QUERO UM BEIJO

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DANTE

Tinha que admitir a Lia tinha poderes que não fazia ideia, muito menos mensurava o tamanho deles. Sempre considerei Baltazar um mago capacitado e de grande conhecimento, mas perto da Lia ele não passava de um aprendiz.

Parte de mim ficava orgulhoso dela, mas a outra parte, aquela que tem plena consciência de que ela é o meu amor da minha eternidade tinha medo, pois sabia que o preço cobrado era absurdamente alto e não queria perdê-la de novo.

Depois das explicações de Baltazar realmente comprovamos que a Pedra Malta seria totalmente capaz de recuperar o corpo de Lia.

Em todos aqueles anos tinha visto tanta coisa através da magia, um mundo que fugia a lógica pregada pela ciência e porque não dizer pela igreja.

Baltazar preparou as peças egípcias para a troca que ocorreria no dia seguinte durante a festa da cidade, tinham que passar pela avaliação inicial de Greta e Penélope.

- Sabe que é apenas um disfarce, não sabe? Perguntou Baltazar.

- Aguentará o tempo suficiente da Lia sair de perto delas? Perguntei preocupado.

- Sim, não tenho dúvida. Completou olhando para a Lia.

- Que bom! Não sei se seria uma boa ideia entrar em uma briga com as duas agora. Disse Lia, torcendo a boca.

- Mas terá que fazer um bom disfarce, porque elas poderão senti-la. Observou Baltazar, o que me deixou preocupado.

- Não se preocupe, por estar no corpo da Cecília consigo na hora destacar a sua essência e assim não tem como me perceberem.

- Tem certeza Lia? Perguntei preocupado.

- Sua falta de fé está começando a me incomodar, Dante. Observou estreitando os olhos.

- Desculpe. Disse simplesmente.

Depois da partida de Baltazar, fui ver com Joaquim os planos para recuperarmos a pedra Malta, enquanto Lia foi para o jardim com Marley. Quando o adotei não pensei que um dia ele fosse me abandonar por uma linda feiticeira ruiva com sardinhas.

Estava os olhando pela janela que ligava ao jardim, quando Joaquim perdeu a paciência comigo.

- Dante, precisamos que se concentre! Reclamou.

- Desculpe Joaquim. Disse o olhando de volta.

- Depois de séculos e você ainda a ama? Perguntou curioso.

Olhei para Joaquim e sorri admitindo.

- Amo muito, Joaquim. Mas a minha ignorância e obediência à fez sofrer demais. Disse sentido.

- Talvez o destino esteja lhe dando uma nova chance.

- Pode ser. Mas vamos ao que interessa, recuperaremos a pedra antes da festa de amanhã, quero estar de volta quando Lia tiver que se encontrar com Penelope e Greta.

- Mas não poderá estar presente e depois se elas descobrirem que a pedra sumiu antes do encontro, pode ser um problema. Observou Joaquim.

- Baltazar tem uma réplica da pedra e a mandará hoje à tarde para substituirmos, realmente acredito que só entrarão em ação depois que estiverem como todas as peças para o que seja lá estejam juntando.

- Faz sentido.

- Seus pais deram notícia? Perguntei.

- Acredito que gostará de saber. Só chegarão depois da festa, o que se tudo der certo já teremos tirado a Lia do corpo da Cecília.

- Perfeito. Era o que precisávamos.

Discutimos, mas alguns pontos e o restante, faríamos quando Joaquim voltasse da cidade vizinha com as fotos que tirasse do lugar exato que o mapa desenhado pelos poderes da Lia disseram que a pedra se encontrava.

Depois que ele saiu fui em busca da minha bruxinha de cabelos de fogo e quando senti um cheiro divino vindo da cozinha segui para o lugar. Parecia que estava fazendo bolo.

- O que está fazendo? Perguntei quando a vi retirar algo do forno.

- Bolo de maçã com canela. Disse com um sorriso que me fez querer beijá-la de novo.

Tínhamos que conversar, mas ainda não sabia se Lia estava disposta a ouvir e me perdoar.

- Deve estar uma delícia. Disse daquele jeito que demonstra que a pessoa tem muito a dizer, mas a busca pelas palavras está bem complicada.

Ela felizmente não aumentou conversa, apenas se encaminhou para a mesa em busca de um prato. Depois de colocar uma fatia me entregou.

- Cuidado que está quente. Disse com aquele mesmo zelo de que me lembrava.

Segurei o prato e o garfo e antes de experimentar, disse o que meu coração precisava esclarecer.

- Algum dia conseguirá me perdoar?

Ela me olhou e sorriu.

- Sei que também sofreu bastante, portanto, acho que teríamos de perdoar um ao outro. Comentou se servindo de uma fatia de bolo.

Diante do que disse achei que o melhor era não dizer mais nada e coloquei um pedaço do bolo na boca.

- Hum! Lia, está divino! Disse, comendo outro pedaço em seguida.

- Cuidado que vai engasgar! Alertou, diante da minha ansiedade.

Reclamava assim toda vez que nos encontrávamos e levava uma guloseima que devorava rapidamente. Por isso diante dessa recordação carinhosa, acreditei ser o momento perfeito.

Parei o que fazia coloquei o prato sobre a mesa e a puxei pela cintura, coloquei seu prato ao lado do meu, quando a todo o tempo ela me observava pensativa.

- Quero muito um beijo, mas sem ser atingido por uma colher. Disse e ela apenas riu.

- Estamos no processo de pedir perdão e já quer um beijo. Disse cruzando os braços na frente dos seios, enquanto a mantinha enlaçada pela cintura.

- Lia, já vivemos tempo demais para desperdiçarmos momentos que surgem e por falar em tempo tenho tanta saudade de você quanto sei que tem de mim. Afirmei.

Ela me olhou daquela maneira que sabia que pesava os pontos até que colocou as mãos em meu peito e sorriu consentindo, era o que precisava.

Minha boca buscou a sua e meus lábios sentiram os que no momento podiam sentir, fechei os olhos, porque o rosto que queria era a Lia de quinhentos anos atrás.

Minha língua invadiu sua boca e como se traçando o caminho para casa começou a relembrar cada vez que estivemos juntos.

Sabia que o corpo não era o dela, mas quando nos tocávamos não eram apenas carne, eram nossas almas se reencontrando.

Suspirei contente e ela gemeu satisfeita, quando ouvimos a campainha tocando.

- Baltazar. Dissemos ao mesmo tempo.

- Ele trouxe uma replica da pedra. Agora mais do que nunca precisamos recuperá-la. Disse a soltando e a olhando de maneira significativa.

A maneira como Lia me olhou entendeu o meu interesse na pedra, afinal ela teria o seu corpo de volta e depois...

G8j

O Espírito do MedalhãoOnde histórias criam vida. Descubra agora