Capítulo quatro - Parte 1

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Capítulo quatro

Crônica 5

O vibrador.

 

Imaginem uma virgem, em seus momentos de mais pura insanidade, quase subindo pelas paredes e com uma barra de pesquisa à sua frente. Meu amigo, esse é o maior pesadelo de qualquer virgem e pode se tornar uma arma letal. Sim, letal! Nosso querido amiguinho, aquele site de busca preferido,pode se transformar de uma hora para outro em nosso maior e mais terrível inimigo.

Resultado da pesquisa: uma louca procurando por um vibrador.

Não, você não leu errado. Em um de meus momentos mais sem noção, tive a indecência de procurar por um vibrador.

Fui toda feliz e alegre colocar essa palavrinha na barra de pesquisa e fiquei com o queixo caído ao ver a quantidade de produtos que pipocou na minha frente. Oras, veja bem, não me entenda mal: aquela era a primeira vez que fazia uma pesquisa assim, movida pela vontade de ter sexo. Qualquer sexo que fosse. Já não me importava em ter de usar um produto de plástico, com pilhas embutidas. Esse era o menor de meus problemas.

Até pode ser considerado um ato de desespero, o que na verdade não deixa de ser. Estava mais do que cansada de ser a virgem pura e intocada de sempre, precisava de sexo e ponto final! Iria comprar o bendito do vibrador, nem que para isso tivesse de assaltar um banco. Lembre-se: na época em que fiz a pesquisa, eu estava desempregada, logo, como pagar pelo produto? Roubar. No caso, o bolso de meus pais.

Procurei, procurei e procurei por um que se encaixasse melhor no “meu” orçamento e gosto. Não sei dizer quanto tempo fiquei ali, mas a quantidade deles era infindável. Quase o paraíso.

O inferno eram os preços. Como alguém com um pouco de sanidade é capaz de gastar mais de 500 mangos em um produto desses? Isso é mesmo normal?

Cheguei a uma única conclusão: não!

Além de ter a cara de pau de pedir dinheiro aos meus pais para comprar isso, era mais fácil você pagar por um garoto de programa ― ou seja lá como se chamam ― e usar esse dinheiro. É mais real, palpável.

Ter a consciência de que perderia minha virgindade em algo que não era real, de carne, caloroso, me deixou abalada. Acabei fechando a página e largando essa ideia absurda, que no começo me parecia bem aceitável e tentadora.

Eu é que não gastaria um dinheiro que não tinha, com algo de borracha, gelado e sem vida. Prefiro esperar um pouco mais e perder do jeito mais normal possível.

Acredite, ainda espero por isso.

Não sou um monstro, nem vim de outro planeta. Só sou virgem, e daí, cara pálida?

 

Não, Analice não conseguiu o nome da primeira pessoa que comentou em seu blog. O que conseguiu foi algo ainda melhor: mais leitores e comentários.

Quando acordou naquela manhã depois de uma noite e conversa agradável, Analice ligou seu notebook e foi direto acessar seu blog. Ao ver os vinte novos comentários, todos elogiando ou rindo de algo que ela escreveu, ficou extremamente satisfeita.

O que só ajudava em sua decisão sobre o que escrever no freelancer. Iria escrever sobre o que conhecia: ser virgem em uma grande metrópole, no século vinte e um.

E o seu primeiro artigo seria sobre a noite anterior.

Claro que não diria nada pessoal, como nomes e lugar, mas usaria alguns fatos para detalhar sua história o máximo possível.

27. As crônicas de uma virgemOnde histórias criam vida. Descubra agora