Sometimes love's not enough

1.4K 74 23
                                    

Clara olhava de Marina para Isis. Era impossível segurar as lágrimas naquele momento. Ela não conseguia formular nenhuma frase. Como elas podiam fazer aquilo com ela? Como poderiam querer ela de volta, colocar suas vidas em risco, por ela? Marina não devia saber o que estava fazendo. Clara tinha que ser forte, ela não podia correr o risco de machucar nenhuma das duas.

-Não posso. – As palavras saíram pesadas, entre o choro. Marina precisou segurar suas lágrimas. Isis olhou para ela e voltou a olhar para Clara.

-Você disse que amava a gente – A menina falou no mesmo tom de antes. Se aproximou de Clara e tirou as mãos do rosto da mulher. – Não ama mais?

Clara olhou para a filha. A menina não tinha vergonha em mostrar seu choro. Ela passou a mão no rosto de Isis, enxugando as lágrimas.

-Eu amo demais, e é por isso que não posso voltar.

-Não faz sentindo. Não sei porque vocês adultos tem mania de complicar as coisas. – Isis olhou para Marina e voltou a olhar para Clara. – Cansei. Enquanto você não deixar de ser cavalo parado eu não vou mais comer. – Isis voltou a cruzar seus braços e sentou no sofá, na frente de Clara.

-Mula empacada. – Marina tinha aproximado das duas. – Não sei de onde você tirou cavalo parado.

-É que não lembrei que era mula. – Isis falou para Marina. – Enquanto você não deixar de ser mula empacada eu não vou mais comer. – Ela repetiu para Clara.

Clara olhou para Marina. A fotógrafa não fez nenhuma menção em repreender a filha por isso. A menina não podia ir para a escola, mas podia passar fome? Qual era a lógica da Marina.

-Maria Isis, não, você não pode fazer isso. Você tem que comer e ponto final.

-E como você vai saber se ela está ou não comendo? – Marina perguntou para Clara.

-Porque você está com ela, e é sua responsabilidade cuidar disso. – Clara estava perdendo a paciência com a mulher.

-Eu vou estar, mas não vou forçá-la a comer, se ela não quiser. – A fotógrafa deu de ombros.

-Tá tirando com a minha cara, né? – Clara tinha ficado de pé. Ela estava tão nervosa que até o choro tinha parado. Seu olhar só via Marina, e não era um olhar muito amoroso. Marina passou o braço em volta de Isis, cruzou as pernas, manteve a calma e olhou para Clara.

-Se quiser que sua filha coma, volta para casa.

-Chantagem?

-Você quem escolheu voltar por mal. – Marina novamente deu de ombros olhando para Clara. Se antes ela tinha chorado, e temido que a mulher não voltaria, agora ela tinha certeza que sairia dali com Clara. Um sorriso de triunfo saiu dos lábios de Marina.

-Mas isso é loucura. – Clara abriu os braços e soltou com força. Faltavam palavras para dizer à Marina. Se virou para sua mãe em busca de ajuda. – Fala para ela mãe, fala que isso é loucura.

Chica olhou para Clara, respirou fundo, e olhou para Isis e Marina, sentadas não muito longe dela.

-Acho que você devia fazer greve de sono também. – Chica disse para a neta.

-Legal, não vou mais dormir. – Isis levantou o polegar sorrindo para a avó, e olhou desafiando Clara.

-Ver televisão de madrugada? – Marina falou para a filha, e sorriu. – Passa tanto desenho legal.

-Sério? – Isis perguntou empolgada para a mãe.

Clara levou as mãos na cabeça. Helena sorria diante da cena, e para ajudar Juliana começou a falar sobre desenhos com Isis. Todas tinham enlouquecido ou aquilo era um pesadelo. Clara perdeu a paciência, segurou o braço de Marina e afastou a mulher da filha e das outras na sala.

Born To DieOnde histórias criam vida. Descubra agora