6- Foto

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Vitória POV

"O que tu tá fazendo comigo, Ana Clara?". Era esse o pensamento que tomava conta da minha mente enquanto eu olhava para nossa foto juntas, tirada ainda a pouco no Restaurante Bonsai. Depois de escrevermos no quadro negro, a dona do restaurante e velha amiga minha sugeriu que tirássemos uma foto, e que aquele era um costume de anos do estabelecimento.

_ Assim aqui vira tua casa também_ Flávia disse, mas dava pra ver pelo olhar deslumbrado de Ana que ela já se sentia em casa por ali.

Aproveitei para recomendar Ninha para a minha amiga, e ela adorou a ideia de poder ter shows no restaurante. Garanti para Flávia que ela não se arrependeria, e que a voz de Ana era simplesmente maravilhosa. Isso só vez a morena ficar com vergonha e me deixar mais encantada com seu jeitinho.

Enquanto Ana e Flávia conversavam sobre os detalhes dos shows, aproveitei para pedir à garçonete que me enviasse as fotos que havíamos tirado. Flávia não me deixou ver como ficaram, disse que seriam surpresa para quando voltássemos no restaurante. Confesso que fiquei empolgada com a possibilidade de poder voltar com Ninha em um lugar que eu gostava tanto, mas simplesmente não podia conter a minha ansiedade. Mesmo assim, pedi para que a garçonete não contasse para a minha amiga que tinha me mandado a foto. 

Então, depois de levar Ana Clara em casa_e ganhar uma promessa de que sairíamos de novo_ passei em uma lojinha para revelar as fotos. Comprei um porta-retrato prata e levei para o meu escritório. E cá estou eu, tentando entender como essa mulher é capaz de me envolver e me fazer sentir tão leve com tão pouco.

A foto só evidencia como ando me sentindo nos últimos tempos. Nela, Ninha está de olhos fechados, com aquele sorriso de dentes pequenos, enquanto eu olho para ela, sorrindo porque é simplesmente impossível de evitar que isso aconteça quando estou junto daquela morena. Ficou tão espontânea e leve, assim como anda sendo a minha relação com Ana Clara.

_ Oi, Vi.

_ Oi, Sabra.

Coloquei a foto de volta no lugar, enquanto minha irmã fechava a porta. É claro que a primeira coisa que ela reparou foi naquele objeto até então desconhecido.

_ Hum, quer dizer que tu e Ana tão namorando mesmo? Quem diria...

 Ela disse, enquanto analisava a foto. Bufei e fingi mexer em alguma coisa no computador. Mas claro que minha irmã não ia desistir tão fácil.

_ Ah, qual é, Vi? Vai me dizer que não tá apaixonada pela morena? Já viu como tu tá com cara de besta olhando pra ela?_ ela riu, apontando para mim na foto, e eu tratei de arrancar aquele porta-retrato das mãos dela, antes que ela dissesse mais alguma bobagem. Ou deixasse ele cair.

_ Num tem nada disso não, Sabra. A gente é só amiga. Não vou negar que acho ela bonita, mas ela tem namorado, e é aí que a história acaba._ apesar de saber que era essa a verdade, senti meu coração afundar dizendo isso em voz alta.

_ Bom, ela pode até ter namorado, mas tá na cara que também gosta de tu. _ uma onda de alegria passou por mim. Será que isso era verdade? Mas esse sentimento logo se dissipou. Afinal de contas, eu não podia estar  apaixonada  por Ana. Me sentia atraída por ela, é claro, mas não podia ser nada além disso. Simplesmente não podia.

_ Acho melhor a gente parar de falar de Ana. Eu te chamei porque hoje eu encontrei a Camila enquanto tava almoçando e precisava conversar com alguém.

_ Aconteceu alguma coisa com a Mariana?_ Sabra deve ter visto no meu rosto a minha preocupação, porque tratou de consertar a postura e tirar o sorriso da cara.

_ Não, com a Mari não. Mas a Camila me disse que até agora não encontraram ninguém, então provavelmente o caso vai para a próxima fase._ minha irmã piscou algumas vezes diante daquela informação. Ela sabia exatamente o que aquilo significava. Sabra segurou as minhas mãos antes de falar.

ContrastesWhere stories live. Discover now