07) Caminho de casa

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  Era o segundo dia no Reino, o rei Ezekiel contou que antes se tudo trabalhava em um teatro, por isso todo esse clima medieval. Caminhávamos por sua comunidade enquanto me contava sobre isso, ele era tão agradável.

— E você? Como lidou com tudo?

— Sabe, não construí uma comunidade. — Brinquei, ambos rimos. — Era muito pequena pra fazer algo além de cuidar do meu próprio nariz, mas, quando encontrei Rick foi quando as coisas começaram a mudar.

— Mas tem seu irmão agora. — Acrescentou.

— Achei que estivesse morto, ele era só um bebê, nas mãos daquele homem... doente.

— Eu sinto muito. Nem todo mundo continuou o mesmo depois do que aconteceu.

— Queria poder dizer que sou como todo mundo. Mas sei que mudei, percebo isso hoje, não sou mais aquela garotinha. Por mais que ainda tenha medo.

— Temer é humano. — Segurou meu ombro, concordei.

— Você sente medo?

— Como qualquer um. — Ele riu, lembrando-se. — Como está o seu irmão? Ele aceitou bem isso?

— Não consigo parar de pensar, no quão difícil deve ser para ele conviver com pessoas desconhecidas. Conviver comigo.

— Disse que ele confia em você.

— Ele me disse ontem. — Sorri ao lembrar.

— Então, não deve ser difícil, você o ajudou.

— Tem razão. — Pela primeira vez, tentei pensar positivo sobre algo.

— E como você está?

— Viva. É só o que importa. — Ambos rimos, paralisei, outra pessoa que não imaginaria rever. — Morgan? É você mesmo?

Morgan ensinava um garoto, parecia ter a minha idade, só era um pouco mais alto, a usar uma lança. Ele ficou surpreso, mas feliz, em me ver.

— Por onde esteve? — Perguntou, o abracei.

— Com Rick, em Alexandria. E você? Pensei que nunca mais o veria de novo...

— A Carol também está por aqui, devia ir falar com ela. — Dizia, Carol, nunca mais a vi, concordei de imediato.

— Se conhecem? — Ezekiel perguntou.

— Morgan é um velho amigo. — Ambos rimos, muito velho, Ezekiel sorriu. — Precisa conhecer meu irmão, pode ensinar ele a se defender também. Se quiser, é claro.

— Eu posso sim.

— Que bom, eu vou procurar ele. Até logo. — Me despedi de todos.

Theo brincava com um garotinho da sua idade, estavam correndo, não queria atrapalhar me lembrava de quando tudo começou, quando Carl, eu e Sophia brincávamos no lugar deles. Aproveitei para ir visitar Carol, como Morgan havia dito, provavelmente era onde Daryl estaria também, ele havia contado tudo à ela, sobre Negan e o que fez conosco. Tentando convencer a voltar para Alexandria, a lutar conosco, precisávamos de Ezekiel do nosso lado mas era uma decisão que devia vir dele, Carol se negou a ajudar. Por mais que estivesse certa, deixou Daryl irritado, ele saiu de sua casa pisando forte no chão.

— Daryl! Aonde vai? — Chamei, ele continuou.

— Não vou ficar sentado assistindo tudo acontecer, vou lutar ao lado deles.

— Eu vou com você!

— Pegue suas coisas, vou para Hilltop. — Avisou, assenti e corri até meu quarto, arrumei minhas coisas, mas antes precisava pedir um favor ao Rei.

— Ezekiel! Preciso de um favor. — Disse entrando em sua sala.

— O que estiver ao meu alcance.

— Vou voltar pra Hilltop com Daryl, poderia levar o meu irmão? Quero que ele fique com a Maggie.

— Tem certeza que não é mais seguro aqui? Ele ficará sob meus cuidados. — Pensei sobre sua proposta, era realmente mais seguro, mas Maggie cuidaria bem dele. — Independe de sua escolha, farei o que me pedir.

Assenti, queria ele em Hilltop, onde eu conhecia o pessoal e ficaria seguro. O rei concordou em levá-lo assim que possível.

— Você está indo? — O pequeno dizia me acompanhando até os portões.

— Preciso dar um fim nisso, pro Negan não nos machucar mais. Você entende, não é?

— Mas ele não me parece mal...

— Theo. — Me abaixei o bastante para trocarmos olhares. — Ele matou meus amigos. Você pode não ter visto, mas ele é um homem ruim. Nunca pense o contrário. Entendeu?

Ele assentiu, arrumei seu casaquinho e lhe dei um abraço forte.

— Quando nos veremos de novo? — Perguntou, parecia chateado.

— Logo. Eu prometo. O Rei vai te levar para casa em segurança, quando chegar lá, quero que procure pela Maggie. — Ele assentiu. — Quero te ensinar tantas coisas. Ficaremos bem. Assim que tudo acabar, vou cuidar de você.

O deixar para trás foi a parte mais difícil, era apenas um garotinho, agora entendo como era para Rick me ver sobrevivendo sozinha, e também, como fui forte mesmo sendo tão pequena.

🔫

Sabia, que mesmo em Hilltop, a vontade de estar em Alexandria seria ainda maior, queria ver Carl, e a pequena Judith. Maggie sabia que não podia nos deixar de fora desta guerra, e, ficar com os amigos, com a família, era o que nos mantinha vivos e fortes.

— Quero te mostrar uma coisa. — Me chamou.

Ela me levou até os túmulos, tinham flores, pertences, o de Ab tinha seu colar militar, ele não vivia sem aquilo, era sua identidade.

— Não acredito no que aconteceu. — Sussurrei, respeitando o silêncio. Ela pôs a mão em meu ombro.

— Todos perdemos algo por causa daquele desgraçado.

— Vou matar ele. Juro por Deus que vou. — Virei-me, irritada, era o que Ab iria querer.

— Vamos acabar com isso.

— O Glenn... eu sinto muito Maggie. — A abracei forte, ela retribuiu.

— Estão vindo! — Um dos vigias gritou, caminhões, era Negan e seu pessoal.

Não sabiam que estávamos em Hilltop, Daryl e eu corremos para nos esconder depressa. Eles vasculharam a área, sabiam que estávamos desaparecidos, procuravam por nós e suprimentos para Negan.

Passamos alguns dias em Hilltop, Theo já estava comigo, o tempo que passamos foi o suficiente para Maggie, Enid e ele ficarem amigos, ela me prometeu que cuidaria dele. Enquanto a mim, estava na hora de voltar para Alexandria, e ele não poderia vir comigo, não era seguro.

— Você prometeu. — Resmungou.

— Eu sei pequeno, mas preciso tornar tudo seguro pra você. Alexandria é nossa casa. Quero que conheça lá também, e que possa crescer lá.

— Mas, por que não posso ir? Eu sei me cuidar. — Explicou, sorri, ele se parecia comigo quando mais nova, e eu estava parecendo Hillary.

— Tem uma guerra chegando, não é seguro, mas depois que ganharmos, eu prometo que será. Está bem? — Ele cedeu e concordou, o abracei forte, não sabia se o veria novamente. — Fique com a Maggie, ela vai ter um bebê, precisa protegê-la.

Ele assentiu e me abraçou ainda mais forte, Daryl buzinou, fui até ele e subi em sua moto. Partimos para Alexandria, para casa.

SOLITÁRIA V, The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora