Capítulo três

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Capítulo três

Crônica 4

O incrível mundo da fantasia.

Uma dica preciosa: Não, nunca, de forma alguma, entre em um sex shop sem estar preparada para o que pode ver. Eu sei, você até pode pensar que não tem nada demais, que já sabe tudo o que tem lá dentro, mas, acredite em mim: não está e não sabe.

Ainda hoje não sei por que me deixei ser convencida por uma amiga a acompanhá-la em um desses lugares.

Estava tudo indo muito bem, até o momento em que passei pela fachada da loja e adentrei naquele antro de ... nem sei que palavra usar. Perversidade? Fantasia? Desejo? Realmente, não sei qual palavra melhor se encaixaria na descrição de um sex shop.

Como disse numa crônica anterior, não vejo problema algum nesses brinquedinhos ou fantasias, mas, isso ainda não era para mim. Estava totalmente fora da minha pobre realidade de virgem tímida.

Quem me dera ter percebido isso antes de concordar em acompanhar essa minha amiga.

Claro, não havia só mulheres ali. Para ser bem honesta, a presença era mais masculina do que feminina e, tudo bem que boa parte deles eram gays, mas...

Como sei disso? Oras!, simples, meu caro amigo: ouvi um deles comentando com outro sobre um vibrador e o que faria com ele. Isso sem falar nas sensações que ele descreveu com perfeição e... É melhor para a minha e a sua sanidade mental, deixar esse assunto esquecido. Não se encaixa aqui.

Vibradores, dados com posições sexuais e outras coisas mais, bolinhas para paredes internas, máscaras, chicotes... isso é só o começo de uma extensa lista de itens que eu, sinceramente, ainda desconheço um pouco. Não por falta de interesse, e sim, por falta de oportunidade. Já disse que sou virgem, certo?

Não que eu vá usar todos esses apetrechos futuramente, mas, acredito que uma ou outra pode ser algo extremamente bom e satisfatório. Desde que praticado com alguém em que você confie e goste. Nada de desconhecidos outra vez, por favor.

Óbvio, não entrarei em detalhes sobre os itens que minha amiga adquiriu, mas, pode ter em vista que aquelas coisas me deixaram um pouco pasma. Em minha ingênua mente, não consigo imaginar como alguém pode utilizar certos itens e por que o faria. É simplesmente “não natural”.

Porém, quem sou eu para falar algo sobre opções sexuais das pessoas, quando ainda nem fiz as minhas? Repito: não as fiz, mas não foi minha escolha.

Quer dizer, ás vezes penso que a culpa dessa situação pode sim ser minha. Mesmo que eu tenha tentado alterar isso e virar a mesa a meu favor uma ou duas vezes, ainda sou travada em relação à minha sexualidade. Prefiro pensar que minha hora ainda não chegou e que, quando chegar, o homem certo aparecerá. Espero de todo o coração que eu seja capaz de aceitar e conseguir ser feliz com o “homem certo”.

Pode parecer tolice para alguns de vocês, mas, creio que como eu, ainda há algumas mulheres que pensam assim. E por que não, também os homens? Afinal, todos nascemos virgens e, um dia, passamos pela experiência mais intima que pode existir entre duas pessoas.

E, não é engraçado ― isso para não dizer irônico e hipócrita ― que, em pleno século vinte e um, ainda temos o sexo como tabu?

É só ver meu exemplo: uma virgem, dando palpites no gosto pessoal dos outros, criticando suas preferências. Acho que “criticar” ainda não é a palavra exata para explicar meu ponto de vista, pois, para muitos, pode parecer uma forma de preconceito. E não possuo nenhum.

Curta sua vida da melhor forma que você achar que deve. Seja com um baralho de posições sexuais ou um vibrador.

Não sou um monstro, nem vim de outro planeta. Só sou virgem, e daí, cara pálida?

27. As crônicas de uma virgemOnde histórias criam vida. Descubra agora