4- Aniversário

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Ana POV

Quando ela abriu a porta, fui imediatamente sugada por aqueles olhos que eu ainda não sabia definir a cor. Fiquei uns bons segundos olhando para eles, até que ela me disse um "oi", mostrando os dentes branquinhos num sorriso alinhado. Ela fez um gesto com a mão para que eu entrasse.

Me flagrei a observando enquanto ela me mostrava o apartamento. Vitória usava um vestido azul cobalto bem justo, sandálias de salto preta e um batom vermelho escuro que chamava bastante a atenção para o seu rosto. Percebi que ela tinha um colar com um pingente de trevo, e sorri feito boba com a coincidência entre a mensagem de Babi e aquele pingente.

_ Tu tá rindo de que aí, hein?_ ela me fitava de um jeito curioso e eu corei por ter me distraído.

_ Não é nada não, é que a sua casa é tão diferente da minha.

Isso era verdade.O apartamento de Vitória combinava perfeitamente com o que eu conhecia dela até então: elegante, tudo muito equilibrado. Logo quando entramos, eu já notei a diferença entre a minha casa e a dela.As paredes eram brancas, e tinham alguns quadros pendurados, com pinturas bem interessantes, algumas com apenas uma tinta, em tons diferentes: azul, verde, amarelo. Um tapete preto na sala, e uma estante com alguns porta-retratos.  Os móveis davam um tom meio rústico ao ambiente. A cozinha parecia com aquelas que vemos em filmes, com direito a uma geladeira enorme e cinza. O quarto dela só poderia ser definido por uma palavra:aconchegante. Tinha uma enorme cama de casal, com diversos travesseiros pretos. Mais um quadro sobre a cama, dessa vez com uma praia sendo retratada em tons de laranja. Uma enorme janela no lado esquerdo do quarto, um enorme guarda-roupas de carvalho e uma televisão tão grande que parecia com a tela do cinema.

_ Oxi, aposto que nem é tanto assim._ ela riu e eu ri junto. Pensei que ficaria extremamente tímida com ela, mas me sentia muito à vontade. _ Mas agora, eu preciso te pedir uma coisa. Tudo bem?

Apenas meneei a cabeça, curiosa. O que ela queria?

_ Preciso de ajuda com a decoração! Foi até bom tu ter chegado cedo, porque eu tô completamente perdida, mulher! _ ri do seu desespero e só então percebi que realmente não parecia que haveria uma festa naquele lugar. Concordei logo e começamos a trabalhar.

(...)

Vitória e eu arrumamos a mesa com doces, afastamos os móveis, organizamos tudo o que seria servido e preparamos o lugar onde eu faria meu show. Ainda não estava acostumada a dizer que fazia shows, mais era assim que Vitória dizia, então para mim tudo bem. Conversávamos enquanto fazíamos tudo, e eu me sentia tão bem estando com ela, que me peguei imaginando se poderíamos nos tornar amigas.

_ Acho que tá tudo certo agora!_ ela disse, colocando as mãos na cintura e contemplando a nossa obra.

_ Tá tudo tão lindo!

_ Poisé, aposto que minha bixinha vai adorar!_ Vitória deu alguns pulinhos, completamente empolgada e eu ri com o quanto ela transbordava alegria_ Espera, tá faltando uma coisinha, Ana.

Ela foi até a cozinha e voltou com dois chapeizinhos de unicórnio. Tinha um sorriso brincalhão nos lábios. Se aproximou de mim e colocou com delicadeza o chapéu na minha cabeça. Depois, colocou o outra na sua, prendendo alguns cachos do seu cabelo no elástico. Ficou tão fofa!

_ Pronto, agora está tudo certo!_ seus olhos colidiram com os meus, e eu senti uma conexão tão grande com aquela mulher naquele instante , que fui incapaz de pronunciar sequer uma palavra. Me senti estranha, era como se aqueles olhos soubessem de coisas sobre mim que nem eu mesma sabia. Me desvendava sem nem me tocar. Essa sintonia estranha durou poucos segundos, porque alguém tocou a campainha_ Devem ser os convidados. Obrigada por me ajudar Ana. 

ContrastesWhere stories live. Discover now