Capítulo 17- Altschmerz

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Parecia que sempre que procurava alguém a escola se tornava ainda maior. E era isso que estava a acontecer nesse momento. Espreitava para dentro de cada sala, para o fundo de cada corredor mas não havia sinal dele. Quando estava prestes a desistir uma voz chamou-me:
-Mack!- era ele. Girei sobre mim mesma e lá estava ele no início do longo corredor. Aproximei-me. Ele fez o mesmo.- Eu estava à tua procura. Preciso de falar contigo. É muito importante!
-Eu também. Quero dizer, também estava à tua procura e também preciso de falar contigo.- respondi-lhe. Notei alguma preocupação no seu olhar. Podia ser só impressão minha.
  -Vamos lá para fora. O meio do corredor não me parece o sítio mais...- fez uma pausa para escolher a palavra.- indicado.
  Saímos do edifício e fomos para uma espécie de pátio que existe na escola. Nesse mesmo pátio encontram-se algumas mesas (daquelas do género que há nos parques de merendas) e uns quantos canteiros com bastantes flores plantadas e uma pequena árvore no meio.
  Sentámo-nos numa das mesa mais afastadas. Pus a mochila no chão e as mãos em cima da mesa. William fez o mesmo.
  -Eu fui falar com a Brianna.- disse ele. Curto e seco. Eu arregalei os olhos devido à surpresa que senti.- Ela não tem nada a ver com o que te está a acontecer.
  Fiquei em silêncio. Não tinha nenhuma resposta planeada. Não era isto que esperava ouvir. De todo. Engoli em seco.
  -Estás... estás bem?- perguntou William, trazendo-me de volta à realidade. Como é que lhe havia de explicar que não era suposto ele estar envolvido naquilo? Que não era suposto ele sequer ter ido falar que estava num dos principais lugares na lista de suspeitos? De qualquer maneira eu iria estragar tudo isso hoje. Eu sabia que não ia conseguir esconder aquilo durante muito mais tempo dele. Se é que ele já não sabia. Ou suspeitava.
  -Eu não estava à espera.- foi tudo o que consegui dizer.
-Nem eu.- respondeu firmemente William, o que me levou a arregalar de novo os olhos.- Não estava à espera que depois deste tempo todo estivesse a acontecer tudo outra vez.
Não sei descrever o que senti naquele momento. Vieram-me algumas lágrimas aos olhos mas consegui contê-las.
-Tu... tu sabes?- perguntei-lhe quase num sussurro.
-Não, mas desconfiei. Depois de tudo o que se passou no meu aniversário eu não podia ficar parado à espera que algo pior aconteça. Eu tinha que agir!
Contei-lhe tudo. Contei-lhe sobre as mensagens anónimas, sobre a encomenda, a carta, a perseguição e todas as coisas que tinham envolvido R.L. nos últimos meses. Quando acabei ele estava com um semblante carregado. Pensei que talvez estivesse sentido comigo por lhe ter escondido tudo isto. Baixei a cabeça e foquei a minha atenção no tampo da mesa.
-Desculpa. Desculpa-me mesmo.- afirmei ligeiramente envergonhada.- Eu só não queria envolver-te nesta confusão toda!
William pôs a sua mão no meu queixo obrigando-me a olhá-lo nos olhos.
-E eu não quero que te arrisques sozinha desta maneira. Eu não quero que te aconteça nada ouviste?- ele proferiu estas palavras com uma expressão fechada, no entanto, quando terminou, a sua cara iluminou-se. Senti a minha cara queimar.
-Eu não estou sozinha. A Summer, a Kathy e a Sarah estão a ajudar-me, e muito. E...- perdi-me nos meus argumentos.
-Eu não estou a falar nesse sentido apenas.- cortou William.- Eu imagino que elas sejam um grande apoio para ti, mas eu acredito que também existem alturas em eu não te sintas forte o suficiente para enfrentar tudo. E é normal, todos nós temos os nossos momentos de fraqueza. E nesses momentos eu quero ser o alguém que vai estar sempre lá para te apoiar!
  O meu rosto abriu-se num grande sorriso e, num gesto quase instantâneo, coloquei a minha mão por cima da de William. Ele desviou a atenção da minha cara para as mãos e sorriu também.
  -Eu não tenho palavras para te agradecer o simples facto de estares aqui!- afirmei ligeiramente corada.
  Ficámos alguns segundos em silêncio até que me recordo de um dos motivos da nossa conversa.
  -William,- ele voltou a olhar-me- o que é que... o que é que tu e a Brianna estiveram a falar?
  -Eu ainda não sabia nada sobre R.L. então eu fui meio que "às escuras" encontrar-me com ela. Eu perguntei-lhe se o que quer que fosse que se estava a acontecer era obra dela. Ela ficou escandalizada. Começou a gritar comigo. A dizer que eu estava a julgá-la em função do passado e um monte de outras baboseiras.-contou-me ele. Imaginei a cena em que Brianna arma um escândalo. O meu interior mais profundo permitiu-se a rir um pouco. No entanto insisti com William.
  -E tu, acreditaste nela?
  -Sempre houve uma coisa que admirei na Brianna. A sua frontalidade. Eu não tenho dúvidas de que ela teria lata suficiente para admitir que era ela que estava por de trás de tudo. Sempre teve.- vi-me obrigada a concordar com ele. Era a mais pura das verdades.
  O som estridente do toque de entrada ecoou pelo exterior da escola.
  -Vamos?-perguntei eu enquanto pegava na mochila.
  -Sim! Já agora... o que é que vamos ter agora?- questionou William com uma expressão ligeiramente comprometida.
  -William tu só podes estar a brincar comigo?! Já estamos quase a meio do ano e tu ainda não sabes o teu horário?- reclamei eu. No entanto um sorriso surgiu-me.
-Desculpa lá se sou uma pessoa bastante ocupada.- justificou ele num tom irónico. Não consegui evitar rir.
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  "Altschmerz. Estava a ler um artigo que se chamava "Palavras que a língua inglesa devia adotar". E cruzo-me com ela (ou ele). Li a descrição. "Cansaço com as mesmas questões antigas que sempre tiveste- as mesmas falhas e ansiedades chatas pelas quais estás a passar há anos...." Lembro-me que no início não dei muita importância a essa palavra. Mas isso mudou. Tenho notado que a minha vida nos últimos 2 anos tem sido um completo ciclo vicioso. Eu quero fazê-lo parar. Eu tento com todas as minhas forças mas parece que vai sempre existir algo mais.
Perspectiva. É tudo uma questão de perspectiva. A forma como encaramos os problemas, as situações, as pessoas, tudo o que se passa à nossa volta. Chegou a altura de pôr isso em prática. Talvez a/o tal de Altschmerz possa ter um fim."
  Lembro-me de escrever esta entrada no meu diário no último dia do ano. Pensava que seria uma resolução para o novo ano. Algo que teria de mudar definitivamente. Estamos no fim de janeiro e até agora nada mudou. Sinto-me impotente. Mas ao mesmo tempo sinto que ainda há algo que pode ser feito.
  Tenho de procurar esse algo.
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Oláaaaa Queridos Leitores!!
Acho que nunca pensei em dar um nome tão esquisito a um capítulo 😂
Espero que esteja tudo bem convosco e antes de mais (e apesar de já faltarem poucos dias para acabar janeiro) quero desejar-vos um ótimo 2018! E que todos os vossos sonhos se possam realizar!
Quanto a mim, vou dedicar-me bastante às minhas escritas e ESPERO que este ano consiga concluir a "Dear Diary". Tenho imensas coisas planeadas e mal posso esperar por partilhar tudo convosco!
Mais uma vez, espero que tenham gostado de mais este capítulo e de como está a evoluir a história!
  Só para finalizar quero agradecer tudo o que me proporcionaram no ano de 2017!! Vocês são fantásticos mesmo sem saberem! ❤️
  Como sempre vejo-vos na próxima!
iTwelve

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