— Tchau bebêzinha — Minha mãe gritou do carro enquanto eu ia em direção à escola.
— Eu só não dou um ataque, porque hoje você me trouxe bem cedo, ninguém ainda chegou.
Era verdade. Minha aula começava apenas as oito, e minha mãe me deixou as seis e quarenta e cinco. Ela tinha que fazer alguma coisa no trabalho.
— Ta bom meu amor — Ela ligava o carro novamente — Agora deixa a mamãe ir, se não ela chega atrasada no trabalho.
Despedi-me dela e entrei no colégio. Poucas pessoas já haviam chegado, em sua maioria, quase todos eram funcionários.
Andei em direção ao campo onde se praticava os esportes. Ele era bem amplo, e quase ninguém o visitava fora de horário. Eu sempre ia pra lá nas horas vagas, ou passava o recreio inteiro nele. Eu tinha total privacidade.
Empurrei a trave que impedia que eu entrasse e entrei.
Chuviscava em Chillyand. Os ventos frios que acompanhavam a chuva congelavam meus braços (Mesmo eu estando com um enorme moletom). O cheirinho de chuva que pairava no ar era delicioso.
Entrei no campo e senti as gotas de chuva cairem sobre mim. A grama sintética do gramado estava molhada, e já era o suficiente para fazer alguém escorregar e cair.
Subi nas arquibancadas com cuidado para não escorregar. Sentei no último degrau, onde tinha um suporte em cima, que impedia que a chuva me atingisse.
Coloquei minha mochila em minhas costas, servindo como uma espécie de "travesseiro". Peguei meu livro favorito e eu já estava pronta para ter um momento só meu.
Chuva, ar livre, livro, parecia que aquele cenário foi feito para mim.
Mas nem tudo estava como nos conformes. Ao olhar para o campo, percebi que um garoto atirava flechas em direção a lugar nenhum. Demorei um tempo para identificar a pessoa, mas logo depois de alguns segundos matando meus neurônios, eu percebi:
Jayden?
Ele vestia a mesma coisa que ontem, a camisa social que era tão branca quanto seu tom de pele. Seus cabelos estavam molhados por causa da chuva; sua camisa branca, também molhada, deixava transparecer o físico magro que ele possuía. Ele estava tão sexy quanto da primeira vez que eu o vira.
Eu o fitava intensamente. Ele atirava as flechas em movimentos rápidos, mirando em algo que eu não conseguia ver. Seus cabelos balançavam no mesmo ritmo que seus braços faziam para atirar. Ele parecia com raiva, como se descontasse seus problemas nisso.
Quando suas flechas acabaram, ele andou pelo campo recolhendo-as. Ao virar-se para recolher a última, seu olhar cruzou-se com o meu. Ao contrário da última vez, eu não recuei o olhar, eu apenas sorri, esperando um sorriso de volta. Por sua vez, Jayden apenas virou o rosto e continuou a atirar.
O que você acha que ia acontecer Emma? Ele ia sorrir e os dois iriam se apaixonar? Namorariam e teriam uma vida feliz junto? Deixa de ser idiota.
Eu devia ser a garota mais trouxa do mundo.
Já não tinha mais o que fazer aqui no campo. O único bom motivo para estar lá, era poder estar sozinha. Mas eu não estava.
Desci a arquibancada e fui em direção à saída. A grama estava ainda mais molhada, dificultando meus passos.
Quando eu estava prestes a sair, senti uma flecha passar pelo meu rosto, tão rápida que pude ouvir o som dela. Como se uma abelha zumbisse em meu ouvido: zuuum
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Escrava dos meus sentimentos
RomanceMudanças. Palavra que ironicamente se tornou algo repentino e comum na vida de Emma, que por ter pais missionários, nunca teve a experiência de uma vida adolescente normal. Quando finalmente seus pais decidem criar raízes em algum lugar, eles escol...