03 - Ligação

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 DAY.

Mais um dia, mais uma vez na rotina. Já esperava encontrar com Daniela e Laura e foi justamente isso que aconteceu, fiquei feliz em vê-las outra vez. Hoje, ao invés de ficar parada esperando que ela chegassem até mim, andei sorridente na direção delas.

As duas me sorriram de volta e meu sorriso ficou ainda maior. É engraçado como parece que as conheço faz tempo e na verdade eu nunca as tinha visto por aqui. Se tinha, não me lembro, mas alguém tão linda assim é difícil passar despercebida.

- Day! - A pequena abriu os bracinhos e eu me abaixei, ficando na altura e a abraçando.

- Bom dia, princesa. - Falei e a soltei.  - Bom dia. - Me levantei e sorri pra sua mãe.

- Bom dia, Day. - Ela respondeu sorrindo também. 

- Day, você é cantora? - Laura perguntou.

- Eu sou e minha amiga também é.

- Sério? Sabia que eu acho muito legal isso? Cantar,  tocar e compor músicas...

- Quantos anos você tem, Lau? - Perguntei, porque fiquei admirada com alguém desse tamanico falando dessa forma.

- Eu tenho seis. - Ela respondeu, parecendo empolgada com o assunto e com o apelido.

- Você tem certeza que sua filha tem seis anos? - Olhei para Daniela que nos observava calada.

- Não, eu não tenho. - Ela riu. 

- Já que você acha legal, se sua mãe deixar, posso te levar pra conhecer meu estúdio algum dia e te mostrar tudo.

- Sério? - Seus olhinhos brilharam. - Mãe, eu posso? - Laura olhou pra Daniela quase pulando de empolgação, o que me fez rir.

- Hum, não sei...

- Não vou sequestrar sua filha, você pode até ir junto, se quiser.

- Vou pensar.

- Mamãe não quer deixar porque acha que não conhecemos você direito ainda. - Laura falou, já perdendo a animação.

- Bom, isso a gente pode resolver. Que tal se sairmos juntas qualquer dia desses? - Sugeri na esperança de que ela aceitasse.

- Mãe...

- Pode ser.

Trocamos nossos contatos pra combinar melhor depois e antes de me despedir delas, abaixei novamente na altura da pequena.

- Fica sossegada que logo você vai passar um dia todinho comigo no estúdio, vou convencer sua mãe que sou confiável. - Falei no seu ouvido e ela assentiu sorrindo. Nos despedimos e eu segui para o trabalho. Como sempre, Carol chegou junto comigo e ela  deu  de me encher o saco desde ontem, quando me flagrou sorrindo sozinha. 

- Eu vi você conversando com aquela mulher e aquela menininha. 

- E o que tem? 

- Quem são elas? No caso, minha pergunta é, quem é ela? - Ela enfatizou a última palavra, deixando claro que estava se referindo à mais velha.

- Daniela e Laura Nunes.

- As conhece desde quando? 

- Carol, você tá me irritando.

- Faz parte do pacote da amizade. - Ela sorriu e passou o braço pela minha cintura encostando a cabeça no meu ombro.

- Conheço Daniela desde segunda- feira e Laura desde ontem. - Acabei respondendo a pergunta porque sei que ela iria me encher o saco até obter uma resposta.

 - E se conheceram como?

- Ah, dá licença que eu tenho trabalho a ser feito. - A empurrei e continuei andando até meu "canto".

- Se ela for o motivo daquele ser sorriso bobo de ontem, eu vou descobrir! - Ela berrou me fazendo parar e a encarar séria, eu odeio como ela consegue me entender antes de mim mesma.

- Boa sorte! - Gritei de volta e ADZ me olhava.

- Ela quem, hein, Dayane? - ADZ me seguiu até a porta da minha sala.

- Ninguém que você possa comer. - Fui direta porque sei que sempre que surge qualquer coisa relacionada a uma mulher, ele vai atrás, a conhece, conquista e consegue levar pra cama.

Alguma coisa dentro de mim fez com que eu me importasse como nunca me importei, e Daniela não ia ser mais uma pra ele.

- Não sabia que você gostava de mulheres também. (N/A: Day é a maior caminhoneira do mundo) 

- Me dá um tempo, ADZ. - Entrei no meu canto e fechei a porta na cara dele porque minha paciência já tinha acabado, quando arruma uma desculpa pra me encher o saco, não para mais. Ele e Carol podiam dar as mãos.

Carol havia me enviado a música que a Ana Gabriela estava querendo cantar comigo. Fiquei na sala treinando a música que ela enviou e outras que eu estava planejando gravar para o Youtube. 

Enquanto a Carol puxava um assunto qualquer comigo, peguei meu celular abri o contato de Daniela.

Eu queria ligar pra ela e realmente marcar de sairmos pra que ela deixasse Laura vir pra cá comigo algum dia e, obviamente, pra conhecê-la melhor.

Algo em Daniela me chamava atenção de uma forma que nunca tinha acontecido antes, desde o momento em que a olhei brava por ter derrubado café em mim e depois mudei meus pensamentos quando realmente enverguei o que estava na minha frente, ela simplesmente não saía da minha cabeça.

***

Cheguei no meu apartamento e coloquei o celular em cima da escrivaninha do meu quarto e fui tomar um banho, meu corpo necessitava de água quente depois do nervoso que passei hoje. Ouvi meu celular tocar quando estava acabando e até tentei ser mais rápida, porém quando alcancei o aparelho, ele já havia parado.

Meu coração acelerou quando vi que a chamada perdida era de Daniela. Me vesti sem tirar o olho do celular esperando por outra ligação, mas nada aconteceu, então decidi ligar eu mesma.

- Oi. - Ela disse assim que atendeu. - Desculpa por ter te ligado agora e se estiver atrapalhando em algo, é que Laura está me pedindo isso faz horas. Ela quer muito que a gente saia junto. Não parou de falar disso um minuto sequer.

- Vocês poderiam vir jantar na minha casa. Qualquer dia pra mim está ótimo.

- Pode ser na sexta? 

- Claro.

- Vou dizer pra ela. A pequena tá toda empolgada com sua proposta de levá-la ao seu estúdio antes mesmo de eu deixar.

- Você vai deixar. 

- Só se você realmente provar que não vai sequestrar minha filha. Sério, ela é tudo que eu tenho. -  Ela disse quase rindo, mas de uma forma extremamente fofa. 

- Eu prometo cuidar dela como se fosse minha filha.

- Você tem filhos? 

A pergunta dela fez meu coração doer um pouquinho. Meu sonho sempre foi mãe, infelizmente ainda não consegui realizar.

- Não, mas posso fingir que tenho e cuidar de Laura como se fosse minha.

- Preciso saber também se você tem passagem pela polícia, se não tem nada guardado na sua casa ilegalmente... 

- Você não tem cara de piadista.

- Mas eu tô falando sério, Dayane! - Ela disse de uma forma insistente que me fez rir.

- Ok - Falei ainda rindo. - Vou ter que encontrar outro esconderijo pras minhas coisas  clandestinas.

- Preciso desligar porque ela está me chamando e se Laura descobrir que estou com você no telefone, hoje você não dorme.

- Nos vemos amanhã cedo, etão.

- Até amanha.

A ligação tinha sido encerrada e eu não sabia porquê diabos meu coração estava acelerando e eu não conseguia parar de sorrir.  (N/A: Amor o nome, nenê)

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