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A PERDA DE SANIDADE

Dez horas da noite, e eu ainda estava comendo. Kacelie havia se atrasado quase uma hora em me levar o prato, por isso eu consegui comer apenas agora. A maioria das pessoas, de acordo com Kacelie estavam dormindo agora, por isso, nos arriscamos a sair do quarto. Kacelie foi na frente, me dizendo direções e nos guiando pelos corredores. Em silêncio, dávamos passos curtos pelos imensos corredores. Calculei que já haviam se passado quase quinze minutos devido a nossa lerdeza. Mas nesse caso, não era algo ruim, pois correr acordaria muitas pessoas devido ao barulho. Ouvi um estrondo e olhei para Kacelie, que havia pisado em uma tábua solta. Com cuidado, coloquei a tábua novamente no chão e contornamos ela. Suspirei de alívio. Ao menos ninguém tinha acordado. Era oque eu esperava até olhar para o lado e Alkyone aparecer. Eu iria gritar, fazer qualquer coisa, mas ela fez sinal de silêncio.

Eu silenciosamente agradeçi por ela não tentar me levar para um hospício, mas estava mais preocupada em ir na cozinha levar os pratos sujos de hoje.

Ainda em silêncio, eu e Kacelie, agora também Alkyone andávamos até a cozinha. Pelo o que eu havia entendido, faltava pouco tempo até chegar- mos na cozinha. Agradeçi novamente, pois não estava nem um pouco afim de parar em oque quer que seja um hospício.

"Alkyone, oque está fazendo aqui ?" Ela respondeu com um shh. Eu fiz sinal de positivo e ela decidiu falar.

"Segui vocês o tempo todo. Queria saber oque estavam fazendo essa hora fora do quarto." Sussurrou em resposta.

Eu apenas assenti e expliquei minha situação pra ela. Ao menos, ela havia entendido, pelo olhar dela. Eu realmente não queria ser dedurada.

Chegamos na cozinha e largamos os pratos na mesa, logo depois saindo de fininho.

A primeira parte da missão foi completa com sucesso. Agora faltava a parte 2. Voltar para os quartos. Nós nos entreolhamos e começamos a andar de volta, em silêncio. Calculei que mais quinze minutos seriam perdidos ou mais, mas isso não era lá muito importante. Desde que nao fossemos descobertas, tudo estaria bem. No meu ponto de vista, sim, mas no de Kacelie, ou no de Alkyone, não havia como saber. Na metade do caminho, Alkyone se despediu e entrou no quarto de número 41.

Nós acenamos em silêncio e fomos voltar para o nosso quarto. Kacelie estava tremendo, e era perfeitamente notável. Ela parecia que iríamos ser pegas. Iria perguntar pra ela oque era um hospício quando chegássemos no quarto. Como eu havia calculado, chegamos no quarto em mais ou menos quinze minutos. Eu tranquei a porta e coloquei uma estante na frente. Dei um suspiro de alívio e perguntei :

"Kacelie, oque é um hospício ?"
"Um hospicio é para onde eles mandam pessoas loucas." Ela respondeu.

Quer dizer que eles me achavam louca ? O pior era que a esse ponto, até eu me achava louca. Mas eu não poderia admitir isso. E eu não planejava ser mandada pra lá.

Peguei um pijama preto de Kacelie e me enfiei no banheiro para me trocar. Sai de lá vestida e fui me deitar, pois estava tão cansada e exauta, que até mesmo Kacelie não havia dormido ainda. O que provaria que estou bem mais cansada que ela. Fechei os olhos e suspirei, aguardando o tão esperado sono.

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Acordei na manhã seguinte, com dor no braço e tive que fazer esforço para conseguir me levantar.

Eu estava com bastante dor no meu pé, mas ele já estava melhor. Se eu tinha conseguido correr ontem, era mais que óbvio que conseguiria hoje. Mancando, me levantei e peguei minha roupas de quando eu era Gladiadora. Isso não me orgulhava, mas era uma parte de mim que eu não conseguia esconder. Coloquei a roupa, que ainda continha os escritos "G002". Eu ainda não sabia oque significava, mas deveria ser algo importante.

Vestir aquela roupa novamente foi difícil. Eu chorava em desespero e queria poder sumir do mundo, do planeta, sumir pra sempre. Mas eu não poderia fazer isso. Com cada vez mais lágrimas, vesti a roupa, que coube perfeitamente em mim.

Me senti uma Gladiadora novamente, e o instinto de matar tomou conta de mim. Por sorte, Kacelie já havia saído, então eu estava sozinha, sem ninguém para me impedir.

Ouvi alguém bater na porta e saquei o meu rifle, pronta para atirar e com um sorriso insano.

Abri a porta e dei de cara com uma menina, quase do meu tamanho, pulando alegremente.

Eu abri meu sorriso insano cada vez mais, mirei na cabeça dela e Bang ! A menininha já era. Peguei o corpo antes que caísse no chão e espalhasse sangue. Eu estava perdendo minha sanidade.

Eu estava louca, insana, mas era uma parte de mim que crescia cada dia mais, eu gostava. Eu era Keane, louca, maluca. Me chame do que quiser. Mas esse é o meu fardo. Algo que eu não posso e nem vou esquecer. Com cuidado, para que não me sujasse de sangue, corri mancando pelos corredores até a escada e alcancei a janela. Com força, abri a janela e joguei o corpo dela. Eu não estava com a roupa suja de sangue, mas o Rifle e minhas mais estavam cheios. Procurei desesperada- mente o banheiro mais próximo, para limpar minha mãos ensanguentadas. A sorte foi ao meu favor e encontrei o banheiro feminino logo a frente. Em pânico, abri a porta com a mão menos ensanguentada e corri para dentro. Meu primeiro instinto foi deixar o Rifle de lado e lavar a mão. Com as mãos limpas, peguei e levei o Rifle, que quase estragou devido a água.

Sequei as mãos e o Rifle e peguei papéis para limpar a maçaneta da porta. Ao menos, ninguém viu nada. Caso  contrá- rio, eu poderia ser presa por assassinato a sangue frio de vítimas inocentes.

Eu me senti meio mal, meu lado louco ja havia ido embora. Sen-ti pena da menina que matei. Ela deveria ter vivido uma longa vida e treinado para se tornar cada vez mais forte. Eu tirei isso dela.

"Chega". Me repreendi. Ela tinha culpa. Se ela não tivesse batido na porta e me irritado, quem sabe estivesse viva. Mais um lado meu despertará. O lado "Não confie em ninguém. Nada é culpa sua. Todos os outros sã o culpados." Minha mente estava em conflito. Eu estava ficando realmente louca. Pri- meio, memórias que me faziam ter ataques de pânico, depois alucinações e depois perda de sanidade. Eles takvez estivessem certos. Talvez eu realmente seja louca. Talvez eu realmente esteja perdendo a sanidade. Talvez, eu precise mesmo de um hospício. E isso é mais uma verdade do que uma mentira.

[EM REVISÃO] Sephora - Torneio de GladiadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora