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Eu queria ficar longe de tudo. Eu havia me tornado o monstro que tanto temi. Eu havia matado da minha própria espécie assim como o menino havia dito. Eu era pior que um monstro. Eu era uma assassina. Esse seria um fardo que eu carregaria pela vida inteira. Não importa onde eu fosse, eu sempre me lembraria dos feitos horríveis que realizei, sem dó nem piedade. Eu me sentia mal por isso. Mal pelas pessoas que matei. Mas não havia nada que se pudesse fazer.

Quando cansei de correr, me sentei em uma pedra para descansar. Depois de um minuto, senti que a pedra estava lentamente afundando. Eu achava que era coisa da minha cabeça ou algo parecido, mas não. Senti que havia caído no chão ou algo parecido. Quando olhei, a pedra não estava mais lá e ao meu lado, um buraco havia se aberto do nada. Eu sendo curiosa, decidi ir investigar e desci, com cuidado pelo buraco. Notei que havia uma escada, oque facilitou muito minha descida. Enquanto eu descia, o buraco de fechava cada vez mais, me fazendo cair escada abaixo. Eu aguardei o impacto, mas ele não chegou a aparecer.

Eu senti que alguém estava por perto, e vi duas figuras se aproximando de mim. Eram um menino e uma menina, pareciam ser líderes, mesmo aparentando ter mais ou menos a minha idade. Eles me encararam por alguns minutos, até que a garota se pronunciou :

"Quem é você ? Oque está fazendo aqui ?" O menino sussurrou alguma coisa para ela e eles me olharam, aguardando a resposta.

"Eu sou Keane. Eu sou uma Gladiadora que acabou de fugir. Eu preciso de ajuda. Eu não me lembro de nada e... aí minha cabeça" Expliquei com aquela dor na cabeça, novamente.

Eles se entreolharam e o menino perguntou :
"Keane, a Keane a atiradora que usa um rifle de batalha ?"

"É... pois é né ? Sou eu sim. Eu escapei por que entrei pela porta errada, caso ao contrário..." Respondi.

"Bom..." Disse a menina. "Bem vinda a revolução do novo mundo"

"Oque é revolução do novo mundo ?" Perguntei, confusa. Eu não sabia de nada disso. Nem porque eles precisavam de uma revolução.

Os dois se entreolharam e se apresentaram como Cizarine e Owen.

"Bem, a Revolução é para lutar contra Sephora. Quem colocou você lá dentro, retirou suas memórias, e colocou você pra lutar contra outras pessoas. Não foi uma pessoa que fez isso. Foram pessoas controladas pela tecnologia. Máquinas dominando humanos. É assim que eles fazem. Eu sei que é difícil entender e..." Explicou Owen.

Eu senti minha cabeça doer e latejar, me fazendo cair, fraca no chão. Owen e Cizarine correram desesperados pegar um kit de primeiros socorros, e eu fiquei lá no chão, quase a beira da morte com a cabeça doendo e ardendo, enquanto memórias do meu passado invadiam meu cérebro. Eu queria gritar e chorar mas não fiz isso. Eu apenas me encolhi, colocando as mãos na cabeça. Eu tentei me segurar, mas acabei chorando de dor baixinho. Eu não queria lembrar, por que eu sabia que só doeria mais e mais. Eu não sabia mais o que era real ou não, nem oque estava acontecendo comigo. Eu só queria que tudo acabasse. Que eu não tivesse corrido eu busca de respostas. Que eu nunca tivesse sido uma Gladiadora. Que Sephora não existisse. Que minha dor parasse como a velocidade da luz. Que as imagens das pessoas que matei saíssem da minha cabeça. Eu não queria carregar esse fardo, horrível. Eu cometi assassinato, mesmo que só por sobrevivência. A imagem do garoto que matei, que disse que eu estava traindo minha própria espécie rodou em minha mente e a dor só aumentou, piorando a situação. Em alguns minutos, minha visão ficou preta e eu não consegui mais enxergar nada além de preto, e lentamente perdi a consciência.

Horas depois que eu desmaiei, acordei gritando, em desespero, em pânico. Eu chorei, mas não estava mais com dor. Tudo havia passado. E eu me lembrava de tudo. Em silêncio, chorei mais algumas lágrimas e  percebi que Cizarine estava do meu lado, me encarando como se fosse algum tipo de pessoa esquizofrênica tendo um ataque. Não é como se eu gostasse de ser chamada de esquizofrênica, pois eu estava tendo um ataque de pânico.

Ela teve que me segurar, por que eu estava tão desesperada que parecia que o mundo iria acabar de tão desesperada. Para mim, o meu mundo estava desabando. Eu acreditei que era capaz de suportar a nova vida e matar pessoas como uma Gladiadora. Mas era tudo mentira. Uma enganação. Era tudo, uma grande mentira. A verdade que eu tentará acreditar, era uma mentira pintada de verdade. Como uma máscara, que esconde quem você é. Uma máscara de segredos.

[EM REVISÃO] Sephora - Torneio de GladiadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora