Uma História da Amizade.

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O Tempo estava em sua casa na grande arvore atemporal, ele reorganizava uns livros antigos de sua primorosa estante de histórias empoeiradas quando, de repente, alguém bate à sua porta. 

— Toc! Toc! Toc!

 — Mas quem poderá ser? — Perguntou ele, espantado. 

— Não esperava ninguém há essa hora. — Ao olhar pela janela da porta ele enxerga extasiado o sorriso de uma velha conhecida. — Amizade! É mesmo você querida amiga? Vamos entre! Acomode-se, por favor! Mas quanto tempo hein! 

— É Verdade, tenho estado ocupada!

 — Sinta-se em casa minha cara.

 — Quem some sempre aparece, não é o que dizem por aí? — Disse a envelhecida senhora ao entrar e sentar-se devagar numa cadeira antiquada colocada ali gentilmente para ela. 

— Aceita uma xicara de chá? 

— Aceito sim! Muito Obrigada, cordial amigo! 

— O que me conta de novidade? — Perguntou o Tempo ao acomodar-se também na pequena sala. 

— Nada que sua longa barba branca já não deva saber. 

— Ah! Faz certo tempo que não encontro com meu filho, Passado, e com o meu neto, Presente. Ando um tanto desinformado acredite! — Disse o Tempo que provou um gole da sua xicara de chá.

 — Esse chá está mesmo muito bom! Alguma ocasião especial? — Perguntou a Amizade ao suspender uma de suas sobrancelhas olhando para uma vassoura ali, próxima a uma pilha de sujeira no chão. 

— Não! Não! Apenas uma limpeza de rotina. — Respondeu o sábio Tempo desconfiando que pudesse haver algo subtendido na pergunta feita a ele. 

— Ora, Então quer dizer que não sabes mesmo que dia é hoje? Estás tão caduco assim, que até em teus calendários si perdestes? — sorriu sarcasticamente a idosa Amizade saboreando seu chá. 

— Há algo que deveria lembrar-me? — Questionou, intrigado, o velho Tempo.

 — Sim! Hoje se faz outra eternidade desde que retornamos para a ilha da vida.

 — É Mesmo! Como pude esquecer-me?! É verdade! — Espantou-se o Tempo. —Ai minha nossa! A festa de confraternização! Estou atrasado! Logo o Presente trará o Futuro aqui. — Dizia ele ao agitar-se conferindo seu pequeno relógio de bolso. 

A Amizade assistia a cena rindo. — É sempre bom ver que até o próprio Tempo perde a hora ás vezes. — Caçoou ela. — Eu só estava mesmo de passagem velho amigo. — Avisou ao levantar-se. 

— Tem certeza que não quer ficar mais um pouco? — Perguntou o Tempo. — Ainda tenho muito chá! — Disse ele educadamente. 

— Não! Não! Agradeço, mas ainda tenho que avisar outros velhos amigos, senão, você sabe, ninguém comparecerá a festa mais tarde.

 — Como sempre muito atenciosa, Amizade.

 — Nem sempre velho amigo, mas você sabe que tem algumas  coisas que não mudam mesmo. Não importa quanto tempo  viva.

 — É, eu sei! Bom, apareça mais vezes! Temos que colocar a conversa em dia. 

 — Ah, você também viu, vê se dá as caras para me visitar uma vez ao ano pelo menos.

 — Claro, eu tentarei lembrar disso. — Ao tocar na maçaneta para abrir a porta de sua casa, o Tempo é surpreendido por seu bisneto, o pequeno Futuro, que apareceu correndo adentrando a sala. 

Os Apólogos Perdidos do TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora