04 - Jantar.

1K 52 4
                                    

DAY.

Os dois dias que antecederam o jantar passaram devagar e isso pra mim foi um castigo. Eu precisava desse momento com Daniela e Laura, algo nelas é tao familiar que não parece que as conheço há menos de uma semana.

 Nos encontramos novamente ontem de manhã e Laura vibrava por saber que iria jantar na minha casa e que isso já era meio do caminho andado pra ela passar um dia comigo na empresa. Hoje então ... Daniela me disse o quanto ela esta contando os minutos e implorando pra que ela lhe deixe ficar comigo.

Eu fico extremamente feliz com isso, nunca soube ao certo como é ter uma criança por perto, nenhum amigo ou parente tem filhos. Laura chegou de paraquedas na minha vida e, por mais que tenham sido apenas uma semana de encontros na rua, não quero mais que ela saia. E nem a mãe dela. 

Tive que trocar algumas mensagens com Daniela pra saber os gostos de Laura e ela me contou  quanto era apaixonada por lasanha, prato que eu podia preparar de olhos fechados.

Carol ficou falando na minha cabeça o dia inteiro sobre como eu chego boba no trabalho depois de conversar com Daniela e que ela tem nos observado diariamente. Obviamente reclamei, mas, segunda ela, estou parecendo uma adolescente apaixonada que ainda não se deu conto do que sente. Às vezes tenho medo do que ela diz, porque minha amiga me conhece e sabe sobre tudo que estou pensando ou sentindo antes mesmo que eu possa contar.

Não vou negar que sinto um friozinho na barriga toda vez que a encontro de manhã, que o sorriso dela é um dos mais lindos que eu já vi  (provavelmente o mais lindo) e a forma como ela cuida de Laura é admirável. Eu sinto uma necessidade incontrolável de saber mais sobre a vida dela e querer fazer parte de tudo aquilo.

Terminei de fazer a lasanha e a deixei no forno pra não correr o risco de esfriar até a hora do jantar, subi pra tomar um banho e logo depois disso bateu a indecisão sobre qual roupa usar. Percebi que, quando se tratava dela, eu estava mesmo parecendo uma adolescente presa ao corpo de uma mulher de 27 anos. 

Assim que terminei de me arrumar, ouvi a campainha tocar e dei uma última olhada no espelho. Desci a escada e finalmente abri a porta, vendo uma bolinha humana pular em minha direção.

- Day! - Laura sorriu e repetiu o mesmo gesto de todas as manhãs, abriu os braços, eu a abracei e peguei no colo. 

- Sintam - se em casa. - Falei, dando espaço pra Daniela entrar e colocando Laura no chão.

Ela estava absolutamente linda com aquele vestido justo e os cabelos presos num coque alto.

- Day, sua casa é linda. - Laura falou enquanto observava tudo em volta. Nunca achei que fosse grande coisa, acho meu apartamento tão normal quanto qualquer outro, mas se ela diz...

- Ah, muito obrigada. E então, você está com fome?

- Sim, muita! 

- Walz! - Daniela chamou sua atenção e riu a mesmo tempo.

- Não gosto de mentir, mãe.

- Eu acho ótimo que esteja com fomo porque tem muita lasanha pra ela.

- Como você adivinhou? - Ela me olhava curiosa e sorria. Olhei pra Daniela, que sorriu de canto.

- Digamos que eu andei conversando com alguém que me contou.

As trouxe até a sala de jantar onde havia deixado tudo pronto pra gente, Daniela e Laura se sentaram. Tirei a lasanha do forno, coloquei sobre a mesa e me juntei a elas.

- Além de cantora tem dotes culinários? - Daniela perguntou, sorrindo de forma debochada.

- Lau, sua mãe anda tirando muito com minha cara ultimamente. Eu acho que vou levar a sério a ideia dela de sequestrar você.

1000 Hands. Onde histórias criam vida. Descubra agora