Capítulo 20

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A garota não conseguia distinguir se o que escutava era sonho ou realidade. Ainda de olhos fechados Vic escutava uma voz suave cantando com um som de água caindo ao fundo.

Posso ver cada lágrima que você chorou
Como um oceano em seus olhos
Toda dor e as cicatrizes te deixaram frio

Posso ver todos os medos que você enfrenta
Em meio a esta tempestade que nunca vai embora
Não acredite em todas as mentiras que lhe disseram

Estarei bem aqui, para te segurar quando o céu cair
Serei sempre aquele que se porá em teu lugar
Quando a chuva cair, eu não te deixarei
Estarei bem aqui

Ela estava tão hipnotizada com aquela voz que nem percebeu quando a pessoa parou de cantar, até escutar o barulho da porta abrindo á despertado e fazendo com que a mesma abri os olhos com um pouco de dificuldades.

Victória se sentou na cama encarando o rapaz que acabara de sair do banheiro. A figura de Elliot com os cabelos arrepiados e molhado a trazia uma sensação muito família, e mais do que tudo uma lembrança.

— Você parece com o meu amigo.

— Com seu amigo? — perguntou surpreso.

— Sim. Ele se chama Elliot e é o meu melhor amigo.

— Que legal. Acho que está na hora de você voltar.

— Eu não quero voltar. — choramingou.

Tenho certesa que seu pai está preocupado com você.

— Você tem filhos?

— Nossa! — piscou os olhos surpreso. — Na verdade eu tenho um filho, mas eu não moro com ele atualmente.

— Porque não?

— Por que...

— Vic? Vic! — a garota escutou alguém a chamar. Era Elliot.

— Estávamos preocupados com você. — disse ao chegar perto da garota. — Como conseguiu esse sorvete?

— Foi ele que me deu. — apontou para o lado sem olhar.

— Ele quem? — perguntou confuso.

— Esse homem que parece... com... você. — terminou a frase meio confusa ao olhar para o lado e não ter ninguém. — cadê ele?

Vic balançou a cabeça de um lado para o outro tentando dispersar aquela lembrança de sua infância que a trazia uma enorme dor de cabeça.

Está tudo bem com você Vic? — perguntou Elliot ainda na porta do banheiro apenas com uma calça moletom preta, enxugando os fios negros de seus cabelos.

— Eu acho que ... eu me lembro... eu me lembro de você. — ao escutar aquela frase, Elliot abriu um sorriso.

— Você... se lembra de mim? — perguntou se aproximando e se sentou na berada da cama.

— Não muito. Só me lembro de quando conheci seu... — parou antes de completar o que iria dizer. — de uma pessoa que se parecia muito com você e... de você.

— Uma pessoa que se parecia muito comigo? — arqueou uma de suas sobrancelhas confuso. — e o que mais você se lembra? — insistiu.

— De mais nada. — voltou a se deitar levando as mãos da cabeça. — Ai que dor de cabeça! — reclamou.

— É melhor você ficar quietinha ai. Você ainda está meio... grogui. — disse meio debochado. — Vou buscar alguma coisa pra você, e... — se aproximou dando um beijo da testa da garota. — já volto.

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