Capítulo cinco - Parte 1.

1.9K 161 5
                                    

Capítulo cinco

Crônica 6

Repelente contra mão boba.

Eu definitivamente não consigo entender o porquê um homem, ao encontrar uma mulher pela primeira vez e manter uma conversa até então agradável, resolve colocar suas mãozinhas para fora.

Com isso entenda: mãos grandes e abusadas sobre o meu corpo. Mais precisamente, no meu quadril.

É compreensível e de conhecimento geral da nação que vocês, homens, tem o hábito de querer se mostrar ser o macho alfa, dominante e possuidor de algo, mas... tem a necessidade de ser em público e tão precipitado?

Um dia desses fui convidada para ir à uma festa e estava tudo certo, até o momento em que fui apresentada à um desses homens. O pior de tudo, é que ele não sabia ouvir um “não”. Aliás, ao ouvir, pareceu se tornar o catalizador para se tornar mais e mais insistente e irritante.

Naquela hora nem preciso dizer que meu medo de que algo mais sério acontecesse estava impregnado em minha mente, certo? Já contei para vocês sobre o caso com meu antigo chefe e de como isso me afetou. Então... meu medo ali foi imenso.

Sorte a minha que apareceu alguém para me ajudar e “espantou” o sujeito para longe. Ainda não sei o que ele falou para o rapaz, mas não me importa. O que realmente me interessa é que surtiu o efeito desejado.

Acho que na próxima festa que eu for, levarei um repelente contra esse tipo de homem. Alguém ai sabe se isso realmente existe? E, se existe, sabe onde vende?

Oras... pensando bem, já tenho um repelente contra isso. É só dizer que sou virgem.

Qual homem vai se interessar por algo com uma virgem? Bem... acho que nenhum. Mas isso é só o pensamento de uma mulher virgem, quase trintona e extremamente irritada com os homens.

Não com todos. Não com ele.

Sim, ele. O homem que me ajudou...

Outra hora falo um pouco mais sobre ele. Por hoje, é só isso.

Não sou um monstro, nem vim de outro planeta. Só sou virgem, e daí, cara pálida?

Cada dia que passava e com novos comentários em seu blog, Analice se animava mais e mais. Naquela manhã de domingo não foi diferente.

Estava quase virando um hábito: acordava cedo e já ia direto para o seu notebook, tamanha era a curiosidade de saber se tinha um comentário novo. E tinha, como tinha...

O mais estranho e surpreendente de tudo, é que havia mais mulheres em situação parecida com a sua, relatando suas histórias para Analice.

A última sobre o vibrador foi de longe a mais comentada, pois havia ao menos cinco mulheres dizendo que fizeram o mesmo. Era bom saber que não estava sozinha em sua causa...

Analice sorriu e terminou de digitar uma resposta para uma de suas leitoras, indagando se ela continuava virgem, pois pelo o que a mulher lhe disse, tinha quarenta anos. Trocar confidências com alguém parecido com você pode ser bom ás vezes. Mesmo que fosse na internet, onde qualquer um poderia ler o que estava ali.

Esse era o único ruim da internet no caso, mas, Analice havia colocado o rosto a tapa com aquelas histórias ― não que tivesse revelado seu nome e nem iria. Não no momento ― e iria até o fim.

Ainda não tinha ideia de qual era o nome do seu primeiro comentador ou comentadora, o que a deixava um pouco desanimada. Mas isso poderia ser explicado com o simples fato de que não tinha recebido mais nenhum comentário da pessoa.

27. As crônicas de uma virgemOnde histórias criam vida. Descubra agora