O Mago, A Torre e o Dragão

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I - A Missão (Chamado) 

Emissário.

Num reino distante e esquecido, há algum tempo atrás, um grande sábio muito conhecido e quisto por todas as famílias da região, foi  convocado a mando do rei afim de servi-lo como um importante emissário. Ao receber um velho pergaminho, que logo tratou de abrir, o mago ficara sabendo de sua tão estimada missão. Esse devia isolar-se no alto de uma distante e alta torre, nos limites do reino,  a fim de observar as estrelas com muita devoção, pois, segundo uma profecia, recém descoberta, um grande dragão viria certo dia para assolar toda a região. O mago pensou ser o único capaz de deter a grande fera ao erguer o cajado mágico, que foi entregue em suas mãos pela próprio rei. O mesmo o disse, que ao levanta-lo, o nome de uma estrela especifica, cujo qual cabia a ele descobrir, deveria ser pronunciado para ativar assim o poder do cajado. 

II- A Jornada  (Dificuldades e obstáculos)

  Sobre seu cavalo, já a caminho da alta torre, estranhamente o mago passou por inúmeros empecilhos. Enfrentou lama movediça, uma forte tempestade, ficou inclusive doente, e até viu seu companheiro de quatro patas, cujo já era bem vivido, vir a falecer. Após enterre-lo devidamente numa singela e particular cerimônia de agradecimento pelos anos de serviço, teve então que seguir seu percurso sobre os seus próprios pés.

A Velha Chorosa e  O Fundo do Poço

 Certo dia o mago emissário passou por um pequeno e humilde vilarejo, e sabendo que logo ficaria sem alguns dos seus mantimentos procurou um mercador para que pudesse comprar alguma comida e também conseguir um tanto de água fresca. Contudo, antes que pudesse entrar no quase inexistente mercado deparou-se com uma velhinha que chorava desesperadamente. Dizia ela que seu neto havia caido num poço. O mago, piedoso, tratou de ajudar a pobre senhora, e ao olhar fundo no poço, apontado por ela, acabou  sendo empurrado para dentro dele. A senhora riu alto e caçoou da inocência do forasteiro. Antes dela derrubá-lo havia roubado ainda todo o seu ouro, cujo havia sido dado pelo rei como uma pequena amostra do pagamento que receberia caso cumprisse sua missão. O fundo do poço estava repleto de rejeitos, dejetos de animais e restos de comida. O mago logo tratou de subi-lo pela corda que sustentava seu velho e lodacento balde, mas a corda provavelmente havia sido roída por ratos, pois estava por um fio, e sem perceber isso o mago colocou-se a cair novamente. Teve então que escalar, com dificuldade, pelas paredes até o topo. Ao retornar a luz do sol, ele notou que ainda lhe restava uma unica moeda de ouro, mas as poucas bancas que haviam ali não foram muito gentis com ele, na verdade, foram um tanto grosseiras, mas quem poderia culpa-los, o velho senhor estava repleto de lama e fedia mais que um gambá. 

O Rapazinho descalçado.

 Muito sujo e fedido o mago foi parado, de repente, por um pequeno rapazinho descalço que usava os mais deprimentes trapos. O garoto propôs a ele uma parceria, pedindo que o velho mago usasse de má fé sua aparência suja e penosa para distrair uma comerciante ali próxima. Ele garantiu a divisão em partes iguais da comida que seria roubada por ele. O mago simplesmente sorriu e entregou ao pobre menino a tal moeda de ouro que ainda carregava consigo e assim decidiu deixar tal lugar.'

A Fome e a sede; caçadora hábil.

 Com muita sede e fome, o mago teve que usar suas poucas forças para concentra-se na confecção de um mero arco e de uma simples estaca, que usaria como flecha. Apesar de possuir o dom da magia em suas veias, não podia usa-la desnecessariamente e ainda assim seu cansaco e fadiga tornavam o mais simples dos feitiços quase que impossível naquele momento. E como sentiu-se assegurado pela farta e pesada sacola de moedas de ouro que havia recebido do rei, ele não preparou-se para o caso precisasse caçar algo. Depois que o arco improvisado estava pronto, pegou a flecha recém fabricada, envenenou-a com um cogumelo que havia colhido e adentrou o bosque. Logo rastreou uma jovem corsa entre as arvores. Seguiu-a sorrateiramente, até encontra-la bebendo numa pequena fonte de água corrente. Ele ergueu seu arco e ajustou seu tiro, disparando contra o animal distraído.  A flecha errou o alvo, mas inesperadamente a corsa caiu com um tiro certeiro vindo de uma outra direção. Uma caçadora de cabelo castanhos curtos e ondulados apontados para o céu, que tinha um corpo bem robusto e vigoroso, por debaixo de uma tipica vestimenta de couro, revelou-se, indo até a corsa abatida. Abaixando-se com seus olhos dourados fixos no velho mago, que explicitava estar um tanto desconcertado, ela repugnou-se ao confirmar suas suspeitas: "Veneno de cogumelo azul?" Antes de amarrar uma corda na carcaça fresca e arrasta-la até as arvores, onde estava seu cavalo, ela cuspiu com puro desprezo ao se levantar. Ao vê-la afastar-se o mago sedento seguiu correndo até a fonte e matou sua sede, aproveitou também para reabastecer-se de água. Para a surpresa dele a hábil caçadora havia ficado com pena em ver um pobre e sujo senhor em tal situação, para ela, muito provavelmente, ele logo morreria de fome. E assim, por tal razão a imponente mulher retornou com a carcaça fresca de uma lebre. " Se estiver realmente com fome, da  próxima vez, confie mais onde foca sua mira do que o veneno com qual escolhe equipar sua flecha." Receptivo as sábias palavras dela, o mago agradeceu com o olhar. " Se gastasse mais do seu tempo treinando sua mira do que estudando sobre cogumelos teria sobre seus pés agora um animal mais digno para alimentar-se." Ao dar as costas, ela ganhou velocidade sobre seu cavalo ao partir. 

Os Apólogos Perdidos do TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora