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Washington DC.

O sol mal havia saído detrás do horizonte, quando uma figura alta e morena, corria ao redor do Nacional Mall, o parque em torno do Capitólio, o congresso nacional dos Estados Unidos. A pulsação de Wilson estava acelerada, já lhe faltava ar dos pulmões, mas ele não se importava. Sua corrida solitária era, em certos aspectos acolhedora.

A cada passo, cada vez que os pés tocavam o chão, ele sentia-se revigorado para continuar.

A camisa já encharcada, alertava que já corria há muito tempo. Assim que o sol já se mostrava evidente, as pessoas começaram a tomar conta do Nacional Mall, o que fez com que ele parasse a corrida.

Ofegante, Sam seguiu até uma árvore e se sentou às raízes, recuperando o fôlego.

Sam avistou, uma figura alta, forte, trajando uma calça jeans e agasalho, caminhando em sua direção. Riley!

-Sabia que te encontraria aqui! -Riley disse, esticando a mão. Sam apertou-a e se reergueu.

-É um bom lugar pra corrida. -Sam murmurou, já erguido.

Riley parecia bem descontraído, ele e Sam eram amigos desde quando se alistaram no exército.

-O que está fazendo aqui? -Sam pergunta, começando a caminhar. Riley o seguiu. -Não me diga que foi só pra me ver. Eu vou chorar, hein! -Sam disse, fazendo Riley rir.

-Na verdade, foi também. Como está sendo suas férias? -O amigo perguntou, ao lado de Sam.

Os dois saiam dos domínios do Nacional Mall e Sam seguia, ainda caminhando. Riley continuava a acompanhá-lo.

-Estão boas. -Sam dá de ombros. -Nenhum superior. Nem ordens. Tampouco ação... -Sam para  e pensa. -Tá chato, pra falar a verdade.

Os dois riram.

-Sam! Sam! -Riley murmurou.

Os dois atravessaram a rua e Sam estava seguindo pro seu apartamento, apenas algumas quadras dali.

-E quanto a Margie? -Sam pergunta. O assunto não poderia ficar de fora da conversa.

-Está bem. Em casa. -Riley confessa. -Ela ficou feliz com a minha chegada.

Riley parecia ter mudado completamente. Falar da sua namorada (quem sabe noiva, à esse ponto), o fazia transbordar serenidade, tranquilidade e, ao mesmo tempo, êxtase!

-Deve ter ficado. Depois de meses. -Sam comenta. -Por quê não está com ela?

-Ah, é que eu precisava te ver antes. -Riley confessa, fazendo Sam parar imediatamente.

Confuso, Sam se vira para Riley, que, notando a confusão se apressa:

-Estou pensando em pedi-la em casamento. -Riley fala, nervoso, mas isso não explica nada e Sam ainda permanece com o mesmo olhar confuso.

-Cara, eu não sou o pai dela. Você quer uma benção? -Sam diz, da mesma maneira com que fala tudo: sarcasticamente. -É, sério! Não sei porquê veio até mim. -E continua a caminhar.

Riley continua a segui-lo.

-Eu sei, Sam. Só que você é meu melhor amigo. A pessoa mais próxima a quem eu posso chamar de família. -Riley explica, fazendo com que Sam pare e o encare. -Eu queria que estivesse lá. É um momento muito importante pra mim e eu gostaria que estivesse ao meu lado.

Sam começa a medi-lo, calcular e processar tudo o que Riley falava. Havia um tom companheiro e, até mesmo, suplicante, nas suas palavras. Riley tinha uma família, Sam sabia, todavia também sabia que a família não falava mais com Riley depois que este decidiu deixa-los para seguir seu sonho no exército norte americano. Então, desde então, só era Riley!

Era de se esperar que o rapaz tivesse consideração por ele. Os dois entraram juntos, tornaram-se companheiros em campo e, consequentemente, grandes amigos. Mais que amigos até! Viraram irmãos! Sam sabia que era importante, para Riley, que estivesse presente nesse momento importante. Ele sabia, sim.

Depois de analisar tudo, sorriu, companheiro pro amigo, dando tampinha nos ombros.

-É claro que estarei lá. -Sam murmura.

Riley instantaneamente abre um sorriso, puxando o amigo pra um abraço.

-Valeu, cara! -Riley murmura.

-Não é nada. -Sam diz, se afastando. -Aliás, se não eu, quem vai cuidar de você quando estiver desmaiando de nervosismo!?

Riley ri, de maneira nervosa.

-Nem me fale! -Riley confessa. -Eu tenho que ir pegar a aliança no joalheiro. Eu mando um mensagem do local. -Riley caminha, em sentido contrário, já se afastando. -E não se preocupe, eu convidei uma amiga da Margie, também.

Sam ri, mas balança a cabeça negativamente.

-Isso é um encontro duplo ou um jantar de noivado? -Pergunta, sarcástico.

-Não perca a oportunidade, Wilson! -Riley responde e se vai.

Sam ainda olhava o local por onde Riley sumira e respirou fundos antes de se virar e seguir de volta na direção do seu apartamento.

Era um local pacato, um pouco afastado. Vários prédios altos completavam o quarteirão. Sam seguiu até um deles, passou pela portaria e seguiu pelas escadas, até seu andar.

Girou a maçaneta, entrou e fechou a porta atrás de si. Averiguou o local, algo comum pra ele, principalmente depois de ele passar pelo que passou. Então, entrou no banheiro, deixando-se demorar embaixo do chuveiro.

Falcão - ShadowlandOnde histórias criam vida. Descubra agora