O despertador gritava. O sol brilhava invadindo e iluminando todo meu quarto, fazendo com que meus olhos ardessem. Me senti o próprio Gollun, querendo fugir da luz do sol, me escondendo entre os cobertores. Olhei pela janela do meu quarto, e percebi o quão tentador era a possibilidade de pular dela.
Apesar do calor que fazia, ventava muito em Chillyand. As persianas do meu quarto dançavam loucamente seguindo o ritmo do vento.
Já pela manhã, eu ouvia meus pais brigando. Desde nossa mudança aos Estados Unidos, as brigas se tornaram cada vez mais frequente. Eu fazia o papel que eles queriam que eu fizesse, eu fingia não ouvir, e não tocava no assunto. O clima em casa se tornava cada vez mais pesado.
Eu realmente achei que a mudança, nos aproximaria ainda mais do que antes, mas só nos afastou como nunca.
Desci as escadas fazendo o máximo possível de barulho com os pés, para que meus pais percebessem minha presença, e só por um breve momento, parassem de discutir.
Aparentemente tinha funcionado, pois percebi que os dois diminuíram a voz rapidamente
— Bom dia mãe, bom dia pai. — Anunciei minha chegada.
— Oi filha. — Meu pai me deu um beijo na testa — Estávamos falando sobre seu primeiro dia de aula. Ta animada?
— To sim — Menti — Quando vai ser?
Eu devia ter falado algo de errado, pois meus pais se olharam e deram uma gargalhada. Apesar da situação constrangedora, fiquei feliz por ouvir a risada dos dois.
— Como assim filha? — Minha mãe parecia se divertir com a situação — É hoje seu primeiro dia de aula.
Foi então que eu me engasguei com minha própria saliva e ar. Apoiei-me em meu pai, pois eu sentia que iria desmaiar. Os dois continuavam rindo.
— Como assim? Por que vocês não me avisaram? — Recuperei o fôlego por um instante, pois senti a necessidade de reclamar — Eu não posso ir, eu não to preparada.
— Nós te avisamos sim filha. Mas você estava o tempo todo no celular ouvindo música. Não deve ter nos ouvido.
Eles estavam certos, eu passei esse tempo todo com os fones no ouvido. Mas só para ouvir outra coisa que não seja os gritos furiosos dos meus pais brigando, então tecnicamente, isso é tudo culpa deles. Que decepção, pai e mãe!
— É melhor você correr, se não vai chegar atrasada na escola. O ônibus não vai demorar pra chegar.
Voei de tão rápida que eu fui para o banheiro. Tomei um banho e fui para meu quarto.
Notei que em cima da minha cama, havia um pacote embrulhado. O abri, e vi um vestido vermelho e xadrez, fiquei apaixonada! Nunca havia visto um vestido tão lindo antes, sem mais delongas, o vesti. Junto com ele, coloquei uma meia calça preta.
Sentia-me bem com o que via no espelho.
Desci e fui até a porta de casa. Minha mãe me esperava com um saco escrito "lanche".
— Você está linda minha docinha. — Ela abriu um sorriso de orelha a orelha.
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*Chillyand: Cidade ficticia do livro "Escrava dos meus sentimentos". Localizada ao norte dos Estados Unidos, Chillyand é uma cidade com o clima predominatemente frio, com relevo montanhoso. Possuindo cerca de sessenta mil habitantes, é considerada uma cidade pequena e pacata.
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Escrava dos meus sentimentos
RomanceMudanças. Palavra que ironicamente se tornou algo repentino e comum na vida de Emma, que por ter pais missionários, nunca teve a experiência de uma vida adolescente normal. Quando finalmente seus pais decidem criar raízes em algum lugar, eles escol...