A IMORTALIDADE

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DANTE

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DANTE

O corpo de Lia se perdeu no rio, fiquei ajoelhado à margem esperando como um tolo que retornasse, pois a dor que sentia era imensurável, como se a minha vida tivesse sumido nas profundezas do rio junto com ela.

Uma parte de mim queria voltar ao nosso último momento juntos, onde as carícias e as juras de amor eram as únicas ferramentas que usamos: não machados, foices, flechas incendiárias.

Meu estado letárgico não deixou que ajudasse os homens a tirar meu irmão do rio e ele foi praticamente sugado, enquanto papai gritava em desespero.

Os raios cruzavam os céus e uma linda noite de lua deu lugar a uma tempestade, deixando claro o início da escuridão para mim e minha família.

- Vamos Dante, precisamos sair daqui, gritou meu irmão mais novo.

Os homens corriam levando papai com eles, enquanto nada me abalava, a não ser a visão do medalhão que Lia levava sempre no pescoço que apareceu na superfície do rio. Não sei o que me impulsionava, mas a minha intuição me levou a tentar busca-lo. Quando papai mandou que os homens me tirassem de perto do rio e me fizessem correr pela trilha na floresta, afinal a tempestade que se formou era assustadora.

Os dias depois da caça as bruxas se seguiram melancólicos, senão fosse pelo frágil estado de saúde da minha irmã, nem do quarto sairia, mas com a morte do meu irmão mais velho, passava a ser o herdeiro do clã e o futuro chefe da família, portanto as minhas obrigações aumentaram sensivelmente.

Continuávamos fechando muitos negócios, enriquecíamos ainda mais enquanto a nossa família se desmantelava, minha irmã faleceu dois meses depois da primeira aparição das chagas.

Eu e meus dois irmãos mais moços éramos tudo que restou para papai.

Um ano depois do ocorrido, papai me chamou para falarmos sobre casamento, afinal precisávamos de herdeiros.

- O senhor tem alguém em mente? Aquela era uma decisão que deixaria para que papai tomasse, afinal quem eu desejava como esposa, estava agora no fundo do rio.

- Você é sem dúvida a luz que me sobrou Dante, como bom filho não me questiona, por isso tomei o cuidado de conversar com o bispo e ele me recomendou a sobrinha dele, moça prendada com um ótimo dote, mas principalmente que cuidará bem de você e desta casa.

Casei com Lorena dois meses depois, mesma época em que meu irmão Paulo, começava dar os primeiros sinais da loucura como Lia havia amaldiçoado papai.

Tentando conter o desespero que suas crises deixavam a casa, fui a Roma em busca de um padre que cuidava de doenças da cabeça como chamávamos.

Segui a cavalo pela estrada junto com mais dois cavalariços quando nos deparamos com uma comitiva que vinha de outra cidade com destino a Roma, eles levavam uma carroça com uma mulher acorrentada, com toda certeza mais uma bruxa seguindo para os porões da inquisição.

O Espírito do MedalhãoOnde histórias criam vida. Descubra agora