19 Capítulo

490 55 11
                                    

**flashback on**

Pai- Você parece cansado. Está dormindo bem?

Jihoon- Não, eu acho.

Pai- Eu também não conseguia dormir direito.

Dei uma leve sacudida na cabeça pra tentar realinhar os pensamentos, que sempre voltavam ao mesmo lugar.

Hoje era um dos poucos dias de folga que eu tive após o debut, e escolhi visitar meus pais. Precisava de um dia longe de tudo pra ver as coisas de outro ângulo, é como dizem:
Não tem como ver a luta, de dentro do ring.

Jihoon- Como?

Fingi não estar entendendo, porque é claro que ele sabia. Ele sempre sabe.

Pai- Quando encontrei sua mãe, me senti assim.

Coloquei as mãos envolta do rosto enquanto meus cotovelos faziam pressão nos meus joelhos. Estava frustrado com toda essa situação de merda.

Jihoon- Se sentiu como?

Estava suplicando, talvez por no fundo esperar que ele me dissesse algo que não se encaixasse no meu caso. Se tudo aquilo fosse um engano, talvez um dia de folga resolvesse o problema, sair com algumas meninas, beijar uma delas. Era errado, eu sei, mas se alguma dessas coisas... ah...

Pai- Lembro quando a vi, pela primeira vez.

Ele pensou e em seus olhos vieram lágrimas. Eu jamais tinha visto aquele homem chorar, nunca. Ele se conteve e se esforçou para continuar.

Pai- Ela estava tão suja e cansada, ainda com as roupas do trabalho, mas seu rosto... Ele brilhava. Quando ela me olhou eu não senti nada, mas eu a conheci. Tive vontade de conhecer e fiz. Ela era luminosa por dentro e mesmo daquele jeito, era linda.

Mais pausas.

Pai- Quando me dei conta de estar apaixonado, eu me sentia confuso. Só pensava em fugir. Ela me deixou por um tempo, se afastou de mim, como o diabo foge da cruz. E foi aí que eu vi que não podia deixa-la ir.

Ele parecia mais feliz na última frase.

Pai- Quando tive a oportunidade, tive não. Eu fiz a oportunidade.

Dei uma risadinha contida, desde antes dos meus tempos de trainee ele me dizia aquilo. Me dava coragem sempre que era preciso.

Pai- Eu não sabia o que fazer, ela me deixava muito nervoso. Eu sempre falava as coisas como se ela tivesse que fazer.

Desta vez rimos juntos e depois o silêncio fez com que eu percebesse que era isso. Eu não poderia mudar nada, mesmo que tentasse. Era o destino não visto, que nos ligava.

Quando eu era criança, minha mãe costumava contar, como, todos nós, tínhamos almas gêmeas perdidas no mundo. Um fio invisível nos ligava e ele nunca poderia se romper, mesmo que uma das almas resistisse, mesmo que a outra não aceitasse. No final, havia um pote de felicidade guardado com nossa alma complementar.

Voltei a pensar em como não conseguia dormir, sem me certificar de que ele estivesse fazendo primeiro e só aquela imagem em minha mente me fez bocejar.

Pai- Não vai me dizer o nome da garota que anda te tirando o sono filho?

Pais nem sempre sabem de tudo.

**Flashback off **

Panwink - Wanna OneOnde histórias criam vida. Descubra agora