Os olhos escuros do rapaz estavam deixando Victória um pouco nervosa. Mas lá no fundo, ela sentia uma alegria enorme por encarar aqueles olhos, e talvez, só talvez, esse seja o motivo de seu nervosismo.
"Muito perto!" — pensou ao perceber que Elliot havia se aproximado um pouco mais.
Voltando finalmente para o mundo real, Vic percebeu que estava prendendo a respiração. — algo que sempre fazia quando estava nervosa a nível alarmante. — Aos pouco foi tentando normalizar sua respiração, mas ao escutar um trovão ecoar, acabou por prender novamente a respiração para que Elliot não reparasse que estava com medo.
— Parece que vai chover. É melhor você ir para casa antes da tempestade chegar. — Vic ficou encarando o rapaz por um tempo e retomou sua respiração para começar seu interrogatório.
— Você é novo na cidade? — finalmente falou.
— Mais ou menos. Eu, moro aqui na região. Mas como eu não saio muito, poucas pessoas me conhecem. E... bem... agora você é uma dessas pessoas. Senhorita Glick. — Elliot encarou fixamente nos olhos da garota, o que causou um arrepio no corpo da mesma.
Vic deu um longo suspirou antes de dizer algo.
— Então você é um dos meus "vizinhos" — fez aspas na palavra vizinhos e continuou — mais próximos. Pensei que eu conhecia todos, mas parece que eu estava enganada. — brincou.
"Estou falando como se o conhecesse a muito tempo. Acorda Vic, e se ele for um psicopata? " — pensou.
— Pois é... — antes que Elliot continua-se a falar, Victória o interrompeu.
— Bom! Desculpe te interromper, mas eu tenho que ir agora. — se afastou um pouco — Foi um prazer te conhecer Elliot.
— O prazer foi todo meu. Até qualquer dia Vic. — Elliot se despediu acenando para Victória que já estava a uma certa distância, por está andando de costa. Vic acenou de volta para o rapaz e se virou para o caminho que a levaria de volta para sua casa.
Quase a chuva pegou a garota no meio do caminho. Foi mesmo muita sorte ter conseguido chegar em casa antes da tempestade — que mau havia começado e já estava terrível.
— Ufa. Bem que a moça do tempo havia avisado, acertarou em cheio. — exclamou a garota subindo para o segundo andar da casa.
Assim que Victória pôs seus dois pés no último degrau da escada, escutou o som frenético da campaia ecoar na casa inteira.
— Ah não. — choramingou e voltou a decer a escada. — quem é? — pergunta chegando perto da porta.
— Sou eu. David. O deus grego da cidade. — falou fazendo a garota abrir a porta com um sorriso no rosto, o que não durou muito tempo.
— David? O que aconteceu com você? — puxou o rapaz para dentro rapidamente, trancando a porta em seguida.
— Aí, aí... cuidado. Isso está doendo pra caramba. — resmungou de dor.
— Desculpa, desculpa. — a garota estava chocada com o estado em que seu amigo se encontrava, partia seu coração ver David machucado. — Quem fez isso com você? — perguntou angustiada, mas o mesmo ficou quieto, apenas resmungando de dor.
— Espera aqui. Eu já volto.
Victória correu até o armário da cozinha — onde guardava a maleta de primeiros socorros — para pegar tudo que precisava para fazer os curativos em seu amigo, mas quando ia voltar para a sala, a garota deu de cara com David que tampava o corte no abdôme com sua mão direita.
— Pra que isso tudo?
— Precisa estancar esse sangue, limpar, fecha esse corte e fazer alguns curativos. — disse observado o rapaz subir e se sentar na bancada com uma certa dificuldade. — agora tira a blusa. — diz ajudando David tirar a peça de roupa.
— Que isso Vic. Você quer tanto esse corpinho assim? — brincou, logo sentindo Victória colocar um algodão para limpar o ferimento em seu abdôme. — Aí! — resmungou de dor.
— Fica quieto garoto. Aff! — o repreendeu.
— Onde você aprendeu a cuidar de ferimentos. Pensei que você só mechesse apenas com anotações bobas. Aí! Doeu. — reclamou após Victória terminar de fechar seu corte.
— Pronto. E então, está melhor?
— Agora estou bem melhor. — diz David bem perto do rosto da garota, o que a fez corar. Demorou um pouco até Victória perceber o porque do olhar penetrante e quente de David.
Victória estava tão consentrada em fazer os curativos que nem percebeu que estava no meio das pernas do rapaz e que o mesmo estava com as mãos em sua cintura.
— Você fica tão bonitinha com as bochechas coradas de vergonha. — acaricia o rosto de Vic, fazendo a mesma se afasta rapidamente.
— Você ainda não me respondeu. Quem fez isso com você? — retornou a fazer a mesma pergunta de antes.
Novamente o rapaz ficou quieto. Aquilo já estava irritando Victória que respirou fundo para não começar a gritar com David.
— Você não vai falar mesmo? Tudo bem então. Mas se você vim falar comigo e não for pra me contar o que está acontecendo, apenas irei fingir que você não está falando comigo, então não ouse me dirija a palavra até responder quem fez isso com você. Ouviu? — concluiu saindo da cozinha indo em direção a sala de estar.
— Vic! Não podemos falar sobre isso depois? Tipo... amanhã? — perguntou fazendo Victória parar e se virar para ele.
— Acho que já escutei isso, onde foi mesmo? Ah. Ontem você disse a mesma coisa e não compriu com a sua promessa. Eu posso até esperar até amanhã. Mas até lá, me esquece. Só venha falar comigo se for para me contar a verdade, está bem querido?
— Vic... — ia se justificar, mas pensou melhor e respirou fundo para não falar besteira. — Pelo menos posso dormir aqui hoje? — perguntou, mas Vic apenas deu as costas e voltou a caminhar em direção as escadas. — Tudo bem então! Vou entender isso como um sim. — diz alto o suficiente para que Victória o escutasse, tirou os sapatos e se deitando no sofá.
Após passar 35 minuto, Victória voltou com um travesseiro e um edredom para que David ficasse mais confortável, mas o mesmo já estava dormindo todo esparramado no sofá. Vic ajeitou o travisseiro, arrumando o rapaz no sofá e jogou o cobertor por cima do corpo de David, que se encontrava apenas com uma cueca box preta. — já que a roupa do rapaz estava encharcada e o mesmo resolveu se livrar delas. — Antes de subir novamente para seu quarto, Vic se aproximou de David e lhe deu um beijo em sua testa acariciando seus cabelos louros e úmidos do rapaz.
— Boa noite seu idiota. — sussurrou logo se afastando, apagando a luz e subindo para dormir também.
Victória às vezes poderia passar um impressão de fria, por não demonstra muito sentimento, mas quem a conhecia de verdade sabia que tudo isso não passava apenas de aparência, e alguém que sabia exatamente sobre isso, bom, esse alguém era David.
"Boa noite minha anjinha!" — pensou David.
Continua...
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TRIANGLE
Fantasy"[...] Em poucas palavras, entre RAIOS e TROVÕES nessa tempestade de emoções, aprendi que o AMOR, assim como as fascinantes chamas, não é apenas algo perigoso, é o que me mantém vivendo. By: Victória Glick!" _________________________________________...