ALEMANHA - 1939

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ALEMANHA 1939

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ALEMANHA 1939

LIA

Desde o meu encontro com Dante viajei em muitos pescoços e salvei muitas mulheres da ilusão de um sentimento que surgiu na humanidade apenas para acabar com a paz de seres indefesos.

Agora estava vivendo uma época tão brutal quanto a da época que tinha nascido. Segunda guerra mundial, novamente a humanidade vivia uma caçada, sendo que agora os judeus e outras minorias eram a caça.

Desta vez a pobre garota iludida era a Greta e mais uma vez meu espirito lutaria para defender o que acreditava, pedindo ao cosmo que continuasse me livrando de qualquer contato com o Dante, algo me dizia que ele recorreu aos recursos que tanto menosprezou para se manter em uma caçada.

- Você entrou para o partido nazista? Perguntou Greta, apertando angustiada, o medalhão que herdou da sua tia.

- Entrei, era a única maneira que encontrei de protegê-la. Disse.

- Hans, eu sou judia, como me protegerá se tornando o meu pior inimigo? Perguntou.

Parada ao lado de Greta percebia o quanto estava envolvida e o quanto Hans não merecia a sua confiança.

- Escondendo você de todos os outros. Afirmou, mas não havia pureza em sua colocação.

- Como assim? Perguntou inocente.

Sem dúvida não havia maldade em Greta e tive a certeza que ela precisava da minha ajuda.

- Chefiarei uma prisão que ficará aos arredores de Berlin, irá comigo como minha protegida, assim não correrá riscos.

- E como faço com a minha família? Perguntou apavorada.

- Greta, não tenho como salvar a todos.

Aquele dia, quando voltou ao gueto que sua família vivia junto com mais algumas famílias judias, descobriu que todos os seus parentes tinham sido levados, o sentimento de impotência e solidão a dominou, percebendo assim que o melhor a fazer era aceitar a proposta de Hans e ficar sobre a sua proteção.

Duas semanas depois Greta seguiu com Hans para a prisão Hamishort, sua vida era difícil, mas ele cumpriu o que prometeu, ela tinha uma cela só para si e trabalhava como sua secretaria no escritório do presidio, a noite tinha a liberdade de viver o amor que os uniu um dia.

Até que em uma contagem feita por um superior a Hans, Greta teve que ficar no meio dos outros prisioneiros e encontrou seu irmão entre eles.

- Greta, tive tanto medo do que teria lhe acontecido! Disse a olhando porque sabia se houvesse contato físico os soldados bateriam nos dois.

- Eu estou bem, Hans me protegeu e vou pedir a ele que faça o mesmo por você e por nossos pais.

- Hans?! Ele é um monstro Greta! Mandou nossos pais para a câmera de gás e tortura a todos nesse inferno em que estamos vivendo.

- Não pode ser! Ele me disse que não sabia para onde vocês tinham sido levados.

- Mentiroso! Quando fomos pegos no gueto a guarda nos entregou a ele.

- Meu Deus! Disse Greta em desespero.

Com o testemunho de seu irmão, vi o momento propício para mostrar a Greta às verdades sobre o amor.

- Ele mente e matou os seus pais. Disse ao seu ouvido, pensando o quanto Hans e Dante tinham em comum.

Naquela noite como de costume Hans foi a sua cela e ela o esperou para tirar toda história a limpo, não poderia ficar ao lado de um homem que tinha matado os seus pais.

- Hans, encontrei Aleph no pátio com os outros prisioneiros. Disse-me que não sabia da minha família e ele me contou que foi o responsável pelas prisões. Comentou com medo, por isso soprei em seu ouvido uma antiga cantiga para que não desistisse da iniciativa que teve.

- Aleph pagará por tê-la importunado. Disse com ódio e ali se deu conta que se apaixonou por um monstro, um nazista cruel e insensível.

- Ele é meu irmão! Implorei segurando em seu braço.

- Desde quando cachorros têm irmãos? Devia ficar feliz por tê-la mantido, afinal sempre foi o meu animalzinho preferido.

- Hans! Disse chocada.

- Greta, tire a roupa e me sirva, é o único propósito de estar aqui e não com os outros.

Olhou para ele apavorada e chocada, quando por instinto segurou o colar e intensifiquei a minha energia para que criasse a coragem de fazer o necessário.

- Ele matará o seu irmão e depois você. Não existe amor! Mate-o e garanta que não fará mal a mais ninguém!.

- Ande logo, o que está esperando? Perguntou Hans, mas nos olhos de Greta percebi meu feitiço fazendo efeito.

Greta, olhou para pequena mesinha no canto da sua cela e viu o coldre com a arma. Perdendo enfim o medo que a dominava, fez o que era mais apropriado ao momento, pegou o revólver e um Hans muito assustado foi atingido por um tiro certeiro no peito.

Guardas invadiram a cela e ela apontou para a própria cabeça tirando a sua vida. Olhei para o seu corpo caído no chão, sabendo que aquela seria a única liberdade que teria, já que o mundo era um lugar para poucos.

Presenciando as histórias das mulheres que usavam o medalhão cada vez mais me sentia segura morando nele e não tinha a menor pretensão de sair.

Presos vieram buscar o corpo de Greta e uma delas tirou o medalhão e o escondeu em seu avental, enquanto o corpo seguiu para ser incinerado.

- Quero ver o corpo da mulher que matou o oficial! Gritou um homem chegando próximo ao forno, quando a presa que guardou o medalhão no bolso se virou o que chamou minha atenção, vi o Dante, vestido como oficial nazista.

O traje ficou perfeito nele, o nazismo sem dúvida lhe caía bem, só queria saber como se tornou imortal.

O responsável o informou que o corpo tinha sido queimado.

- O que usava? Perguntou interessado e aquele gesto me alertou para que na verdade Dante perseguia o medalhão.

Ele sabia de mim e pelo visto queria me destruir de fato.

O amor que tivemos virou ódio e agora éramos inimigos, por isso fui até o guarda que tomava conta dos presos e soprei um feitiço, mandando que todos os presos que transportaram o corpo voltassem ao dormitório. Ele obedeceu no mesmo instante.

Quando a mulher que levava o medalhão no bolso já estava do lado de fora, ouvi a voz de Dante perguntando pelos presos que fizeram o transporte e o responsável respondendo que foram fiscalizados e tudo que é encontrado com os corpos é incinerado junto.

Respirei aliviada, por hora estava segura, mas tinha que pensar em uma maneira de me manter segura e proteger o medalhão, por isso fiz a mulher que o escondeu no bolso negociá-lo com um homem que vinha entregar tecido para o trabalho escravo dos presos em troca de comida, com isso o medalhão deixou o campo e Dante ficou para trás.


O Espírito do MedalhãoOnde histórias criam vida. Descubra agora