O sol estava a pino no céu, iluminando as pétalas rubras das tulipas que a cercavam, mas a vista deslumbrante era insignificante perto da tempestade negra que era o humor de Mya Sioz.
Revirando os olhos, ela reescreve o paragrafo pelo que parecia ser a décima vez, apertando as teclas com força o suficiente para afastar os pequenos pássaros curiosos. Não importava o quão inspiradora fosse a vista, ela não parecia ser capaz de encontrar as palavras certas que ilustrassem seus pensamentos. Dever idiota. O quão imprestável era descrever a glória do império romano se ele havia entrado em colapso e reduzido-se a história? Talvez fosse a natureza exigente de Mya, mas para ela, glória perdida não era grandeza, mas sim fracasso.
Desistindo, ela fecha bruscamente o laptop e se apoia no espesso tronco de árvore. A natureza sempre havia sido um calmante para sua impaciência, mas hoje nem mesmo as cerdas de grama verde claro pareciam trazer paz ao seu espírito.
Impacientemente, ela guarda todo seu material em sua bolsa e se levanta, percebendo que hoje não era seu dia de ser produtiva. Mya pega seu fone de ouvido, no qual havia feito diversos desenhos com caneta permanente preta, e escolhe uma playlist que se aproxime de seu humor.
Por quase uma hora, ela caminha pelo pequeno parque, seu cabelo negro e liso, que não chegava até seu ombro, sacudindo com o vento em um ritmo único. Com seu all star preto, ela fazia sua própria dança, despreocupada com o público quase inexistente do parque, rodopiando e fazendo movimentos com as mãos. Não havia mau humor que, com uma boa música, não virasse dança.
Como todas as coisas boas, seu horário livre acabou, e Mya se viu embarcando no tedioso ônibus que a levaria para um dos poucos bares de Beacon Hills. Entretanto, ela, infelizmente, não ia para encher a cara, mas trabalhar. Pelo menos seu turno era o do almoço, o que significava que lidava, na maior parte, com famílias amigáveis em vez de bêbados insuportáveis.
Tecnicamente, por ser menor de idade, ela não poderia trabalhar servindo bebidas, mas com seu jeito charmoso, não havia pessoa que resistisse seu charme. Roger não era uma excessão. Apesar de grandalhão e pavoroso à primeira vista, o chefe era um homem bondoso e bem humorado, acolhendo a menina de braços abertos. Mya precisava desesperadamente de um emprego, após ser expulsa do seu último no restaurante, e sua experiência e paciência não à ofereciam muitas opções. Pelo menos, no Barra, ela trabalhava durante o dia e ganhava o suficiente para sustentar seu hobby: desenhar.
O ambiente era bem iluminado na parte da tarde e a clientela era respeitosa, o que tornava seu expediente no mínimo agradável, além do seu amigo e colega de trabalho, Isaac. A honestidade do menino era algo que ela admirava, e o tornava um dos poucos garotos que suportava. Juntos, eles tornavam o trabalho menos monótono, e aproveitavam os momentos de pouco movimento para inventar bebidas para o catálogo, arrumando um jeito de beber de graça escondido do olhar minucioso de Roger.
E era justamente isso que os dois faziam, misturando bebidas alcóolicas e frutas aleatoriamente até conseguirem um resultado bom, o que raramente acontecia.
"Eureka!" Isaac bota o copo no balcão, um olhar orgulhoso enchendo seus olhos. "Mya, acho que hoje é seu dia de sorte."
Levantando uma sobrancelha duvidosa, ela pega o copo, dando um gole cuidadoso. Em cinco meses, ela teria 18 anos, e mal podia esperar para deixar de beber ás escondidas. Não que fosse uma alcoólatra, mas certamente ansiava para o dia em que pudesse erguer uma taça de champanhe não apenas triunfante, mas legalmente.
"Hmm... Estou surpreendida. Parece que você finalmente fez alguma coisa que presta." Ela ignora o olhar do seu amigo e dá outro gole. "Mas, me parece familiar. Já escolheu um nome?"
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ORCHID || Stiles Stilinski
Hayran KurguMya Sioz tem pavio curto para babaquice, mas quando seu antigo amigo de infância a implora por um favor, acaba tendo que extender a paciência para suportar Stiles Stilinski.