Um Ombro Amigo

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Chego em casa ainda sem acreditar no que aconteceu. É surreal acreditar que eu, uma pianista, que nunca sonhou em fazer sucesso e essas coisas, entrar pra uma banda, e ainda mais a banda do Colin.
Tiro meus sapatos e olho para minha gatinha Liz, que me olha como se eu fosse louca.
Preciso conversar com alguém pego meu celular e me jogo no sofá, ligo para Lisa, mas acho que ela não vá me atender por causa do horário. Não desisto, ligo outra vez e escuto a voz dela rouca de sono.
Assim que ela atende começo a falar sem dar tempo pra ela respirar do outro lado.

-Alô?

-Ah Lisa, você não pode acreditar no que aconteceu, sério você não vai acreditar, mas espere, não diga nada.

-Eu não estou entendendo nada, Denise, você pode ser um pouco mais específica?

-Eu vou tocar na banda do Colin, você acredita nisso?

Eu a escuto suspirar, mas ela não diz nada.

-Lisa? Você está aí?

-Sim claro, mas, quem é Colin.

Ops! Eu não contei para minha amiga todos os detalhes, só que conheci um cara arrogante e misterioso, então decido contar a ela algumas coisas mais evitado falar demais, afinal, ele trabalha na mesma empresa que nós duas.

-O Colin é o vocalista da banda que fui ver com o Matt, a baixista abandonou a banda e então eu vou tocar para ajuda-los.

Me sinto mal por não contar mais a minha amiga, mas sei que não vou conseguir me controlar por muito tempo.

-Isso é incrível! você vai se sair muito bem, eu tenho certeza.

-Eu nunca toquei em uma banda antes.

-Mas eu sei que você vai fazer por amor. Então tudo certo.

Bom, em parte ela tem razão, eu amo tocar piano, mas não acho que vai ser fácil encarar o Colin todos os dias.

-E então, você gosta do Colin?

Oque?

-Uh... Não... Sim... Eu não sei.

Que se dane, eu preciso mesmo de um ombro amigo, então decido falar com a Lisa. Eu a escuto rindo do outro lado.

-Ele é super sexy?

-Bom, digamos que até demais, bom, ele trabalha com a gente na Carter.

-Ah meu Deus? Você está falando do Colin que tem a palavra sexy estampada na testa?

Provavelmente seja o mesmo.

-Acho que estamos falando do próprio.

-Ah como eu te invejo, mas claro, de uma maneira boa. Já quero que você me conte tudo sobre vocês dois.

-Não há nada para contar sobre nós dois.

-Pode ser que não. Mas ele é um homem e você irá achar seus pontos fracos, mesmo que você nao me conte oque sente, eu sei que você gosta dele.

Fico feliz que a Lisa me encoraje, ela sempre foi uma boa ouvinte e me dá ótimos conselhos.

-Obrigada por ser tão boa amiga.

-Oque é isso minha querida, eu torço muito por você, sei que vai conseguir alcançar seus sonhos e ser muito feliz.

Eu me emociono com suas palavras, mas não demonstro a ela.
Depois de desligar a chamada com a Lisa eu decido tocar um pouco.
Caminho na direção do piano e me sento no banquinho. Quando lembro do Colin cantando, eu sinto ele deixa a musicar correr em suas veias. Eu sei como é isso, eu coloco meus dedos sobre as teclas, e então o som começa a encher meu apartamento. Como se fosse mágica, eu me sinto transportada para o passado, eu volto a tocar as músicas que compus em minha adolescência, eu achava que as tinha esquecido, mas não, elas estão bem ali, como se nunca estivessem sido esquecidas.
Eu me lembro de meu ex namorado e melhor amigo, das músicas que fiz para ele, talvez eu devesse ligar pra ele e tentar tratar nossa amizade, conta-lo como está minha vida agora, e de como me fez bem sair de minha cidade natal. Mas agora não é o momento para isso, agora eu estou vivendo um momento incrível, onde tenho vontade somente de tocar.
Me vem a cabeça a imagem de meus pais, de como eles não me apoiavam com a música, eles nunca me incentivaram a viver da música, eles nunca sentiram a música como eu. A única coisa que importava pra eles, era que no futuro, eu arrumasse um bom emprego que desse para pagar as contas no final do mês. E agora eu estou voltando para viver esse sonho, é surreal, eu vou tocar em uma banda de heavy metal, e vou compartilhar todas essas sensações com um cara que eu desejo e desprezo ao mesmo tempo.

Na manhã seguinte chego ao trabalho, e Matt está sentado em minha mesa brincando com o grampeador, quando me vê ele dá um sorriso travesso.

-Você está feliz, não está?

Eu o olho sem entender.

-Feliz com oque?

Ele me dá uma cutuvelada me fazendo grunhir um gritinho, e ele rir.

-Ah qual é Denise, você vai ficar a noite inteira com o Colin. E bom, você sabe oque acontece quando dois adultos passam a noite juntos.

Eu reviro os olhos.

-Matt, primeiro, vou ensaiar com o Colin e o Adam, e segundo, eu e o Colin não temos esse tipo de relação.

Ele sorri ainda mais, só que dessa vez com irônia.

-Eu achei demais quando você desafiou ele ontem, eu nunca tinha visto ele tão nervoso, já o vi bravo, mas não daquele jeito. Eu achei que ele ia te devorar viva, e quando você o desafiou, eu achei que ia sair fumaça de suas orelhas. Devo confessar que fiquei excitado com a briga.

Eu começo a rir das idiotices do Matt, esse é o meu Matt mulherengo.

-Matt, oque não te deixa excitado? Me diz?

Ele levanta uma sobrancelha .

-Ninguem nunca o desafiou antes, o Colin sempre teve tudo oque quis, mas não com a ajuda de ninguém, ele sempre correu atrás de tudo sozinho sabe.

Digamos que estou gostando dessas confições do Matt.

-Mas só pode que ele não vai com a minha cara ou eu sou sorteada, já que ele é tão grosso e idiota comigo.

O Matt perde o seu brilho habitual e começa a falar agora sem sorrir.

- o Colin é assim com todo mundo, ele não confia em ninguém, ele já sofreu muito e isso o deixa sempre desconfiado de tudo e todos. Mas acredite, ele é bem legal. E eu acho que ele gosta de você, ele nunca deixaria você entrar pra banda se não sentisse algo por você.

Essa declaração me deixa animada, mas claro, eu não devo ter esperanças, afinal, é o Colin.

Is it love? ColinOnde histórias criam vida. Descubra agora