1000 Hands.

18 - Passado

 Dani

Acordei com Day em meus braços, sorri ao vê-la dormindo com várias mechas de cabelo caídas no rosto. Ela se virou de lado e passou o braço pela minha cintura sem abrir os olhos. Dei um beijo delicado em sua testa e ela sorriu. 

- Bom dia. - Ela falou com a voz de sono mais fofa de todas. 

- Bom dia, flor do dia.

- Me diz que ainda temos muitas horas pra dormir. - Sua voz soou manhosa e eu me derreti toda. 

- Nem mais cinco minutos. Inclusive, se eu não for agora pra casa, Laura vai se atrasar pro colégio. - Ela sentou-se na cama e eu fiz o mesmo. Laura entrou no quarto coçando os olhos e se sentou de frente pra nós. 

- Bom dia, mães. - Ela disse, lutando pra manter os olhos abertos.

- Bom dia, princesa. - Eu e Day falamos em uníssono. - Precisamos ir embora. - Falei levantando e esquecendo que estava só de calcinha. Laura olhou e cobriu a boca com as mãos em espanto fazendo com que nós duas rissemos. - Vai pra sala, filha. - Ela correu pra fora do quarto e Day ainda ria.

 Ela vai perguntar o motivo depois.

- E eu vou deixar pra você responder. - Joguei um beijo no ar. 

Troquei de roupa rapidamente e ela levantou da cama, vindo até mim e me dando um selinho demorado.

-Vejo vocês na cafeteria. 

- Tá bem.  - Fiz que sim com a cabeça e selei nossos lábios novamente. Peguei a chave do carro e chamei a pequena que estava deitada no sofá assistindo desenhos. 

- Por que minha mãe não vai com a gente? -  Laura perguntou.

- Porque a gente vai se encontrar daqui a pouco na cafeteria, meu amô.

 Peguei sua mochila e saímos do apartamento um pouquinho mais tarde que o horário de sempre. Fomos até a cafeteria e entrando pude ver Day no balcão conversando com um homem ao seu lado. Ela olhou pra gente e nós duas fomos até o balcão fazer nosso pedido, ela continuou falando com ele e por estar um pouco longe, não consegui saber do que se tratava. Não quis interromper a conversa, então fomos pro nosso lugar de costume e em alguns minutos ela veio se sentar com a gente. Seu rosto estava pálido e apesar do calor, suas mãos estavam frias. 

-Ei, tá tudo bem? Quem é ele? - Perguntei e ela negou com a cabeça sem me olhar e acompanhou com os olhos o homem sair do estabelecimento. - Amor...

-Depois a gente conversa sobre isso, Dani. - Ela falou baixo e entrelaçou nossos dedos sobre a mesa, agindo de um jeito completamente estranho durante todo o tempo em que ficamos ali. Tentou parecer normal com Laura, mas algo estava a incomodando.

Levei a pequena pro colégio e fui até a clínica sem conseguir tirar a imagem dos dois conversando e o jeito como ela ficou depois da minha cabeça. Até umas horas atrás estava tudo certo. Eu não conseguia entender o porquê dela ter ficado assim de um momento pra outro.

Day

Encontrar com Zayn me deixou atordoada. Vê-lo foi como ter todo o peso do meu passado caindo sobre minhas costas de uma vez só. Depois do tanto que eu sofri por ter sido deixada por ele, não queria encontrá- lo nunca mais, principalmente porque aquele estava sendo um dos melhores momentos da minha vida. Ele agiu de forma extremamente doce e amigável, o que me deixou ainda pior. Zayn foi a primeira pessoa que eu amei e, por mais que eu não quis ficar abalada com o simples fato de trocar algumas palavras com ele, era impossível. Quando nós terminamos eu sentia que um pedaço de mim tinha sido arrancando à força.