse avisado pessoalmente antes que qualquer estratégia fosse tomada. Alertou Sul.

_ Aqui estão. As fotos e aqui os negativos. Avisou Tony, que acabara de sair de uma salinha com luz vermelha.

_ Muito bom, ficaram bem nítidas. Observou Verônica.

_ Bom, a gente quase não consegue voltar por causa dessas fotos, é de se esperar que estivessem no mínimo aceitáveis. Falou George.

_ Não é seguro vocês passarem esse tipo de informação por telegrafo ou telefone, primeiro vão até Hobeikah, ninguém conhece vocês por lá, encontrem o professor, nos encontramos Bucara.

_ Partiremos o mais breve possível, mas o que fazemos com ele o Erik?

_ Você que declarou a custodia dele, então está sob sua reponsabilidade, ele vai com vocês, o professor Hemilton vai ajudar a descobrir se ele realmente não se lembra de nada ou só está tentado alguma coisa. Respondeu Saul.

_ Mas onde será que eu vim parar? Pensou o rapaz, acompanhando a conversa com um olhar completamente perdido. Não sabe de onde veio ou como foi parar naquele lugar. Teria sua presença alguma participação naquele contexto? Era a pergunta que martelava em sua cabeça na medida em que ouvia sobre a iminência de uma guerra entre nações.

A Odisseia de ErikOnde histórias criam vida. Descubra agora