Fevereiro VI

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O irmão do William era bem mais velho que ele – que nós. Devia ter uns vinte e poucos anos, vinte e cinco talvez. Aparentemente era formado e tinha uma namorada, com a qual ele sairia naquela noite. Eles estavam sentados no banco da frente do Honda Fit que ele dirigia e o William ficava zapeando pelas estações de rádio enquanto eles riam e comentavam alguma coisa sobre a estrada, as pessoas, a vida em geral. Eles perguntavam coisas aleatórias para nós dois, no banco de trás, mas eu mal abri a boca. De novo.

Estava convencido de que minha voz não precisaria dar o ar da graça naquela noite, o que seria ótimo para as minhas cordas vocais, diga-se de passagem. Mas aí, uns cinco minutos antes de chegarmos ao sitio, William se virou no banco da frente e me perguntou:

– Ei, Luiz, você tem uma gata, não tem? - eu não sabia exatamente como ele adquirira aquela informação, mas, bom, respondi que sim. - Qual a raça dela? A namorada do meu irmão é veterinária.

– É persa. - falei, pela primeira vez dentro do carro naquela noite. Ele sorriu e se virou para o irmão, comentando em como a tal de “Marcela” ficaria doida para conhecê-la. Ela era aparentemente uma aficionada por gatos, dessas que entram em fóruns só para ver as fotos dos gatos das outras pessoas na internet. Achei a informação engraçada, mas ao meu lado a Maria se contorceu no banco e bufou.

– A gata do Luiz é chata com todo mundo. Sua namorada só vai conseguir ficar arranhada perto dela...

A raiva começou a borbulhar novamente no meu interior e eu me virei para ela com a boca aberta, cheia de ultraje.

– Ela não é! Só porque vocês duas não se dão bem não quer dizer que ela seja arisca com todo mundo. - bufei em resposta, e ela suspirou, olhando a janela. O irmão do William, cujo nome era, aliás, Weverton, riu do banco do motorista. - Além do mais, gatos são sensitivos. Eles sabem quando as pessoas tem boas intenções.

Estreitei os olhos para ela, e ela fez o mesmo para mim, visivelmente irritada. Antes que pudéssemos entrar em uma discussão que não acabaria bem, William gritou do banco da frente que havíamos chegado ao sítio da Natália.

Aprendendo a Gostar de Garotos {Aprendendo I}Onde histórias criam vida. Descubra agora