Meu amigo Adam

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Adam nos leva até a parte de trás do palco aonde se via a última luz do dia, a noite já começara a tomar conta quando os dois rapazes vão até o estacionamento buscar algumas caixas de equipamentos, fazendo a porta se fechar atrás deles me deixando sozinha na escuridão.
Os bastidores tem um lado fantasmagórico para mim, acho que por que eu teria gostado de viver a música.
As luzes coloridas que se despende das paredes negras, a cortina do cenário e o lado mágico da vida de um músico despertam meu desejo.

Decido ir segurar a porta para os rapazes. Adam aparece com uma enorme caixa e duas pedaleiras de metal.
Matt o segue com um dos últimos amplificadores, os outros já estão colocados no palco.

-Consegue carregar?- Meu tom de voz brincalhão o faz levantar uma sombrancelha.

-Não viu meus músculos?

Ele coloca o amplificador no chão e mostra seu bíceps bastante definido, mas balanço a cabeça brincando.

-Não, aonde?

Aperto seu braço com meus olhos fechados, brinco com ele com o nariz quase colado na sua pele.

-Não, é sério, não vejo nada!

Matt solta outro grunhido fazendo Adam se acabar de tanto rir.

-Se conhecem a muito tempo? Parecem muito bons amigos.

-Alguns meses, mas essa menina parece uma sanguessuga.

-Uma sanguessuga?

Digo isso tão alto que minha voz parece um rugido dentro da sala, limpo a garganta e franzo o nariz.

-Sim, está precisando tanto de uma companhia masculina, que parece um pequeno parasita grudado na minha perna.

-Entre você e eu, é você que tem a sorte de eu te suportar.

Adam concorda comigo.

-Essa garota é a voz da sabedoria.

Concordo com a cabeça freneticamente.

-Não é verdade. Deixo que você me siga por que sou um amor.

Reviro os olhos e Adam desiste, prefiro eu mesma explicar.

-Trabalhamos juntos, Matt é meu colega de mesa no escritório.

-Tenho certeza que não é um tédio?

-Não, confesso que esse cabeça de vento faz minha vida melhor desde que ele entrou nela.

-Ah! Viu? Oque seria de você sem mim?

Ele passa o braço pelo meu pescoço e eu o braço pela cintura amigavelmente.

-É oque me pergunto todos os dias.

Matt me dá um enorme sorriso e caminha para a porta para buscar o resto dos materiais.
Adam me olha sorrindo.

-O pior é que ele sempre foi assim.

Dou de ombros e faço uma cara adorável.

-Mais eu não gostaria que ele mudasse. Não fale para ele porque ele vai ficar insuportável.

Ele acente com a cabeça e sem avisar me joga um par de baquetas.
Surpreendida, pego as baquetas no ar e olho em sua direção.
Ele pisca para mim e diz.

-Vai me dar sorte!

-Ah, oque?

-Uma garota gata pega minhas baquetas, preciso mesmo responder sua pergunta?

Dou um suspiro exasperada.

-Devo mesmo acreditar nisso?

-Finja por favor! Isso alimenta meu ego.

-Tudo bem, então vou apertar elas em meu coração até que você acabe de carregar essas enormes caixas que sou incapaz de pegar.

-Cuidar das minhas baquetas é muito... Muito mais importante!

Então ele sai em direção a porta. Adam é definitivamente uma pessoa curiosa e divertida. Seu bom humor é contagiante.
Os rapazes desaparecem e voltam carregando novas caixas, assim que colocam a carga no chão eu começo a cantar e a espiar as caixas pretas.
Como quem não quer nada, levanto uma das tampas por curiosidade. Adam levanta a cabeça e me olha com as sobrancelhas levantadas.

-Que foi?

-Hummm.... Tem uma bonita voz, só isso.

-Oh! Obrigada!

-Digo isso por que é verdade, não para flertar.

Fico um pouco sem graça. Estou consciente que ele não está flertando comigo. Me sinto feliz que um músico goste da minha voz.
Balanço suas baquetas para ele sorrindo.

-Quando eu era mais jovem eu gostava de cantar, como uma amadora é claro, adorava cantar e tocar piano, já faz um tempo que não encosto meus dedos em um teclado.- Sorrio- Sem dúvidas é um dos motivos que me trouxe para Nova York ao deixar minha família, tenho um piano na minha sala, um Yamaha. É triste velo sem utilidade e sendo deixado como um objeto inútil.

Adam da de ombros.

-As vezes se perde a sensibilidade ou a motivação, são coisas que passam. Para mim a música é como meu jeito de respirar. Quando solto as baquetas sobre a bateria é como se meu cérebro estivesse desgrudando do crânio. É algo mágico, mas você tem que encontrar seu doende da sorte. Sorria.

Is it love? ColinOnde histórias criam vida. Descubra agora