Ao longo do caminho fui observando a paisagem que ficava para trás. As folhas das árvores caíam brandamente, dando um início ao outono, e um fim ao inverno.
Era triste como as pessoas ao meu redor ignoravam a beleza que estava diante aos seus olhos. Ao invés disso, eles optavam por se auto admirarem em selfies, participando de uma eterna competição tóxica de quem possuía mais curtidas em suas fotos.
Assim que o ônibus chegou a escola, esperei todos os alunos descerem, pois sabia que uma muvuca se formaria, e só de pensar na ideia de um aglomerado de gente em minha volta, me dava nos nervos.
Eu tenho pavor de lugares apertados, onde tenha muitas pessoas ao meu redor. Meu é impulso de sair chutando ou dando socos. Tenho a sensação que sair chutando e socando as pessoas ao meu redor, não me renderia um bom primeiro dia de aula (Nem um bom ano letivo)
Sem mais delongas, entrei na escola.
Por mais que eu soubesse que não, eu sentia como se todos os olhares se voltassem a mim. E acredite ou não, não era do tipo de olhar bom. Era como se eu tivesse feito algo muito ruim, e eles devolvessem com olhares de desprezo.
A cada passo que eu dava, minhas pernas ficavam cada vez mais pesadas. Como se em questão de segundos, meu corpo não fosse aguentar todo o peso, e desabasse como um castelinho de areia.
Andei pela escola com o objetivo de descobri-la por dentro (E como uma forma de tentar me distrair das pessoas também).
Era engraçado como você descobria tantos das pessoas só ao olhar pra elas. O modo como elas se vestiam, falavam, com quem (ou com o que) andavam, tudo isso dizia muito sobre elas.
Risadas, eu ouvi risadas? Será que eram sobre mim? Não. Não deve ser. Mas e se for? Será que eu to feia com esse vestido? Eu devo estar muito esquisita. Merda de pessoa que eu sou.
Apressei os paços em busca do banheiro. Assim que eu o achei, empurrei a porta tão forte, que o som do impacto dela com a parede, ecoou pelos corredores.
As pessoas olhavam para mim. E agora eu sabia que não era coisa da minha cabeça.
Devo ter ficado tão vermelha quanto meu vestido. Abaixei a cabeça e soltei uma risada, que estava mais para um riso de nervoso.
Entrei no banheiro e parei em frente ao espelho.
Calma Emma! Fica tranquila garota. Não precisa ficar nervosa. São só adolescentes. A maioria deles são fúteis e você sabe disso. Respira. Pensei em voz alta
No meio dessa piração, percebi que eu não estava sozinha. Um grupo de meninas me observava em silêncio. Minha vontade naquele momento era de ter o Anel de Sauron, e ficar invisível aos olhos daquelas garotas. Mas infelizmente eu vivo no mundo real, e no mundo real, eu não posso ficar invisível.
Virei-me vagarosamente, com um pouco de medo de quem estava atrás de mim.
— O que você disse meu anjo? Você falou que somos fúteis? Quem você acha que é? — A loira dos olhos azuis, que andava perfeitamente no salto, aproximou-se — Você é meio esquisita, sabia?
Eu me sentia uma pequena formiguinha ao seu lado. Era preciso ter que levantar a cabeça para poder encara-la.
— Além de esquisita é muda?
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Escrava dos meus sentimentos
Roman d'amourMudanças. Palavra que ironicamente se tornou algo repentino e comum na vida de Emma, que por ter pais missionários, nunca teve a experiência de uma vida adolescente normal. Quando finalmente seus pais decidem criar raízes em algum lugar, eles escol...