Falcão - Shadowland

7

Quando Sam chegou ao seu apartamento, a primeira coisa que fez foi ligar o abajur e se sentar à mesa, encarando o diário. Respirou fundo antes de começar a leitura.

Wade faz pequenos relatos da sua vida, coisa que não era importante, mas, mais ou menos na metade, começa a fazer pequenos relatos subjetivos do que Sam acredita ser a Sombra. E, mais ao final, aquilo assustava Sam:

"[...] eles nos chamaram, eu e meus amigos. Foi a coisa mais incrível que nos aconteceu naquela época! Eu consegui uma boa grana com isso, e eles nos prometem mais. Nos prometeram mais que dinheiro ou bens materiais. Parecia uma boa oportunidade, mas quando cheguei próximo, eu vi a verdade, e também vi que não havia como voltar! Não tinha como sair! Uma escolha foi dada 'ou você ou quem você ama'. Se está lendo isso, mamãe, saiba que eu te amo. Eu sinto por partir, e me arrependo das minhas escolhas. Não vá atrás de vingança, isso só acabaria com você! Aceite apenas que não estou mais. Irei tranquilo. -Wade".

Eles mataram Wade também. E, pelo que percebeu. Não iriam parar.

*

Sam basicamente joga a pasta, com tudo o que havia conseguido coletar em cima da mesa do Major Elliot, que fica surpreso.

-O que é isso? -Major Elliot retruca.

-Senhor, creio que posso saber o que está acontecendo por trás dos ataques terroristas. -Sam fala, sem pestanejar.

Elliot fica surpreso.

-E o que é? -Elliot pega a pasta, a abrindo e avaliando as informações.

-Um grupo secreto. Sombra, é o nome. Eu peço permissão para ir para o Marrocos. -Sam fala, ainda em posição militar. -Gostaria de ir pessoalmente nessa missão. Senhor.

Elliot ainda avaliava as coisas.

-Onde conseguiu tanta coisa?

-Eu tenho informantes. -Sam explica. -Então, senhor?

-Bom, -Elliot avalia. -Eu vou ligar pro gabinete e autorizar a missão.

-De preferência, gostaria de embarcar amanhã. -Sam completa.

*

-Pra onde você pensa que vai? -Riley aproxima-se dele, enquanto ele se veste, com o traje. -Está indo para uma missão?

-É. -Sam responde, sério. -Checando o traje. Não quero que vá, aliás. É perigoso e arriscado demais!

-Eu não preciso da sua autorização, Wilson. -Riley fala e sorri por fim. -Você estará perdido sem mim. Não negue! E, aliás, minha noiva pelo menos sabe o que eu faço.

Sam percebe o valor das palavras. Era hora de acabar com todo aquele segredo. Acabar e vez.

*

Assim que a campainha toca, Sam corre para abrir a porta e encontra uma Rebeca completamente arrumada, sorrindo-lhe abertamente.

-Você está incrível! -Ele fala.

-Obrigada. -Ela sorri e entra.

Sam fecha a porta e em seguida se vira para ela, que espera, ansiosa.

-Quer se sentar? -Ele pergunta, nervoso. Não ficava nervoso, mas, diante daquela situação, era de se esperar que estivesse.

Enquanto Rebeca se sentava, nada fazia com que Sam deixasse de se corroer. Sua única e universal certeza era: preciso afastá-la. Se o que Wade havia escrito era verdade, não queria que mais ninguém corresse perigo, além dele mesmo.

Rebeca ainda o encarava, confusa, mas logo sorriu:

-O que foi?

Sam precisou respirar fundo, antes de tomar coragem para falar. Limpou a garganta e soltou o ar com força.

-Não dá mais. -Ele começa. -Isso. Eu você. Não dá mais. Não pra mim.

-Por quê? -Rebeca parece mais confusa, sua sobrancelha franze e o sorriso de antes se desfaz por completo. -O que houve? Como assim você quer terminar? Eu fiz algo?

-Não. -Sam se apressa.

-Não venha com aquela conversa de "não é você, sou eu". Eu não acredito, Sam! -Rebeca fala, se levantando, extremamente zangada.

Sam a observava, enquanto a garota, não mais sua, andava de um lado para o outro.

-Sinto muito. Mas é isso. -Ele fala, querendo não lhe causar mais sofrimento. Era a coisa certa a fazer. Deixá-la fora de tudo, antes que fosse tarde demais.

Rebeca o encara com os olhos mais inexpressivos de todos.

-Bem, -Ela começa, calma, e mantém o tom até o final. -É isso então.

-Rebeca, eu...

-Não. Você tem razão. -Ela diz e se permite um meio sorriso. -Adeus, Sam.

E passa apressada na direção da porta, sem olhar pra trás. Sam leva as mãos a cabeça e encara ao seu redor.

Não há como voltar!

*

O avião já os esperava ao alvorecer. Sam e Riley caminharam, a passos pesados para dentro do Hangar, subindo a bordo.

O avião decolou em seguida, indo direto para Marrocos.

-Está pronto? -Riley perguntou, enquanto o avião sobrevoava a cidade.

Sam coloca os óculos e lhe lança um meio sorriso.

-Nasci pronto!

Sam aperta o botão para a porta traseira se abrir e então mergulha de cabeça caindo livremente pela cidade, e abrindo as asas para plainar.

-Sabe para onde está indo? -Riley pergunta pelo intercomunicador.

-Sim. -Sam responde. -Moleza.

E manda mensagem para o visor de Riley.

-Onde conseguiu isso? -Riley indaga.

-Um diário aí. -E mergulha para mais perto da cidade, aterrissando em um terraço. Guarda as asas e encara mais a frente.

-É ali? -Riley pergunta, chegando ao seu lado.

-É. -Sam fala, encarando o prédio, alguns guardas patrulhavam e, graças ao visor do óculos era possível ver. -Será que devemos bater?

*

Os dois derrubam a porta com um chute, assustando dois homens que estavam ali.

-E aí? -Sam fala, sorrindo.

Os homens começam a atirar contra eles, que desviam, e os desarmam para começar a luta corporal.

Sam dá um gancho de direita, mas o homem desvia e lhe acerta pela esquerda.

Sam, cai um pouco, mas logo se recompõe, ao passo de que Riley, bem mais habilidoso, já derrubara o seu e deu uma rasteira no homem que lutava com Sam, o acertando e deixando-o inconsciente.

-"E aí"? -Riley retruca.

Sam dá de ombros e os dois seguem os lances de escada, encontrando mais homens armados os esperando.

Se esconderam atrás de uma pilastra, cada um.

-Eu vou pela direita. -Riley grita.

Sam assente e os dois seguem em direções opostas. Abrem as asas, apenas o suficiente para se erguerem e acertarem seus oponentes de cima, e voltam ao chão juntos, ainda encarando o feito. Oito ao total.

-Melhor continuarmos a...

E assim que falavam, foram atingido na cabeça, caindo ao chão inconscientes.

Todavia, antes de fechar os olhos, Sam ainda pode ver o belo par de saltos altos vermelhos caminhando em sua direção.